Vendas com liquidez, com preços e condições atrativos para sustentar fluxo de caixa e também renovar os plantéis. Assim é projetada a comercialização de reprodutores de diferentes espécies e raças neste 2024 ainda mais imprevisível para o agronegócio gaúcho.
Os preços atuais estão pelo menos 30% abaixo do ideal, avalia Clarissa Lopes Peixoto, presidente da Conexão Delta G, que reúne 17 propriedades rurais pelo País que atuam com foco na avaliação de ganho genético dos animais como parâmetro de eficiência. Por outro lado, a pecuarista do Grupo Pitangueira, de Itaqui, e vice-presidente da Associação Brasileira de Hereford e Braford comemora as vendas concretizadas em eventos já realizados, com 100% da oferta comercializada no outono e projeta a confirmação da performance positiva também nos remates de primavera.
"Não estamos vivendo o melhor momento da pecuária. Mas isso é cíclico. E já vemos um cenário de preços em ascensão, por conta da menor oferta e da ampliação dos mercados de carne, para os Estados Unidos. Penso que o criador será mais cauteloso, segurando um pouco sua produção, mas efetuando os negócios necessários para fazer esse mercado girar. Com cotações não tão positivas para o vendedor, mas importantes para que consiga ultrapassar a fase mais ajustada. E mais atrativas ao comprador, que também enfrentou dificuldades e poderá renovar seu rebanho", avalia Clarissa.
Ela lembra que o valor médio dos touros Braford comercializados por sua propriedade há dois anos foi de R$ 23 mil, enquanto as vendas realizadas em evento deste ano ficaram em R$ 17 mil. "Mas estamos vendendo. E vamos continuar vendendo. A Conexão Delta G lançará seu Sumário de Touros durante a Expointer, mas não teremos esses animais no parque de Esteio. São 208 machos Braford e 123 Hereford, selecionados entre 650 mil animais. O interessado na compra de material genético desses reprodutores pode conferir todas as suas características e potencialidades pelo sumário. E direcionar a escolha conforme o perfil de sua propriedade. A feira nos agrega oportunidade de encontrar produtores e estimular o interesse em animais melhoradores de genética."
O calendário de remates do Sindicato dos Leiloeiros Rurais e Empresas de Leilões do Rio Grande do Sul (Sindiler-RS) prevê dezenas de atividades nos próximos meses, para bovinos, ovinos e equinos. Somente no parque Assis Brasil, durante a Expointer, 23 pregões serão realizados. Mas também uma modalidade diferente vem ganhando espaço entre criadores. As vendas com preços determinados, sem lance. Realizados de forma virtual ou presencial, os eventos têm despertado grande interesse e alavancado negócios importantes nas propriedades.
Nesse formato, a Pitangueira vendeu em duas horas 53 touros Braford, no primeiro semestre. Mas também planeja ofertar outros 60 animais no dia 28 de setembro, em Maçambará, em remate presencial. Mas uma série de pregões deverão ocorrer também em diferentes locais do Estado, até o final do ano, promovidos pelas associações de raça ou mesmo pelas propriedades produtoras.
Já a Fazenda Itapevi, de Cacequi, promoverá, na mesma data, seu já tradicional Dia de Campo para venda de touros Brangus e Braford, além de ventres registrados. Na mesma modalidade, de venda direta, com preço fixado. O formato de negócio, sem intermediação, já foi incorporado pela empresa centenária, sempre com resultados positivos, pois permite ofertar os produtos a preços melhores ao comprador, diz o zootecnista Otavio Paiva, administrador da propriedade de 4 mil hectares da família na Região Central.
Presidente do Sindiler-RS, Fabio Crespo ressalta que a temporada de remates, em andamento, tem mesmo mostrado touros com boa liquidez e produtores conseguindo colocar seus produtos no mercado. "Estamos saindo dessa tragédia climática que aconteceu, mas a roda da economia está girando. As coisas estão acontecendo. E vão acontecer. Pela necessidade da reposição de reprodutores e matrizes no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Paraná, principalmente. Tenho convicção de que essa será uma Expointer de grandes eventos comerciais, com venda forte de reprodutores. E que o entorno da feira irá operar para que o evento seja um sucesso", projeta, otimista.
Segundo o leiloeiro, após um primeiro semestre atípico, os remates da Expointer devem dar uma sinalização para o restante das vendas. "O simples fato de a nossa agenda de primavera estar mantida é muito positivo, pois mostra a resiliência do pecuarista gaúcho."
Entre eles estará o Leilão Noite dos Campeões, promovido na segunda-feira (26) pela Associação Brasileira de Brangus e pelo Núcleo Brangus Sul. Serão ofertados 55 embriões, uma fêmea e 50% de prenhez. A genética disponibilizada aos compradores é proveniente de 10 propriedades do Rio Grande do Sul e de São Paulo.
Crespo avalia que os remates já realizados mostram boa valorização de animais superiores. E confia na qualidade genética dos animais que irão a venda na Expointer como diferencial para impulsionar bons negócios até o final do ano.