Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Esportes

- Publicada em 31 de Dezembro de 2020 às 16:10

Protestos contra o racismo marcaram o ano de 2020

Partidas disputadas na bolha em Orlando foram marcadas por protestos em apoio à causa antirracista

Partidas disputadas na bolha em Orlando foram marcadas por protestos em apoio à causa antirracista


POOL / GETTY IMAGES NORTH AMERICA/Getty Images via AFP/JC
As imagens do homicídio do norte-americano negro George Floyd por um policial branco em Minnesota, nos Estados Unidos, no dia 25 de maio rodaram o mundo. O vídeo mostrava Floyd, de 46 anos, já imobilizado no chão e, sobre ele, o policial Derek Chauvin pressionando seu pescoço com o joelho. Durante a ação, que se estendeu por oito minutos e 46 segundos, Floyd disse várias vezes “I can’t breath” (Eu não consigo respirar), antes de morrer por asfixia.
As imagens do homicídio do norte-americano negro George Floyd por um policial branco em Minnesota, nos Estados Unidos, no dia 25 de maio rodaram o mundo. O vídeo mostrava Floyd, de 46 anos, já imobilizado no chão e, sobre ele, o policial Derek Chauvin pressionando seu pescoço com o joelho. Durante a ação, que se estendeu por oito minutos e 46 segundos, Floyd disse várias vezes “I can’t breath” (Eu não consigo respirar), antes de morrer por asfixia.
O fato provocou uma onda de protestos contra o racismo e a violência policial - movimento intitulado Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) - que tomou as ruas de diversas capitais dos EUA e ultrapassou fronteiras. Estrelas de diversas modalidades esportivas se engajaram publicamente na luta contra a discriminação racial, assim como clubes e instituições ao redor do planeta.
Em um primeiro momento, devido à paralisação das competições por conta da pandemia de Covid-19, vários atletas recorreram às redes sociais para extravasar a indignação contra a injustiça racial. Entre eles o ex-jogador Michael Jordan, hexacampeão da NBA - principal liga de basquete profissional nos Estados Unidos - as tenistas Serena Williams e Coco Gauff, além de Lewis Hamilton, piloto britânico que este ano conquistou o hexacampeonato na Fórmula 1. Na Europa, onde a bola voltou a rolar mais cedo depois das paralisações, os protestos ocorreram em campo, antes do apito inicial.
No Brasil, jogadores de futebol da nova geração como Talles Magno (Vasco) e Igor Julião (Fluminense) foram às redes defender atitudes antirracistas. "Eles percebem que não adianta ser rico e famoso, porque o racismo vai continuar a persegui-los, seja nos campos brasileiros ou europeus", analisou na ocasião Marcelo Carvalho, fundador do Observatório da Discriminação Racial no Futebol.
Os clubes também engrossaram os protestos, mas em um país com tantos craques negros - Pelé, Garrincha, Leônidas da Silva, Djalma Santos e Didi -, apenas a Ponte Preta, entre as agremiação das Séries A e B do Campeonato Brasileiro, é presidida por um dirigente negro: Sebastião Arcanjo, também conhecido como Tiãozinho. "O futebol representa, do ponto de vista das direções, ou dos espaços de tomadas de decisão nos clubes, essa distorção que perpassa todos os níveis da sociedade. O negro, no futebol, não conseguiu sair das quatro linhas", resume o mandatário do time de Campinas.

NBA se mobiliza contra atos antirracistas

Em uma atitude inédita na história da NBA, a equipe do Milwaukee Bucks não entrou em quadra no dia 26 de agosto, uma quarta-feira, em protesto contra o racismo e a violência policial. O time enfrentaria o Orlando Magic em uma partida de playoff (jogos finais). O episódio ocorreu três dias após o norte-americano negro Jacob Blake, de 29 anos, ser baleado por policiais com quatro tiros nas costas, em Wisconsin. Diante da atitude do Bucks, a NBA suspendeu as três partidas programadas para aquela noite.

