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Memória

- Publicada em 20 de Julho de 2023 às 17:04

Exposição lembra Lupicínio Rodrigues e os 70 anos do hino do Grêmio

Uma das salas da mostra é reservada à paixão futebolística de Lupicínio Rodrigues, autor do hino do Grêmio

Uma das salas da mostra é reservada à paixão futebolística de Lupicínio Rodrigues, autor do hino do Grêmio


ANA TERRA FIRMINO/JC
O músico Lupicínio Rodrigues é o maior compositor gaúcho. Mas mesmo que não fosse, sua obra já estaria imortalizada por ser o autor do hino do Grêmio Footbal Porto Alengrense. Criada em 1953, "Até a pé nós iremos" está completando 70 anos. E quem quiser saber mais sobre a história do hino do Tricolor pode conferir a exposição “Lupi: Pode Entrar que a Casa É Tua", dedicada a apresentar vida e obra de Lupicínio Rodrigues. A mostra está cartaz apenas até este domingo, 23 de julho, no Farol Santander, centro cultural na Praça da Alfândega, no Centro Histórico de Porto Alegre.
O músico Lupicínio Rodrigues é o maior compositor gaúcho. Mas mesmo que não fosse, sua obra já estaria imortalizada por ser o autor do hino do Grêmio Footbal Porto Alengrense. Criada em 1953, "Até a pé nós iremos" está completando 70 anos. E quem quiser saber mais sobre a história do hino do Tricolor pode conferir a exposição “Lupi: Pode Entrar que a Casa É Tua", dedicada a apresentar vida e obra de Lupicínio Rodrigues. A mostra está cartaz apenas até este domingo, 23 de julho, no Farol Santander, centro cultural na Praça da Alfândega, no Centro Histórico de Porto Alegre.
Uma das salas da exposição é totalmente dedicada a Lupi e sua paixão pelo futebol. Segundo o jornalista e pesquisador Marcello Campos, autor do livro-reportagem “Almanaque do Lupi” (Editora da Cidade/SMC), o hino do Grêmio foi composto em “cerca de três dias” e possui relação direta com uma paralisação envolvendo os motoristas de bonde de Porto Alegre na época.
“Mesmo sem poder utilizar o transporte público e com poucas pessoas possuindo carros, a torcida gremista continuava lotando o Estádio da Baixada. Por isso o hino já começa com o ‘Até a pé nós iremos’, uma menção a algo que os tricolores realmente estavam fazendo”, conta o jornalista.
A primeira vez em que o hino escrito por Lupicínio foi tocado no estádio aconteceu na vitória por 2 a 0 sobre o Aimoré, na Baixada. Conforme Campos, esse fator criou uma mística de que a canção era “pé quente”, o que só aumentou sua popularidade entre os gremistas. Ele ainda ressalta que a aprovação da melodia por parte da torcida foi tão significativa que logo de cara o antigo hino tricolor, escrito por Breno Blauth, foi desbancado, sem grandes questionamentos.
ANA TERRA FIRMINO/JC
Exposição tem discos e outros artefatos musicais temáticos do tricolor. ANA TERRA FIRMINO/JC
Léo Gerchmann, jornalista e autor de diversos livros relacionados ao clube, destaca a importância da conexão do Grêmio com Lupicínio Rodrigues. “Nosso hino, além de ser absolutamente lindo, foi composto pelo maior nome da cultura popular gaúcha, que é um homem negro, o que contraria o folclore de clube preconceituoso que tanto assombra o Grêmio. ” Ele ainda ressalta que o hino foge do ufanismo, comum nesse tipo de canção, e se tornou uma “ode à perseverança” para todos os torcedores.
Porém, Lupi conviveu com questionamentos sobre sua escolha pelo Grêmio, afinal, era um homem negro e de origem pobre, e o Tricolor era considerado como um clube ligado às elites, enquanto o Inter era conhecido como o Clube do Povo. O músico e pesquisador Arthur de Faria explica que, na verdade, Lupicínio se tornou gremista “por acaso”, após o rival barrar a participação do time rio-grandense na Liga de Futebol Porto Alegre, a primeira divisão da Capital na época. O pai de Lupi, Francisco Rodrigues, era o presidente do clube, que anteriormente havia disputado a Liga da Canela Preta, campeonato disputado majoritariamente por atletas negros. Como o principal rival do Inter era o Grêmio, a escolha ficou fácil.
Essa história também é contada pelo próprio Lupi na crônica “Porque sou Gremista”, uma das várias obras dele que estão expostas no Farol Santander. O manuscrito está localizado em uma sala especial sobre futebol, junto com a escritura original do hino, além de uma faixa da Torcida Jovem do Grêmio que o homenageia. Essa sala, que ainda possui uma mesa de pebolim referenciando à rivalidade Grenal, é embalada pelo som do hino tricolor.
Quem for aproveitar os últimos dias da exposição também terá a oportunidade de visualizar inúmeros itens do acervo pessoal do compositor e uma linha do tempo que narra toda a trajetória de Lupi. Mesas de bar e projeções também estão presentes, em conjunto com recursos cenográficos que remetem a Porto Alegre das décadas de 1940 e 1950. A trilha sonora do passeio fica a cargo de gravações do próprio músico.
Serviço
Quando: A exposição segue em cartaz até este domingo, no dia 23 de julho, no Farol Santander, na avenida Sete de Setembro, 1.028 (Praça da Alfândega, Centro de Porto Alegre)
Horário de visitação: de terça a sábado, das 10h às 19h, e domingos, das 11h às 18h.
Ingressos: R$ 17,00, disponíveis pelo site do Farol Santander, no Sympla e no local.