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Publicada em 03 de Outubro de 2024 às 17:27

Novas experiências e roteiros incrementam turismo de vinhos no Rio Grande do Sul

Mesmo vinícolas de maior porte têm fatia importante do seu faturamento vinculada aos turistas que visitam o varejo e a área de produção

Mesmo vinícolas de maior porte têm fatia importante do seu faturamento vinculada aos turistas que visitam o varejo e a área de produção

/Zéto Telöken/Divulgação/JC
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Patrícia Lima
Viajar para conhecer vinhos e viver experiências que envolvem a bebida, harmonizada com o melhor da gastronomia. O que pode ser melhor do que isso? Para os turistas que apreciam essa modalidade de viagem, o paraíso está onde há vinícolas, degustações e produtores sempre prontos para apresentar uma novidade. Já para o setor vitivinícola, o crescimento dessa modalidade de viagem e o gosto dos brasileiros pelo turismo enológico representa oportunidade. É por meio do enoturismo que muitas vinícolas, de variados portes, estão superando as perdas geradas pelas enchentes de maio.
Viajar para conhecer vinhos e viver experiências que envolvem a bebida, harmonizada com o melhor da gastronomia. O que pode ser melhor do que isso? Para os turistas que apreciam essa modalidade de viagem, o paraíso está onde há vinícolas, degustações e produtores sempre prontos para apresentar uma novidade. Já para o setor vitivinícola, o crescimento dessa modalidade de viagem e o gosto dos brasileiros pelo turismo enológico representa oportunidade. É por meio do enoturismo que muitas vinícolas, de variados portes, estão superando as perdas geradas pelas enchentes de maio.
De acordo com números da Secretaria Estadual de Turismo (Setur), levantados em 2022 em parceria com o Sebrae, cerca de 10 milhões de turistas visitaram municípios da Serra Gaúcha.
O principal destino, claro, é o combo Gramado e Canela, mas as cidades em que o vinho é o maior destaque, como Bento Gonçalves, também recebem um fluxo importante de visitantes. Segundo a prefeitura de Bento, 1,5 milhão de turistas estiveram na cidade no ano passado.
A Associação dos Produtores do Vale dos Vinhedos (Aprovale) estima uma média superior a 300 mil visitantes anualmente. Em 2024, porém, o cenário é totalmente diferente. Depois das enchentes que reduziram a praticamente zero o fluxo de pessoas por pelo menos dois meses, o setor se vê diante do desafio de atrair de volta o público que, além de consumir os atrativos locais, também ajuda a escoar a produção de mais de 80% das vinícolas locais, segundo estimativa da União Brasileira de Viticultura (Uvibra). Mesmo vinícolas de maior porte, como a Miolo, têm fatia importante do seu faturamento - cerca de 10% - vinculada aos turistas que visitam o varejo e participam das muitas modalidades enoturísticas oferecidas no local.
Os acessos rodoviários às cidades e aos locais turísticos, comprometidos devidos às chuvas, e o fechamento do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, foram um golpe pesadíssimo para o setor, em especial para as vinícolas menores, cujo faturamento depende do turismo, com os roteiros e as vendas realizadas no varejo de cada empresa.
De acordo com o presidente da Uvibra, Daniel Panizzi, o desaparecimento dos turistas foi o pior problema enfrentado pelo setor devido às enchentes. "É claro que não podemos esquecer as cerca de 200 famílias que foram diretamente atingidas, o trauma foi muito grande. Mas, para o setor como um todo, a interrupção no fluxo de turistas é o maior desafio. Já vínhamos em período de leve redução, em comparação com os números da pandemia. A enchente foi devastadora", explica.
Campanhas para incentivar a compra de produtos gaúchos no resto do País ganharam destaque, especialmente com o vinho - o Rio Grande do Sul é o maior produtor de vinho do Brasil, com mais de 90% do total, segundo dados do Ministério da Agricultura. Uma das primeiras campanhas foi conduzida pela plataforma Brasil de Vinhos, que congrega informações de todas as vinícolas do País.
Liderado pela jornalista Lúcia Porto, diretora da plataforma, o chamamento para que se consumisse vinho gaúcho nos outros estados envolveu celebridades do mundo do vinho e da gastronomia, como os chefs Claude Troisgros e Roberta Sudbrack. "Naquele primeiro momento, nossa intenção foi engajar as pessoas para minimizar o impacto, que foi enorme. Mas sabemos que muitas vinícolas têm a venda concentrada no seu próprio varejo, o que estagnou o comércio local naquele período. Agora, com a retomada, a gente espera que isso tenha feito mais gente conhecer a qualidade do vinho gaúcho, o que trará mais turistas", afirma Lúcia.
 

