A Chapa 2, Juntos Somos Gigantes, traz uma figura conhecida do torcedor colorado para concorrer ao comando do Inter no próximo biênio. Vitorio Piffero, presidente em duas gestões (2007-2010), coloca seu nome novamente como postulante ao cargo máximo do clube. Para o pleito deste sábado, que terá o associado como protagonista, o desejo de Piffero é retomar o caminho vitorioso construído também nos anos em que ficou à frente do Inter. O candidato recebeu o Jornal do Comércio em um prédio comercial na avenida Praia de Belas, com o Beira-Rio reformado como plano de fundo, e confessou: “não é à toa que estamos aqui”.
Jornal do Comércio - Por onde o senhor acredita que passa a retomada dos anos vitoriosos que o clube viveu no passado recente?
Vitorio Piffero - Para mim, ela se inicia com um clube unido. Não é à toa que a nossa chapa é Juntos Somos Gigantes. O que isso significa? É o Conselho, o vestiário, a comissão técnica e a torcida, todos unidos. A torcida tem que acreditar. Nós pudemos ver, nos últimos jogos (os três pelo Brasileirão no Beira-Rio), o torcedor acreditando e empurrando o time, e as coisas acontecendo. Dentro desta visão é que lançamos a nossa candidatura. Antes, compusemos uma coalisão de mais de 200 conselheiros. Esse é o embrião de bons resultados na nossa gestão.
JC - O que pode mudar da atual gestão para os próximos dois anos, caso o senhor seja eleito?
Piffero - Primeiro, a nossa experiência e a dos conselheiros, que estão conosco desde o início. Segundo, a vontade muito grande de outros integrantes do Conselho que se associaram a Chapa 2. Isso nos dá uma boa base de apoio, pois são eles que comandam o clube.
JC - O que o senhor mudaria para lotar o Beira-Rio?
Piffero - A nossa maior receita é o associado. Precisamos incentivar que os torcedores se associem, para que eles tenham vantagens com isso. Criamos esse plano de sócio contribuinte, o Campeão do Mundo, em 2007, e se associaram 68 mil pessoas em dois anos e meio. Nesses casos, o sócio tem 50% de desconto para adquirir os ingressos. Mas esse valor pode ser de 70%, ou até mesmo de 30%, dependendo do jogo. Temos que incentivar o torcedor a se associar e que o sócio vá ao jogo. Se ele não for, que vá o torcedor. Eu quero o estádio lotado de sócios. Tivemos, na minha outra gestão, vários jogos que eram só com associados no estádio. Não teve nem bilheteria para o torcedor, que, assim, entendeu a necessidade de associar-se.
JC - Como o senhor vê o momento atual do futebol do Inter e como projeta o próximo ano?
Piffero - Acho que temos jogadores da maior importância para o clube, o D’Alessandro é um deles. O próprio Índio é um jogador que é referencial, mas chega um momento em que as forças se exaurem. Não em relação aos nossos atletas, mas a todos os jogadores de futebol. Ele entende que a sua participação em um time com a expressão do Inter, que disputa títulos, não consegue acompanhar mais o ritmo dos demais. Agora, nós, colorados, achamos sempre que pode ser melhor. Ganhamos de 1 a 0 do Barcelona, mas poderia ter sido dois ou quem sabe mais. Foi suficiente, mas sempre pode ser melhor. A folha salarial do Inter é do tamanho do clube. Poderia ser melhor? Queremos trabalhar sempre com o que há de melhor. Se tu me apontares um dirigente que nunca errou uma contratação, ele não foi dirigente. Todos erraram. Mas o que se espera é que se acerte mais do que se erre. Em relação a nomes que farão parte da direção, do vestiário ou que irão vestir a camisa, só falarei caso seja eleito.
JC - O senhor acredita que o fair play financeiro possa ajudar ou atrapalhar os investimentos no futebol em 2015?
Piffero - Acredito que, para os clubes que possuem fluxo de caixa importantes, assim como o Internacional e outros grandes, seja mais fácil se adaptar a essa questão. Mas, se tu pegares um clube pequeno, da primeira ou segunda divisão, é muito mais difícil. Sem fluxo de caixa, as coisas se complicam. Portanto, acho positivo e estamos dispostos a trabalhar para isso. Mas volto a destacar a importância de se preocupar com os clubes menores.
JC - Como analisa os diversos grupos políticos do clube? Acredita em união destes diferentes grupos?
Piffero - Se eu for eleito, vou fazer o que eu disse que o Giovanni (Luigi) deveria ter feito: convidá-los a participar da gestão. Evidentemente que toda gestão tem oposição, que não pode ser raivosa, afinal, somos todos colorados. A oposição pode ser, além de fiscalizadora, participativa. Por que ela tem que ficar apenas na oposição e não participar? Sem dúvida, essa me parece a primeira missão do presidente, que é a união do clube. Ou seja, colocar todos em uma única linha, em uma só direção.
JC - Como foi a sua relação com a gestão do presidente Giovanni Luigi?
Piffero - Depois da decisão de alterar a forma de construção do Beira-Rio, eu fiquei de fora e deixei o Luigi trabalhar. Eu só participei na questão da gestão do estádio, que eu entendia, como a maioria dos conselheiros votou, que era o Inter que deveria administrar. Afinal, é o clube que entende sobre estádio. Nós podemos ver o caso do coirmão Grêmio, indo comprar ou recomprar a gestão da Arena. Sendo assim, o Inter não poderia fazer o caminho inverso. Então, só interferi nesse momento - inclusive, era a opinião do próprio Luigi, mas, como havia vozes divergentes, achei necessário intervir. De resto, não opinei em nada e só acompanho como colorado.