O ex-presidente do Sport Club Internacional, Vitorio Piffero, e o ex-vice de Finanças do clube, Pedro Affatato, foram condenados a prisão por irregularidades na gestão do clube no período de 2015-2016. A sentença foi definida pela 2ª Vara Estadual de Processo e Julgamento dos Crimes de Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro nessa segunda-feira (4).
Piffero foi condenado a 10 anos e seis meses de prisão em regime inicialmente fechado por estelionato e organização criminosa em caso envolvendo as contas do Inter. O ex-presidente do Colorado ainda tem que pagar 400 salários mínimos. Já Affatato foi condenado pelos mesmos crimes, além de lavagem de dinheiro, e a sentença é de 19 anos e oito meses de prisão, em regime inicialmente semiaberto. O ex-vice de Finanças precisa pagar 700 salários mínimos. Os dois ex-dirigentes do clube gaúcho podem recorrer da decisão em liberdade.
Além dos nomes já citados, outros três envolvidos foram condenados e, conforme o processo, estavam envolvidos no esquema de organização criminosa e lavagem de dinheiro. As sentenças foram:
- Ricardo Bohrer Simões, empresário do ramo da construção civil: 8 anos e 8 meses de prisão em regime inicialmente fechado, mais multa de 300 salários mínimos;
- Adão Silmar de Fraga Feijó, empresário do ramo da construção civil: 8 anos e 8 meses de prisão em regime inicialmente fechado, mais multa de 300 salários mínimos;
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Carlos Eduardo Marques, ligado à vice-presidência de patrimônio: 6 anos e 10 meses de prisão em regime inicialmente fechado, mais multa de 150 salários mínimos.
Todos precisarão ressarcir o Inter pelos valores desviados, que teriam chegado a R$ 13 milhões, conforme a investigação. Procurada pela reportagem do Jornal do Comércio, a defesa de Pedro Affatato informa que irá recorrer da decisão e sustenta que a sentença é excessiva tanto na pena, quanto na condenação. A reportagem tentou contato com a defesa de Vitorio Piffero, mas ainda não obteve retorno. A reportagem ainda busca contato com a defesa dos outros condenados.
O que diz o Internacional
O Colorado se manifestou por nota. Leia o texto abaixo.
"O Sport Club Internacional informa que, na data de hoje, tomou conhecimento da publicação de sentença condenatória dos envolvidos, bem como da condenação ao ressarcimento dos danos causados. Por se tratar de processo que tramita em segredo de Justiça, aguardará os próximos desdobramentos da decisão, que comporta recurso das partes envolvidas. Os dois ex-dirigentes citados não fazem mais parte do quadro social e do Conselho Deliberativo, tendo sofrido todas as medidas administrativas do clube".
Entenda o caso
As investigações sobre irregularidades nas finanças do Inter começaram em 2017, um ano após o rebaixamento do clube para a Série B do Campeonato Brasileiro. O processo teve início após o Conselho Fiscal do clube apontar irregularidades nos números da gestão de Piffero. Em decisão inédita, o Conselho reprovou as contas e foi aberta uma sindicância para apurar "graves falhas de controles internos", conforme o presidente do Conselho Fiscal Geraldo Costa da Camino à época. Um relatório de finanças apontava um total de R$ 9 milhões em contratos não realizados com cinco empresas do ramo de construção civil. Mais de um ano depois, o Conselho Deliberativo do Inter votou pela inelegibilidade de Piffero e outros três ex-dirigentes por 10 anos. Em dezembro do ano passado, o MP deflagrou a Operação Rebote, que cumpriu mandados de busca e apreensão contra ex-dirigentes da gestão Piffero. Essa é a primeira sentença relacionada à administração de Piffero no Inter. Outros processos, incluindo de questões relacionadas a futebol, ainda estão em andamento na Justiça.