O anúncio de que o estádio mais antigo em atividade no País, a Boca do Lobo, do Esporte Clube Pelotas (ECP), irá a leilão em fevereiro de 2024, repercutiu quando foi anunciado na semana passada. A venda seria em função de dívidas de impostos do tradicional clube de Pelotas.
A ação é movida pela prefeitura de Pelotas por conta de débitos no valor de R$ 6,35 mil no atraso do pagamento de Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU).
Entretanto, para o vice-presidente do clube, Vinícius Conrad, "não existe a possibilidade de o leilão acontecer". Mesmo com a dívida, o clube descarta a venda.
Inaugurado em 1908, o estádio fica no quadrilátero entre a avenida Bento Gonçalves e as ruas Padre Anchieta, Doutor Amarante e Gonçalves Chaves, no Centro da cidade. O leilão engloba uma área de 24.196,38 metros quadrados, composta pelo terreno do estádio, o prédio de uma churrascaria, dois postos de gasolina e imóveis de aluguel.
O assunto veio a público após a publicação do leiloeiro Rui Pinto, responsável pelo leilão online, na quinta-feira passada, 9 de novembro; o lance mínimo é de R$ 93.107.670,00. A determinação da penhora do bem foi confirmada pelo procurador-geral do Município, Eduardo Trindade, que afirma que a dívida data de 2015.
"A parte do município é esclarecer eventuais dúvidas e apresentar a atualização dos débitos pendentes, propondo medidas permitidas por lei para viabilizar a solução do litígio. Ao clube, caberá efetuar uma avaliação própria para buscar soluções para o adimplemento do débito", explica o procurador-geral de Pelotas.
A gestão do presidente Rodrigo Brito assumiu o Áureo-Cerúleo em 2022 e, segundo Conrad, não tinha conhecimento do valor em aberto com a prefeitura. "É estranho que, agora, tenha surgido uma dívida diferente e não dá para achar um culpado nessa história. O que nos resta é enfrentar a situação", afirma o vice-presidente do Pelotas.
Conforme o despacho feito pela 4ª Vara Cível Especializada em Fazenda Pública da Comarca de Pelotas, o Esporte Clube Pelotas foi intimado a apresentar outro bem ou uma proposta de parcelamento da dívida em 10 dias.
O vice-presidente do Lobão afirma que o movimento para pagar os débitos foi feito no mesmo dia. "Não depende só de nós, a própria prefeitura está fazendo cálculos. Já conversamos não só com técnicos da prefeitura, mas com a própria prefeita, então, não tem motivo para se assustar. Não existe a possibilidade do leilão acontecer, até porque é um valor muito baixo", complementa Conrad.
"Eu vejo com muitos bons olhos isso e tranquilizo o torcedor e a todos que eu tenho certeza de que a Boca do Lobo, que pela história do Pelotas, está no coração não só do nosso torcedor, mas tem muita gente que tem carinho e respeito [pelo clube]. Então isso não pode vir a acontecer, não tem a possibilidade, mas isso serve de alerta para enfrentar o futuro", finaliza o vice-presidente do clube.
Íntegra do posicionamento da prefeitura de Pelotas:
De acordo com o procurador-geral do Município, Eduardo Trindade, o processo em questão trata da execução fiscal do município contra o Esporte Clube Pelotas (ECP), na qual foi requerida a penhora da área em razão da existência de dívida de IPTU em aberto. A determinação da penhora do bem data de 2015 e neste momento foi marcado o leilão. Representantes do ECP estiveram na Procuradoria-Geral do Município (PGM) no início da tarde desta quinta-feira (9), em uma reunião, para avaliar e realizar um levantamento de valores pendentes. A parte do município é esclarecer eventuais dúvidas e apresentar a atualização dos débitos pendentes, propondo medidas permitidas por lei para viabilizar a solução do litígio. Ao clube, caberá efetuar uma avaliação própria para buscar soluções para o adimplemento do débito.