Nada será como antes, nada nunca será como foi. Luis Alberto Suárez, nascido na pequena cidade de Salto, no Noroeste uruguaio, mexeu com o Rio Grande do Sul e mexeu com o Brasil no ano de 2023. A passagem do craque celeste por aqui ultrapassa os limites dos campos de futebol. Suárez foi um fenômeno midiático, social e cultural. Por um ano inteiro, um popstar mundial conviveu com os gaúchos e isso já está na história.
Os números esportivos são significativos. Foram 53 jogos, com 27 gols marcados e 17 assistências. Além disso, os milhares de novos sócios e de camisetas vendidas e a incalculável exposição mundial da marca do Grêmio mostram que a contratação do centroavante pela direção gremista foi uma tacada de mestre.
O Grêmio foi notícia mundial. Isso nunca havia ocorrido com o clube. Nem Ronaldinho Gaúcho, cria gremista, levou a marca tricolor para tantos cantos do planeta. Um exemplo foi a postagem realizada nesta terça-feira (5) pela conta oficial da Uefa Champions League no X (antigo Twitter) que mostra para os mais de 50 milhões de seguidores da conta em todo o mundo uma foto de Suárez com a camisa gremista, com o escudo tricolor em primeiro plano. Quanto custaria uma publicidade dessas? Cabe agora ao clube aproveitar a exposição e apostar de vez na internacionalização de sua marca. Não se pode deixar o cavalo passar encilhado.
No âmbito sociocultural, a chegada de Suárez representou uma injeção de autoestima aos gaúchos – em especial, obviamente, nos gremistas. A contratação do craque uruguaio mostrou que o Rio Grande do Sul pode mais, pode arriscar, pode ousar, pode competir de igual para igual. Isso vale para o futebol e vale também para outros setores, para a economia, para a cultura. É possível trazer grandes investimentos, grandes shows, grandes empresas. Sonhar alto não custa nada.
Suárez trouxe tudo isso e levou o Grêmio à briga pelo título do Brasileirão e à Libertadores da América de 2024 um anos após disputar a Série B nacional. O legado esportivo, portanto, permanecerá no ano que vem e cabe à direção (fazendo boas contratações), ao treinador e ao grupo de jogadores, colher os frutos da semente plantada nessa temporada.
Assim como trouxe e deixa muitas coisas, o uruguaio também leva com ele para onde quer que for uma pesada bagagem. O sentimento da torcida tricolor é um misto de alegria e orgulho pelo que viveu com o luto pela perda irreparável. O Grêmio não vai conseguir repor a saída do Pistoleiro à altura. Nenhum clube brasileiro ou do continente conseguiria. O time perde o seu craque, a diferença técnica, o líder incansável, e a torcida perde o grande ídolo, a referência, aquele que fez reacender a chama da paixão pelo seu time de coração.
Talvez o Grêmio perca associados que ingressaram no quadro social somente para ver e viver Suárez, quase certamente o clube não venderá tantas camisetas quanto as que comercializou neste ano. Suárez chegou, fez de 2023 um ano mágico para os gremistas, para o futebol gaúcho e brasileiro, e se foi. Fica a saudade, fica o sentimento de perda, mas ficam também as memórias e a alegria de ter visto um dos maiores de todos os tempos desfilar pelos gramados do País usando a camiseta tricolor.
Nada será como antes, nada nunca será como foi.