Fundado há apenas três anos, em outubro de 2021, o Monsoon, de Porto Alegre, se prepara para disputar seu primeiro Campeonato Gaúcho. Com raízes no bairro Lami, na Zona Sul da Capital, mas dinheiro dos Emirados Árabes Unidos, o clube traça um projeto ambicioso para as próximas décadas: consolidar-se como uma alternativa à hegemonia histórica da dupla Gre-Nal na cidade. O objetivo inicial, no entanto, é garantir a permanência na elite estadual.
A estreia marca a entrada do primeiro clube no Gauchão desde o União Frederiquense, em 2015. Porém, a diferença entre as equipes é evidente: enquanto o União opera no formato tradicional com quadro associativo, o time porto-alegrense é um clube-empresa. A equipe pertence ao grupo Monsoon VP International, de Dubai, e tem como principal investidor e CEO o indiano Sumant Sharma.
Os investimentos impulsionaram o rápido sucesso do Monsoon, que iniciou sua trajetória vitoriosa com o título da Terceirona já em 2022. No ano seguinte, apesar de cair na semifinal da Divisão de Acesso, o clube manteve o foco e, em 2024, conquistou a Série A2 ao superar o Pelotas nos pênaltis, após dois empates sem gols. O desempenho coroou o esforço de uma equipe que, apesar da trajetória curta, tem mostrado consistência em suas metas esportivas.
Sem casa própria, o Trovão da Zona Sul escolheu o Estádio do Vale, em Novo Hamburgo, como sede para o Gauchão. Durante a fase classificatória, terá quatro jogos como mandante, enfrentando o desafio de se adaptar a um calendário mais competitivo. No Grupo C, o Monsoon compete (mas não enfrenta) com Juventude, Brasil de Pelotas e São Luiz. A meta de permanecer na primeira divisão e, a partir disso, buscar vaga no quadrangular final que garante acesso à Copa do Brasil já está traçada.
Para isso, a equipe não economizou na experiência ao montar o elenco para a competição. Entre os reforços, estão o atacante Leandro, ex-Grêmio, e o zagueiro Sidnei, ex-Inter, ambos com passagens também pelo futebol internacional. Segundo o treinador Bruno Coutinho, a prioridade foi equilibrar o grupo com atletas que já conhecem a competição e estaduais de primeira divisão. "Mantivemos dez atletas da temporada passada e trouxemos outros para elevar o nível técnico diante deste desafio maior", explica.
O clube realizou amistosos para avaliar o elenco e ajustar o preparo físico. Ainda assim, Coutinho admite que a equipe precisará se adaptar ao alto nível do torneio. "Nossa abordagem será flexível. Precisamos identificar os pontos fracos dos adversários e construir a famosa gordura que define o restante da competição", detalha.
Embora conte com o apoio de um fundo árabe, Coutinho refuta a ideia de que o Monsoon disponha de grande estrutura ou recursos. "Nossa condição é semelhante, ou até inferior, a de clubes tradicionais do Interior. Ainda enfrentamos limitações como qualquer outro", destaca. Para ele, o desafio está em equilibrar a pressão por resultados com as expectativas em torno de um clube-empresa, que busca operar com mais racionalidade do que paixão. A reportagem tentou contato com a diretoria do clube, mas não obteve retorno.