Naomi Osaka boicotou a semifinal no WTA nos EUA

Após o protesto na NBA, a japonesa Naomi Osaka desistiu de disputar a semifinal do WTA de Cincinnati, nos Estados Unidos. Em uma mensagem publicada no Twitter na madrugada do dia 27 de agosto, a terceira melhor tenista do mundo justificou o boicote: "Antes de ser uma atleta, sou uma mulher negra". Horas mais tarde, os organizadores do torneio desmarcaram as partidas agendadas para aquela quinta-feira em solidariedade à luta contra a desigualdade racial e injustiça social.

Neymar é vitima de racismo no Campeonato Francês

Neste ano, o atacante Neymar, camisa 10 do Paris Saint-Germain, ao vivenciar duas situações de racismo em campo, também não ficou calado. A primeira delas ocorreu em setembro, durante uma partida contra o Olympique de Marseille, pelo Campeonato Francês. O brasileiro acusou o zagueiro Álvaro González de injúria racista. No decorrer do jogo, Neymar chegou a falar com o quarto árbitro, pedindo "Racismo não". O camisa 10 acabou sendo expulso de campo, ao desferir um tapa na cabeça de González, defensor do Olympique. Após a partida, Neymar revelou nas redes sociais disse ter sido chamado de "macaco filho da puta" pelo zagueiro.

Time turco denunciou racismo de quatro árbitro pela Liga dos campeões

Mais recentemente, no início deste mês, o confronto entre PSG e Istanbul Basaksehir (Turquia) pela Liga dos Campeões foi suspenso, 13 minutos após o início do duelo, devido a um episódio de racismo envolvendo a arbitragem. O embate foi interrompido após o time turco acusar o quarto árbitro, o romeno Sebatian Coltescu, de ter usado um termo racista para se referir ao camaronês Pierre Webo, auxiliar técnico do Basaksehir.
Neymar e o francês Mbappé argumentaram com o juiz Ovidiu Hategam, também romeno, que seria melhor Costescu deixar o campo para que o jogo prosseguisse, mas a discussão foi em vão. Os jogadores de ambos os times resolveram então deixar o gramado e não retornaram mais. A partida acabou suspensa pela Uefa. E mais uma vez, depois do ocorrido, Neymar se manifestou no Instagram: postou uma imagem em preto e branco e escreveu: Black Lives Matter (Vidas Negras Importam).
Horas após o confronto, imagens de TV mostraram o quarto árbitro Coltescu dizendo em romeno: "O negro ali. Vá e verifique quem ele é. O negro ali, não dá para agir assim", depois que Webo protestou veementemente contra a decisão da arbitragem.

Campeonato Brasileiro também tem atos de racismo

No dia 20 de dezembro, no Maracanã, o Flamengo derrotou o Bahia, por 4 a 3, após duas viradas de placar, pela 26ª rodada do Brasileirão. Mas a alegria da vitória rubro-negra acabou ofuscada após o meia Gerson revelar ter sido vítima de racismo. Ao ser entrevistado ao final da partida, ele acusou o jogador colombiano Índio Ramírez de injúria racista e criticou o comportamento do técnico Mano Menezes.
"O Bruno Henrique fingiu que ia chutar e ele (Ramírez) reclamou com o Bruno. Fui falar com ele e ele falou bem assim para mim: 'cala a boca, negro'. Eu nunca falei nada disso, porque eu nunca sofri, mas isso eu não aceito. Nunca falei de treinador, mas o Mano precisa saber respeitar. Estou vindo falar aqui em meio de todos os negros que existem no Brasil", desabafou Gerson.
Menos de duas horas após a partida, Mano foi demitido pelo Bahia. A Polícia Civil do Rio de Janeiro abriu inquérito para investigar o caso. Pelo Instagram, ainda na noite do jogo, Gerson voltou a se manifestar de forma contundente: "Racismo é crime. E deve ser tratado desta maneira em todos os ambientes, inclusive no futebol".
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO