Os gremistas vão poder comprar partes do
hotel que levará a assinatura do Grêmio em Porto Alegre. O Moinhos 1903, em referência ao ano de fundação do Tricolor, fica justamente no bairro onde o clube nasceu, o Moinhos de Vento. O comando gremista se associou à incorporadora Melnick Even para levar ao mercado uma proposta de experiência de marca, que renderá royalties ao clube e atrativos aos torcedores tricolores no futuro.
E como o gremista, sócio ou não, vai poder ter um pedaço do empreendimento que começa a ser construído em 2020 com operação prevista para 2022? Outro detalhe: o Moinhos 1903 será a base de concentração do time no chamado pré-jogo. O contrato com a rede Laghetto, onde é feita a concentração, termina em dezembro. O clube vai buscar alternativas para o intervalo de 2020 e 2021.
O Moinhos 1903, que será erguido na rua Dr Timóteo, 577, segue as regras dos chamados condo-hotéis. Por este sistema, pode-se comprar partes do ativo imobiliário na forma de cotas. O investidor adquire percentuais dos quartos e é remunerado na operação com base na taxa de ocupação e na diária cobrada. Todas as condições - de preço ao retorno - têm de ser aprovadas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que é o órgão regulador do mercado de capitais no Brasil, o que inclui as ações negociadas na bolsa de valores - a B3, única que opera no Brasil.
O hotel com a grife Tricolor terá 10 andares e 144 apartamentos. Foram ofertadas na venda que já está ocorrendo 608 cotas. O valor mínimo por cota é de R$ 129,9 mil, à vista, e R$ 160 mil para quem preferir pagar parte na construção e quitar na entrega do estabelecimento. O investidor pode adquirir quantas cotas desejar. A rentabilidade bruta vai alcançar 0,7% ao mês sobre o total da cota do preço à vista, quando o hotel atingir a maturidade, após sete anos de operação. A expectativa é que esse estágio seja antecipado pela atratividade da parceria com o Tricolor.
E como está a venda? Até essa sexta-feira (15), cerca de 200 cotas haviam sido compradas, segundo a incorporadora. E desde o lançamento da parceria na quinta-feira (14), a procura mudou de patamar, diz o diretor comercial da Melnick Even, Michel Gasparin.
"Isso mudou completamente a atratividade do produto. A marca (do Grêmio) é muito potente. Estávamos com demanda espontânea. A demanda desde quinta, com o lançamento da parceria, é impressionante por informações e novos negócios", descreve o executivo. "E olha quem nem trabalhamos ainda mais focado no nosso alvo que é o gremista, não que o torcedor colorado não possa comprar." A aposta no potencial do ativo também se deve à localização.
Somente os acessos na plataforma digital que apresenta o projeto quintuplicaram em um dia. Segundo o diretor, antes de quinta, a busca de interessados era pulverizada. Com a novidade do nome e da vinculação ao Grêmio, a atenção ganhou as cores do clube. Também tem a força de vendas que entrou em campo, usando canais de aplicativos, como grupos de WhatsApp. A Melnick planeja fazer rodadas de divulgação pelo interior e em ações com consulados do Grêmio.
Apelo Tricolor deve alterar preço
A expectativa é que a venda seja acelerada, frente a outros empreendimentos da Melnick, que já ativou dois condo-hotéis (um em Canoas, que está sendo inaugurado, e outro no complexo do Parque do Pontal, na orla do Guaíba, na Capital). O Moinhos 1903 é o segundo condo-hotel da Melnick no modelo de onwnership, pelo qual o investidor pode usufruir do hotel com vantagens. São 28 dias no ano e com tarifa de 20% do valor. Pelo registro na CVM, a diária média projetada para o Moinhos 1903 é de R$ 315,00.
Gremistas que estão analisando o investimento devem ficar ligados em outro detalhe. Diante da repercussão da parceria e do impacto que poderá ter no uso do hotel - seja pela presença do time, de uso de áreas para interação com os torcedores -, a incorporadora vai buscar uma atualização do potencial de retorno.
O diretor da Melnick informa que nas próximas semanas deverá ser enviado para a CVM um pedido de revisão de valores, justamente pelo efeito da marca Grêmio no retorno do investimento. Gasparin explica que estão sendo feitos estudos considerando novos cenários para ocupação. A expectativa é de que isso seja encaminhado em três semanas. Com a aprovação no órgão regulador, os preços vão subir.
Por que o plano de negócio deve mudar? A incorporadora aposta no potencial de valorização, gerado pela identificação da marca com a torcida, que poderá se hospedar no hotel e ainda mais em fins de semana, quando tem jogos, elevando a média de ocupação, um dos componentes da remuneração do investimento. Como Porto Alegre tem perfil de cidade de negócios, a taxa de uso de leitos é puxada pelo fluxo dos dias de semana.
Outro atrativo deve ser gerado com movimentação no empreendimento mesmo quando o time estiver jogando fora. O rooftop deve ganhar um skybar que poderá ter sessões de transmissão de jogos para os gremistas. A exploração do serviço pode ser do hotel ou um operador, decisão que caberá ao conselho de administração do condo-hotel.
Além disso, clube e gestora do hotel, que será a Atlantica, devem desenvolver mais estratégias de relação com torcedores, principalmente os sócios, como vincular a hospedagem a quartos ocupados pelo time. O diretor da Melnick comenta que a ideia é criar alguma vantagem para sócios, mas mais à frente.
Na venda das cotas, não pode ter nenhuma condição especial para sócios, como preço diferenciado, descontos etc. A comercialização deve seguir os parâmetros do que foi aprovado na CVM. Gremista, colorado, torcedor de outro time ou sem nenhum clube pagam o mesmo valor.