Este jornalista não se recorda de alguma vez em que as estreias de Grêmio e Inter em competições continentais tenham sido tão pouco badaladas, tão pouco empolgantes, tenham mexido tão pouco com as torcidas. Sendo assim, o decepcionante empate do Inter contra o fraco Belgrano pela Sul-Americana e a esperada derrota gremista diante dos bolivianos do The Strongest não chegaram a surpreender. Em um esporte em que a mobilização fora de campo impulsiona os atletas dentro dele, o desinteresse coletivo com os jogos da noite de terça-feira (2) teve como correspondência atuações apagadas dos dois times.
Um Inter reforçado, com a estreia de Borré no ataque, foi à Argentina como franco favorito para vencer o modesto Belgrano e voltar para Porto Alegre com os três pontos na bagagem. Pois o que se viu em campo foi um time aparentemente ainda abatido pela eliminação nas semifinais do Gauchão.
As dificuldades enfrentadas frente ao Juventude no Estadual foram vistas novamente no estádio Mario Kempes, em Córdoba. O time de Eduardo Coudet ficou preso na marcação dos donos da casa e não encontrou soluções para vencer a defesa adversária. Quando as chances surgiram, foram desperdiçadas – com destaque negativo para o estreante Borré, que falhou em ao menos três chances claras para marcar.
O Inter está jogando pouco, muito pouco. A direção se esforçou para dar à Coudet um grupo forte, com opções diversificadas, mas o treinador tem patinado na busca por um futebol consistente e seguro. Após se dizer iludido com a campanha no Campeonato Gaúcho e que tinha uma Ferrari nas mãos, Coudet não soube conduzir a sua máquina nas últimas voltas do estadual e arrancou na competição continental em marcha lenta.
Do Grêmio, por sua vez, não se podia esperar nada além da derrota na altitude de La Paz. Se, com os titulares, o fracasso já seria provável, visto que os bolivianos têm um alto aproveitamento jogando em casa - venceram o campeão Fluminense no ano passado -, com os reservas era só uma questão de saber de quanto o Tricolor iria perder.
A estreia gremista na Libertadores deixou claro que o grupo que Renato Portaluppi tem nas mãos é muito limitado, ou alguém acha que é possível ganhar tendo, do meio para a frente, Nathan Pescador, Everton Galdino e J.P. Galvão? Muito improvável. A atuação apenas refletiu a escalação do time: pouca qualidade, desentrosamento, e uma equipe que não assustou os donos da casa em nenhum momento.
A decisão por levar um time totalmente reserva para a Bolívia é compreensível. Estando em meio à decisão do Gauchão, desgastar os titulares em um jogo em que a derrota era o resultado mais lógico não seria muito inteligente. Agora, porém, a pressão para o jogo contra o Juventude no sábado aumentou. Se não vencer o Regional, Renato será duramente – e corretamente – questionado.