Próximo de fechar quatro meses sem futebol no Rio Grande do Sul devido à pandemia do coronavírus, o marketing dos clubes nunca esteve tão em evidência. Para o vice-presidente do Inter, Nelson Berny Pires, o momento é marcado pela manutenção e pela aquisição de novos sócios, além da busca de iniciativas que deixem os torcedores mais próximos da equipe.
Surpreendentemente, o Colorado fechou o mês de junho com um acréscimo de 22% em seu quadro social, mas para isso o clube precisou entrar em ação. A direção planejou uma campanha de oito semanas, que teve início em 1 de junho e será concluída em 2 de agosto, com ações a cada sete dias.
Sem venda de ingressos, queda na receita de televisionamento de 30% e menos procura por produtos licenciados, a situação econômica beira o abismo. "Hoje, o Inter tem no sócio a sua principal receita. Em maio, foi identificada uma queda no quadro social, o que gerou preocupação. A gente sabe que o torcedor colorado é muito fiel. Na reforma do Beira-Rio, ficamos um ano sem estádio e o quadro se manteve acima dos 100 mil. Temos um quadro social sólido, mas sabemos que o momento é delicado e era necessário fazer algo", explica Pires.
A ideia inicial era agradecer aos que se mantém em dia em meio à crise. Hoje, entre inadimplentes e associados em dia, são 120 mil. Partindo da paixão do torcedor por colecionar camisas, o Inter pensou em desenvolver uma própria, que marcasse este momento. "Queríamos um produto que jamais fosse vendido. Conversamos com a Adidas, que liberou a fabricação de uma nova camisa, e escolhemos uma empresa do Estado, afim de movimentar a economia local", conta.
O conceito da camisa foi reconstruir o logotipo do clube em formato de coração, e o produto foi ganhando forma. Além disso, a campanha Estaremos Contigo possibilitará que o sócio que se manter em dia pelos próximos seis meses tenha seu nome eternizado em um monumento que será erguido no complexo Beira-Rio, além de receber a camisa.
Outra ação lançada pelo Marketing colorado foi espontânea, lembra Pires. "Os jogadores foram chamados para serem fotografados com a nova camisa e se deram conta da campanha que estava sendo lançada para novos sócios. Então, o Bruno Fuchs perguntou se não seria legal ele se associar. Ele mesmo foi para suas redes sociais divulgar que havia se associado e mostrar a carteirinha. Então, os atletas se mobilizaram, ligaram para o Alessandro Barcelos, nosso vice de futebol, e todos se associaram", conta. "Isso mostra quando time e torcida jogam juntos", ressalta Pires.
O Inter ainda disponibilizou mais associações da "carteira vermelha", que permite que o torcedor vá aos jogos apenas realizando o check-in. A ação precisou ser encerrada em 36 horas, pois o número de pedidos chegou ao limite, já que o clube não pode ter mais do que 20 mil sócios nesta modalidade.
O Marketing já vem trabalhando um plano de negócios para quando a bola voltar a rolar sem público. Pires diz que estão em analise formatos inovadores e outros que clubes já vêm fazendo na Europa. "Estamos buscando retornar para o Beira-Rio, com o sentimento da torcida presente, já que é muito diferente para o atleta jogar em um estádio vazio. Queremos encontrar algo que deixe o estádio mais bonito e, ao mesmo tempo, motive o jogador", conta. "É isso que vai fazer a diferença de se jogar em casa ou no estádio do visitante", conclui.
Amanhã, o entrevistado será Beto Carvalho, executivo de Marketing do Grêmio