O clássico Grenal ocorrido na tarde deste domingo (8) no estádio Beira-Rio terá impactos nesta temporada e, quem, sabe até na próxima. Dentro de campo, todos viram um Inter pilhado, mordendo muito, buscando a todo custo deixar para trás a eliminação contra o Fluminense na Libertadores da América e mostrar ao seu torcedor que ainda tem ambições neste 2023. Do outro lado, nada de novo. O mesmo Grêmio frouxo de todos os jogos fora da Arena neste ano foi visto caminhando no estádio rival. Por fim, o 3 a 2 para o Colorado saiu barato para o time de Renato Portaluppi, que, aliás, após ter tido uma semana inteira de treinos com seu time, apresentou um futebol abaixo da crítica e, depois do jogo, fugiu da coletiva de imprensa e foi curtir a folga no Rio de Janeiro.
Há muitas nuances a serem analisadas no jogo deste domingo. A primeira delas diz respeito ao vencedor o jogo. O Inter de Coudet conseguiu a tão falada “remontada” em poucos dias. Do time que saiu destroçado de campo na quarta-feira, nada se viu no clássico. Uma equipe vibrante, colaborativa, que se doou o tempo inteiro e dominou o Grêmio até onde as pernas puderam aguentar. O técnico argentino mostrou que tem a capacidade de motivação do grupo e os maus resultados até agora podem ser revertidos na sequência do trabalho.
Rochet falhou nos dois gols gremistas, mas isso não manchou a estupenda vitória colorada. Alan Patrick passeou no gramado do Beira-Rio. Que partida do meia colorado. Deu passes precisos, girou em cima da marcação, encontrou espaços vazios, infiltrou na área e fez gol. Enner Valencia marcou o seu também e voltou a perder outro na cara de Gabriel Grando. O equatoriano precisa urgentemente aperfeiçoar suas finalizações a gol.
Já o Grêmio de Renato, inexplicavelmente, parecia um time passivo, cansado, desmotivado, sem vontade alguma de estar jogando aquela partida. Erros bobos, displicência nos passes e uma preguiça que esse jornalista que acompanha Grenais há 30 anos nunca havia visto por parte de uma das duas equipes no maior clássico gaúcho. Em suma, o Grêmio foi frouxo e a derrota foi muito merecida.
Outro ponto a se analisar diz respeito à falência técnica de algumas individualidades gremistas. Começando por Geromel, que fez uma partida desastrosa, contrariando seu vitorioso histórico em clássicos. Sobre Cristaldo, por sua vez, nem se pode dizer que fez uma partida ruim. O meia parecia estar em outra dimensão, pensando nas eleições presidenciais argentinas, quem sabe. Ferreira foi outro que teve uma atuação fraquíssima, sem entregar nada ao time. A lista é longa e, talvez, apenas Suárez e o lateral-direito João Pedro – os autores dos gols gremistas – tenham se salvado.
Por fim, ao final do péssimo jogo do seu time, o técnico Renato Portaluppi apresentou o grand finale da tarde gremista. Se achando dono do clube, simplesmente não compareceu na entrevista coletiva pós-jogo e embarcou para o Rio de Janeiro, para curtir dias de chopp e futevôlei nas praias cariocas. Dessa vez, porém, não houve passada de pano, como era costume durante os anos de gestão de Romildo Bolzan. O presidente gremista Alberto Guerra foi aos microfones e disse que não concordava com a atitude do treinador e que, na quinta-feira, quando da reapresentação do grupo, uma reunião para tratar do assunto será realizada.
Na política, costuma-se dizer que um governante não pode nomear um ministro ou secretário de estado indemitível ou incriticável. É assim que Renato se sente no Grêmio. Ele é uma estátua e não se apontam erros de uma estátua. Uma estátua pode fazer o que quiser. Sempre foi assim com Portaluppi na casamata tricolor. Ele sempre fez o que quis, quando quis. Depois deste domingo, com a reprimenda pública do presidente do clube, quem sabe, as coisas podem mudar.