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Publicada em 18 de Outubro de 2023 às 19:16

Uma seleção que perdeu o brilho, a qualidade e a relevância

Atuação deprimente do Brasil diante do Uruguai afasta ainda mais a seleção do torcedor

Atuação deprimente do Brasil diante do Uruguai afasta ainda mais a seleção do torcedor

Eitan ABRAMOVICH/AFP/JC
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Juliano Tatsch
Este jornalista não tinha nada mais interessante para fazer na noite desta terça-feira (17) e, portanto, se postou em frente à televisão para acompanhar o jogo da seleção brasileira contra o Uruguai, pela quarta rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026. Sim, é isso o que fizeram com a seleção pentacampeã mundial. O único motivo para ficar 90 minutos sentado em frente à televisão para acompanhar um jogo da equipe canarinho é não ter absolutamente nada mais interessante para fazer.
Este jornalista não tinha nada mais interessante para fazer na noite desta terça-feira (17) e, portanto, se postou em frente à televisão para acompanhar o jogo da seleção brasileira contra o Uruguai, pela quarta rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026. Sim, é isso o que fizeram com a seleção pentacampeã mundial. O único motivo para ficar 90 minutos sentado em frente à televisão para acompanhar um jogo da equipe canarinho é não ter absolutamente nada mais interessante para fazer.
Pois bem, depois de ver o que vi ontem, poderia ter depilado a axila com cera quente. Certamente seria menos doloroso. A partida que a equipe comandada por Fernando Diniz fez diante de um esforçado Uruguai – nada mais do que isso – foi horrenda. O narrador Galvão Bueno chegou a dizer em suas redes sociais que, em 50 anos acompanhando o Brasil, nunca tinha visto uma seleção tão ruim como essa que perdeu por 2 a 0 no estádio Centenário. Galvão é afeito a exageros, e, talvez, esse seja um. Mas, inegavelmente, a atuação brasileira foi deprimente.
Diniz está ocupando um mandato tampão na casamata brasileira. Pelo menos, é isso que foi dito quando do anúncio de que ele passaria a ser o técnico da seleção. A CBF espera que, em meados do ano que vem, o técnico italiano multicampeão Carlo Ancelotti assuma a seleção. Até lá, porém, seguimos com Diniz.
O técnico do Fluminense é capaz de feitos épicos, como a virada e consequente classificação à final da Libertadores sobre o Inter no Beira-Rio. Mas, também, consegue fazer com que a seleção brasileira apresente um futebol abaixo da crítica, como o visto nesta terça. Diniz é conhecido por ser um técnico inovador, que foge do mais do mesmo e busca soluções criativas para os seus times. De certa forma, o que se viu em Montevidéu vai ao encontro desse perfil, na medida em que, como frisou o colega e editor de Cultura do JC, Igor Natusch, Diniz reinventou o futebol brasileiro no Uruguai, com a seleção evitando ao máximo realizar jogadas ofensivas. Não deixa de ser uma novidade.
A equipe colocada em campo no Uruguai era ruim. Ponto. E a equipe era ruim porque a convocação foi ruim. Com todo o respeito aos atletas, mas o lateral-direito do Girona da Espanha não pode ser titular da seleção. O lateral-esquerdo, Carlos Augusto (??) é totalmente desconhecido do torcedor brasileiro e, pelo que vimos contra o Uruguai, descobrimos o motivo. No meio-campo, Casemiro não tem a menor condição de jogar futebol em alto nível, apresentando um misto de falta de preparo físico com desinteresse completo pela partida. Por fim, o ataque merece um parágrafo à parte.
Richarlison foi a escolha para entrar no lugar do lesionado Neymar. O centroavante fez míseros três gols em toda a temporada 2022/2023, sendo apenas um em 27 jogos na Premier League. Matheus Cunha, o outro centroavante de Diniz, fez menos: marcou somente duas vezes em toda a última temporada. Gabriel Jesus foi o melhor dos centroavantes brasileiros na temporada passada, marcando 11 vezes. Ao todo, os três jogadores balançaram a rede 16 vezes no período. Só em termos de comparação, Tiquinho Soares, o camisa 9 do Botafogo, marcou 27 gols somente em 2023.
O ataque da seleção de Diniz é totalmente inofensivo, não incomoda ninguém, não assusta ninguém, sequer chutar a gol chuta. No entanto, Richarlison, Gabriel Jesus e Matheus Cunha têm algo em comum: os três jogam na Inglaterra e esse parece ser o critério principal para ser convocado para a seleção. Você não precisa de desempenho, não precisa apresentar resultados, basta jogar na Europa - preferencialmente, na Inglaterra - e, pronto, vai para a lista dos convocados.
A seleção se tornou isso. Um time chocho, que não atrai mais ninguém, não encanta, não empolga, sequer compete. Ganha quando o adversário é muito fraco e perde quando ele tem um pouquinho mais de qualidade. As convocações sem sentido e que não consideram o mérito dos atletas afastam cada vez mais o torcedor que não vê sentido em torcer para um time que demonstra não querer estar ali, com jogadores que, em alguns casos, não merecem estar ali. Triste de se ver.
De minha parte, já adianto por aqui: se as senhorinhas do condomínio onde moro me convidarem para tricotar e tomar chá no horário do próximo jogo da seleção, apenas uma dúvida surgirá em minha mente: chá de camomila ou de erva-cidreira?

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