O que há de errado com o Sport Club Internacional? Porque o clube acumula fracassos dentro de campo? O que houve com o “campeão de tudo” que, em pouco mais de uma década, tornou-se o “eliminado de tudo”?
O empate em 1 a 1 com o Rosário Central e a consequente eliminação na repescagem da Copa Sul-Americana na noite desta terça-feira (23), no Beira-Rio, se somou a outras nove eliminações em competições de mata-mata jogando em Porto Alegre desde 2019. Isso mesmo: são 10 fracassos em frente à própria torcida em um período de cinco anos.
São eliminações para Flamengo, Athletico-PR, Vitória, Olimpia (PAR), Melgar (PER), Caxias, América-MG, Fluminense, Juventude e Rosário Central.
O cenário de falta de perspectivas gera piadas, inclusive. Uma delas diz que a conhecida faixa “Bem-vindos ao inferno” que se vê em todos os jogos no Beira-Rio é direcionada à própria torcida colorada. Flautas à parte, o fato é que o torcedor do Inter está cansado. Cansado de acreditar, cansado de nutrir esperanças, cansado de defender o seu amado clube, cansado de investir seu suado dinheiro, cansado de sonhar com dias melhores.
É inegável que é difícil defender a gestão do presidente Alessandro Barcellos. São três anos e meio sem conquista alguma. O Colorado sob a batuta de Barcellos sequer chegou na final do Gauchão nas últimas três disputas.
A impressão que se tem é que o Inter está completamente perdido. O clube entrou em um espiral derrotista que fez com que os dirigentes se atrapalhassem ao ponto de perderem o contato com o DNA vencedor que faz parte da instituição.
Barcellos iniciou a gestão apostando no novo. Demitiu o veterano Abel Braga vice-campeão brasileiro e trouxe o moderno Miguel Ángel Ramirez. Depois, manteve a ideia de algo novo, trazendo “Cacique” Medina, que foi substituído pelo “velho” Mano Menezes, que deu lugar à convicção Coudet, que foi demitido para a chegada do estudioso Roger Machado. Roger que trouxe com ele o conhecido Paulo Paixão e que por muito pouco não teve ao seu lado aquele ultrapassado Abel Braga, que não retornou ao Beira-Rio porque negou o convite da direção que o demitira para apostar na modernidade.
Difícil de entender, não é?
Para este ano, Barcellos tentou uma outra cartada: abrir os cofres, contratar jogadores caros e conhecidos e tentar montar uma espécie de “super time”, como se um elenco recheado de jogadores com altos salários e de nome fosse dar conta de resolver problemas estruturais e institucionais que se arrastam por anos.
Obviamente, não deu certo.
A saída para o Colorado é vencer. O problema é que não se vence por acaso, não se vence na sorte, não se vence com a camisa. Estádio cheio e torcida apaixonada não ganham campeonato. Conquistas até podem ocorrer por um estalo, a famosa “liga”, quando um grupo de jogadores desacreditado forma um conjunto com o treinador, a direção e a torcida, e isso tudo junto leva ao triunfo, mesmo sem um grande planejamento anterior.
No caso do Inter, porém, há uma clara desconexão entre as arquibancadas, os gabinetes da diretoria, o vestiário e o campo. O Inter se perdeu de seu DNA vencedor. Ele ainda está lá, soterrado sob tantas eliminações frustrantes, quase esquecido. Mas está lá, e é preciso urgentemente encontrá-lo. Missão para Barcellos, Roger e jogadores. A torcida tem feito a sua parte. O clube é que não tem retribuído.