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Publicada em 18 de Novembro de 2023 às 14:50

Dinizismo e seleção brasileira não combinam

Na seleção, Diniz não tem o tempo necessário para que suas ideias de futebol funcionem

Na seleção, Diniz não tem o tempo necessário para que suas ideias de futebol funcionem

Daniel Ramalho/AFP/JC
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Juliano Tatsch Editor-assistente
Fernando Diniz é um treinador que despertas amores e ódios no futebol brasileiro. O técnico construiu o início de sua carreira em pequenos times do interior de São Paulo até chegar ao Athletico-PR em 2018. Depois do Furacão, passou por Fluminense, São Paulo, Vasco e retornou ao Flu. Até a conquista da Libertadores de 2023 com o time carioca, o treinador era visto como um profissional de boas e inovadoras ideias, mas que tinha dificuldade de obter resultados colocando-as em prática. A boa campanha no Fluminense o levou à seleção brasileira e os resultados iniciais do trabalho de Diniz frente ao Brasil indicam que essa união, seleção e Dinizismo, não combinam.
Fernando Diniz é um treinador que despertas amores e ódios no futebol brasileiro. O técnico construiu o início de sua carreira em pequenos times do interior de São Paulo até chegar ao Athletico-PR em 2018. Depois do Furacão, passou por Fluminense, São Paulo, Vasco e retornou ao Flu. Até a conquista da Libertadores de 2023 com o time carioca, o treinador era visto como um profissional de boas e inovadoras ideias, mas que tinha dificuldade de obter resultados colocando-as em prática. A boa campanha no Fluminense o levou à seleção brasileira e os resultados iniciais do trabalho de Diniz frente ao Brasil indicam que essa união, seleção e Dinizismo, não combinam.
Com cinco jogos no comando do time canarinho, Diniz soma duas vitórias, duas derrotas e um empate. A quinta colocação na classificação das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa de 2026 e, principalmente, as fraquíssimas atuações da equipe ligaram o sinal amarelo: o Brasil suporta convocações questionáveis, resultados ruins e partidas desastrosas até meados do ano que vem, quando se espera que o italiano Carlo Ancelotti assuma a seleção?
Nunca na história, o Brasil havia perdido duas partidas seguidas pelas Eliminatórias. Diniz conseguiu o feito com atuações horríveis contra o Uruguai e, agora, diante da Colômbia. A sua seleção une um conceito mal implementado com atuações individuais risíveis e escolhas malfeitas pelo comandante técnico.
Diniz é apegado ao seu modo de pensar futebol. O time nunca dá chutão, sempre sai jogando com a bola no chão atrás, busca o passe curto, ataca os espaços do campo e aposta na aproximação dos jogadores para ter superioridade numérica nos setores onde a bola está. Na teoria, muito bom. Na prática também. Desde que se tenha tempo para treinar. E o tempo junto à seleção é escasso.
Para que suas ideias funcionem, Diniz precisa trabalhar exaustivamente com seus jogadores, repetindo as ações e movimentos, treino após treino. Na seleção, ele nunca terá isso. Os encontros são rápidos e escassos. Além disso, os jogadores chegam de diversos lugares do mundo e, conforme os próprios atletas de Diniz já deixaram claro, é preciso tempo para compreender bem o que o técnico propõe para o seu grupo de atletas.
Soma-se a isso as próprias decisões do treinador, começando pelas convocações e passando, também, pela escalação do time e mudanças durante os jogos. Senão vejamos: o estimado leitor conhece ou já ouviu falar no centroavante João Pedro do glorioso Brighton, da Inglaterra? Eu também não. O leitor já viu alguma vez algum jogo do Brighton? Enquanto isso, Pedro e Tiquinho Soares estão de folga curtindo a Data Fifa nas praias cariocas. Este jornalista já falou sobre o que as convocações absurdas de jogadores que só são chamados por atuarem na Europa fizeram com o sentimento do torcedor brasileiro em relação à seleção.
Talvez, eu quisesse que Diniz treinasse o meu time, assim como o leitor também pudesse achar isso uma boa ideia em relação ao time pelo qual torce. Diniz tem potencial para se tornar um grande treinador de clubes. Quem sabe, até já tenha se tornado um após o título da Libertadores. No entanto, a seleção, me parece, exige um modelo diferente de treinador. Alguém com ideias mais simples a práticas, que possam ser colocadas em ação mais rapidamente e não necessitem de muito treino para que funcionem. Diniz pode me desmentir já nesta terça-feira (21), quando o Brasil encara a Argentina. Torço para que isso ocorra, apesar de não acreditar muito que ocorrerá. Aguardemos.

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