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Publicada em 12 de Março de 2025 às 08:55

Estatutos deixam brecha, mas mudança de confederação é improvável

Presidenta trabalha nos bastidores para mudar as punições em casos de racismo

Presidenta trabalha nos bastidores para mudar as punições em casos de racismo

Cesar Greco/Palmeiras/JC
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Folhapress
Leila Pereira, presidente do Palmeiras, pretende apresentar aos clubes brasileiros uma proposta para que todos deixem a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) e se filiem à Concacaf (Confederação da América do Norte, Central e Caribe). O movimento seria uma resposta diante da falta de punições mais duras para os casos de racismo frequentemente registrados na América do Sul.
Leila Pereira, presidente do Palmeiras, pretende apresentar aos clubes brasileiros uma proposta para que todos deixem a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) e se filiem à Concacaf (Confederação da América do Norte, Central e Caribe). O movimento seria uma resposta diante da falta de punições mais duras para os casos de racismo frequentemente registrados na América do Sul.
Embora a ideia também possa ser interpretada como uma forma de pressionar a entidade responsável por organizar torneios como a Libertadores e a Copa Sul-Americana, a possibilidade está prevista nos estatutos das confederações, inclusive da Fifa (Federação Internacional de Futebol), e tem jurisprudência. Para um time se filiar a uma confederação continental fora de sua região geográfica o primeiro passo tem que ser dado pela federação nacional de seu país. No caso dos brasileiros, a transição teria que partir da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
Nesse caso, não seriam somente os clubes que deixariam a Conmebol. A seleção brasileira também teria de deixar as Eliminatórias Sul-Americanas e passaria a brigar com as seleções da Concacaf por uma vaga nas Copas do Mundo.
Tudo isso, porém, precisa ser autorizado pela Fifa, conforme prevê o estatuto vigente da entidade. "A Fifa pode, em circunstâncias excepcionais, autorizar uma confederação a conceder filiação a uma associação que pertença geograficamente a outro continente e não seja afiliada à confederação naquele continente. A opinião da confederação geograficamente envolvida deve ser obtida."
Existem uma série de critérios a serem levados em conta, sobretudo a motivação para o pedido. Há exemplos de propostas aceitas, como da Austrália e de Israel, cada uma delas por razões distintas.
Os israelenses disputam as Eliminatórias Europeias e seus clubes disputam as competições da Uefa (União das Associações Europeias de Futebol) por causa dos conflitos no Oriente Médio.
No caso dos australianos, a federação do país pediu a mudança da OFC (Confederação de Futebol da Oceania) para a AFC (Confederação Asiática de Futebol) em busca de mais competitividade para a equipe. Alternativamente, os clubes brasileiros poderiam deixar de disputar as competições da Conmebol e buscar convites para disputarem torneios organizados pela Concacaf, como a Copa dos Campeões.
Foi dessa maneira, por exemplo, que os clubes mexicanos disputaram a Libertadores de 1998 a 2016. Mesmo por meio de convites, no entanto, os clubes ainda precisariam da autorização da Fifa, que já rejeitou pedidos semelhantes.
Com ou sem a desfiliação, Leila Pereira tem trabalhado nos bastidores para mudar as punições para os casos de racismo. Sua motivação começou após o atacante Luighi, da equipe sub-20 do Palmeiras, ser alvo de injúria racial durante partida contra o Cerro Porteño, no Paraguai, pela Libertadores da categoria. Durante o confronto, torcedores do time rival fizeram gestos imitando macaco na direção do brasileiro. Um deles, próximo à grade que dividia o campo da arquibancada, segurava uma criança no colo. A partida, válida pelas quartas de final, não foi paralisada no momento do ocorrido.
O episódio uniu clubes brasileiros, inclusive rivais históricos do Palmeiras, como Corinthians e São Paulo, para pressionar a Conmebol por punições mais duras à equipe paraguaia, multada em US$ 50 mil (R$ 289 mil). "Se você atrasa [para ir ao campo] são 100 mil dólares. São 78 mil se acender sinalizador. Vejam como a Conmebol encara o crime de racismo. É um absurdo", criticou Leila Pereira, presidente do Palmeiras.
Foi diante dessa situação que Leila sugeriu deixar a Conmebol. "Já que a Conmebol não consegue coibir esse tipo de crime [racismo], não consegue tratar os brasileiros com o tamanho que os clubes representam à Conmebol, por que não pensar em nos filiarmos à Concacaf? Só assim vão respeitar o futebol brasileiro. É uma coisa a se pensar", afirmou.

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