O formato do Campeonato Gaúcho, mais uma vez, mudou. Chegando em uma temporada atípica em função do Super Mundial de Clubes, o número de datas da competição sofreu um corte. O novo modelo trabalha com três grupos de quatro equipes, que duelam apenas contra times de fora do seu grupo. A primeira fase, portanto, conta agora somente com oito confrontos. Como é de praxe, o Jornal do Comércio ouviu os 12 times competidores afim de entender melhor as suas perspectivas, dificuldades e expectativas para essa edição inédita.
Vindo de um centenário aquém do esperado no Campeonato Gaúcho, o Ypiranga se prepara para a edição de 2025 com as contas mais apertadas, mas confiante na remodelação do elenco para chegar à semifinal, meta já estabelecida pelo clube. Com a pré-temporada em curso desde o dia 16 de dezembro, o Canarinho terá pouco mais de um mês de atividades em Erechim antes da largada do Estadual, prevista para 22 de janeiro, no duelo com o Juventude, em Caxias do Sul.
A análise é de que o grupo está fechado, restando apenas a possibilidade de um negócio de ocasião na largada do ano. É com essa realidade que o técnico Matheus Costa trabalha, diante de um orçamento reduzido, mas com o otimismo de uma largada de ano entre as principais equipes da competição.
O presidente do clube, Adilson Stankiewicz, destaca que o grupo formado para 2025 é mais coeso e equilibrado em relação à última temporada. O mau desempenho no Gauchão — o time canário ficou em 9º lugar na fase classificatória e não disputou o mata-mata — foi um ponto fora da curva no centenário, que ficou marcado por boas campanhas e batidas na trave, com o vice-campeonato da Copa FGF e a perda do acesso à Série B no último jogo, contra a Ferroviária.
Agora, o mandatário se mostra encantado pelo elenco à disposição, com um custo reduzido em relação à folha salarial de R$ 600 mil deste ano, e características mais físicas e combativas, segundo ele, condizentes ao nível de exigência do Gauchão. "Acredito que a equipe é mais forte esse ano que em relação ao ano passado. Os onze que vão iniciar, pelo menos, tem mais qualidade técnica e física do que o que a gente teve em 2024", afirma. Neste ano, a direção optou por contratar dois jogadores de mesmo nível para cada posição, mas avalia que os jogadores que ficaram no banco geraram desconforto interno, a partir de um descompromisso com o grupo.
Depois de atingir a casa dos R$ 12 milhões de orçamento neste ano, o Ypiranga mostra que a redução de gastos se dá por uma sequência de fatores. O principal deles é a ausência na Copa do Brasil. A competição de mata-mata premia os clubes a cada fase e é uma fonte de renda expressiva para equipes do interior. Por conta dos insucessos de 2024 — título da Copa FGF ou melhor desempenho no Estadual teriam garantido a vaga —, a direção não poderá trabalhar com este montante.
O orçamento de 2025, apresentado por Stankiewicz e aprovado pelo Conselho Deliberativo no último dia 20, gira em torno de R$ 9 milhões. Com o foco no acesso à segunda divisão nacional norteando o planejamento de longo prazo, segue em dia a confiança de que os custos do primeiro semestre serão suficientes para chegar entre os quatro primeiros do Gauchão.
Questionado sobre o novo formato da competição, o mandatário explica que a Federação Gaúcha de Futebol fez o melhor possível frente à adversidade imposta pelo Super Mundial de Clubes. Com 12 ao invés de 16 datas, Stankiewicz se demonstra receptivo à nova realidade do futebol no Estado. "A fórmula já conhecemos, é o campeonato igual ao mineiro e praticamente igual ao paulista. É interessante", explica.
Na montagem de elenco, entre as renovações e chegadas a Erechim, o Canarinho aposta em Jean Pyerre como principal nome do time. O meio-campista ex-Grêmio é, além de uma esperança de comando do setor, uma figura midiática, que pode render retornos publicitários, conforme destaca o presidente. Ainda resolvendo questões contratuais com o Ituano, que o emprestou para os gaúchos neste segundo semestre, o atleta de 26 anos deve ser anunciado como reforço do clube em breve.