Ana Marcela Cunha chegou aos Jogos de Tóquio com uma coleção de títulos e frustrações olímpicas. Eleita seis vezes a melhor atleta do mundo em maratona aquática, a baiana acumula 12 pódios em mundiais, mas não conseguia repetir o desempenho em Pequim 2008 e no Rio 2016.
Assim, olhou para Tóquio como se fosse a última oportunidade. Nesta terça-feira (3), a nadadora baiana enfim quebrou a escrita ao conquistar a medalha de ouro nas águas do parque marinho Odaiba. Sob sol forte, numa prova que começou às 6h30min, no horário do Japão, ela nadou quase o tempo todo no pelotão de frente.
A chegada ao pódio nas Olimpíadas coroa uma trajetória que começou cedo. Aos 16 anos, nos Jogos de Pequim, permaneceu boa parte da competição entre as líderes, mas nos últimos 1.000 metros adotou uma estratégia da qual se arrependeu. Terminou em quinto lugar.
Depois, não obteve índice para Londres 2012 - perdeu a vaga por três segundos no qualificatório. No Rio, Ana Marcela figurava entre as favoritas, já que, assim como em Tóquio, chegou à disputa após ter sido campeã mundial no ano anterior. No entanto, acabou na décima colocação. Diante da torcida carioca, deixou a prova chorando, enquanto a brasileira Poliana Okimoto conquistava um bronze inédito.
Para Tóquio, a atleta e o técnico Fernando Possenti resolveram a estratégia de treinos e até de cidade: trocou Santos (SP) pelo Rio de Janeiro. Lá, instalou-se em um apartamento com vista para o centro aquático Maria Lenk, onde funciona o laboratório do Comitê Olímpico do Brasil.
A baiana de Salvador teve o primeiro contato com a natação na creche, aos dois anos de idade, por iniciativa da mãe, Ana Patrícia. Dez anos depois, já estava na seleção brasileira infantil. "Sempre tive uma paixão diferente pelo mar e pela natureza. Aos 8 anos, já fazia travessias no mar com o apoio dos meus pais, que pediam autorização para que eu participasse das competições", lembrou a campeã olímpica.