Diferentes pesquisas mostraram nos últimos anos um rejuvenescimento do público da Fórmula 1. Jovens da geração Z têm se interessado de maneira crescente pela principal categoria do automobilismo, algo visto em ferramentas como o TikTok, rede social de compartilhamento de vídeos curtos, popular entre os nascidos no final dos anos 1990.
Um levantamento feito pela própria F1 em 2021 mostrou que o público das corridas está se tornando mais jovem, com 63% dos fãs abaixo dos 34 anos. A participação feminina também cresceu significativamente, passando de 10% em 2017 para 18,3% em 2021. Foram entrevistadas 167.302 pessoas em 187 países.
Os fãs utilizam as redes para acompanhar destaques das corridas, interagir com os pilotos e acessar clipes de bastidores. Esse engajamento digital, combinado com o sucesso de produções como "F1: Dirigir Para Viver", da Netflix, atraiu um público recorde de 6,5 milhões de pessoas para eventos em 2024. Além disso, projetos como a série "Senna", também da Netflix, e filmes temáticos de Hollywood continuam a expandir o alcance da categoria e a conectá-la ainda mais às gerações mais jovens.
A popularidade está atraindo novos patrocinadores, como Kit Kat, Lego e Hot Wheels, da Mattel. Para Renê Salviano, CEO da Heatmap e especialista em marketing esportivo, a ascensão de Gabriel Bortoleto, de 20 anos, também tem sido um catalisador desse interesse juvenil no Brasil. Após conquistar o título do Mundial de F2, ele será o primeiro brasileiro titular na F1 desde 2017, quando Felipe Massa deixou a categoria.
Como um representante da nova geração no grid, ele reacende a esperança de uma nova era de sucesso para o País no esporte. Dados do Google Trends mostram que o nome do piloto nunca foi tão buscado quanto em 2024.
Com quase 1 milhão de seguidores no Instagram, Bortoleto utiliza as redes para estreitar laços com seus fãs. Ele compartilha momentos de preparação para as corridas e celebrações de suas vitórias. Para Salviano, o sucesso da F1 na geração Z se deve à estratégia de explorar os bastidores e criar experiências imersivas nas redes sociais. "Isso cria uma conexão emocional com o público. O TikTok é um grande impulsionador dessa interação."
Com quase 10 milhões de seguidores no TikTok, o perfil da F1 aposta em vídeos curtos e "trends". Essa abordagem tem atraído jovens como o estudante de economia Murilo Bellini, 23, que utiliza a plataforma para criar conteúdos variados, como explicações sobre o esporte e memes relacionados às corridas.
"Graças às mídias e aos criadores de conteúdo, como eu e tantos outros, o público está redescobrindo algo de que o brasileiro sempre gostou, mas com que perdeu contato ao longo do tempo", disse Murilo, que não se importa em perder noites de sono para acompanhar as corridas.
A designer de moda Anny Wohl, 23, começou a assistir ao esporte na infância, influenciada pelo pai, mas perdeu o interesse com a ausência de pilotos brasileiros na categoria. Durante a pandemia, motivada por uma amiga, redescobriu sua paixão pelo esporte.
"Nos domingos de manhã, nem converse comigo ou me chame para nada, porque é o meu horário de assistir à F1", brincou Anny. Em seus vídeos no TikTok, ela utiliza tendências como o POV (abreviação em inglês para "ponto de vista") para representar situações que só fãs da categoria entenderiam.