Retomada com novidades e experiências exclusivas

Uma das primeiras ações de muitas vinícolas e hotéis das regiões mais atingidas pela enchente de maio no Rio Grande do Sul foi comunicar ao público sobre as suas condições. Apesar das enxurradas, poucas empresas tiveram sua estrutura danificada ou a produção interrompida.
Quando a água baixou, todo mundo já estava pronto para receber os visitantes - o problema foi que eles custaram a aparecer.
Hoje, meses depois da tragédia, a retomada do setor já é visível. A maior parte das vinícolas lançou novidades em seus programas de visitação e degustação, com o objetivo de chamar a atenção de quem deixou de viajar devido às enchentes.
Para a consultora, professora e especialista em enoturismo Ivane Fávero, o tema precisa ser trabalhado constantemente pelo setor e pelos responsáveis pelo desenvolvimento das rotas, para que o enoturismo no Rio Grande do Sul se consolide na preferência do público de fora do Estado.
Segundo ela, a volta dos visitantes é a esperança para a recuperação não apenas do setor do vinho, mas da economia de muitos municípios da Serra Gaúcha.
"O Rio Grande do Sul precisa se consolidar como maior destino enoturístico do Brasil. Esse momento deve ser uma oportunidade", afirma.
Sommeliére e proprietária de uma agência de viagens dedicada exclusivamente às experiências com o vinho em variados destinos do mundo, Patrícia Binz viu a procura pelos roteiros que organizava no Rio Grande do Sul despencar com as enchentes.
A Vinífera Experience, especializada na organização e condução de viagens focadas nas experiências com o vinho, seguiu operando, mas com a maioria dos seus clientes optando por roteiros fora do Brasil, como Uruguai, Argentina, Chile e Europa.
"Foi um momento traumático. Temos muito contato com os produtores locais e vimos que eles sequer conseguiam escoar a produção. Agora a retomada depende da disposição das pessoas de conhecer o que temos aqui, considerando a qualidade do vinho brasileiro e o altíssimo nível de experiências que podem ser vividas nas nossas regiões produtoras. O setor tem muito a oferecer e está pronto para voltar a receber. Já temos produtos e experiências novas para quem quer mergulhar no universo do vinho brasileiro", enfatiza a sommeliére e empreendedora Patrícia.

Depois de décadas na Serra, marca tradicional abre as portas a turistas

Uma das mais tradicionais marcas de espumante do mundo, presente na Serra Gaúcha há mais de 50 anos, a Chandon nunca teve foco no enoturismo. Isso mudou neste ano, quando a Casa Chandon Garibaldi inaugurou quatro espaços exclusivos para evidenciar o seu produto e atrair os turistas.
Com proposta descomplicada, a Boutique Chandon é a porta de entrada para o mundo da marca no País. Envelopada com a identidade visual que acompanha os produtos, é na loja que o visitante pode ter acesso ao portfólio completo, desde os rótulos mais clássicos até os contemporâneos, passando pelas edições especiais limitadas e exclusivas.
Avançando pela Boutique, está o Terraço, um espaço ao ar livre que interliga o interior da loja com a área externa. A paisagem da Serra harmoniza com os espumantes que podem ser bebidos em taças ou em degustações rápidas de até três produtos, com árvores nativas e vinhedos fazendo o cenário para cada brinde. Também é possível beliscar petiscos, preparados pela equipe, que vêm quentinhos à mesa.
Para quem curte a natureza, o canto dos passarinhos e, por vezes, o frio dos dias na Serra, o espaço ideal é o Jardim Chandon, que se transforma conforme a estação do ano. À sombra de um taquaral nativo, o espetáculo do pôr do sol fica ainda mais mágico com uma degustação de espumantes. Já para quem prefere mergulhar nos detalhes do mundo dos espumantes, com degustações guiadas por enólogos, o lugar é a Casa Container, uma sala de degustação climatizada e equipada em que ocorrem as experiências para o público mais especializado. Uma das opções é a degustação Celebrar Chandon, realizada em espaço reservado, acompanhada por petiscos.
 

Cooperativa lança campanha para estimular o enoturismo na cidade de Garibaldi

Projeto Experimente Garibaldi partiu da vinícola de mesmo nome

Projeto Experimente Garibaldi partiu da vinícola de mesmo nome

/Augusto Tomasi/Divulgação/JC
Fomentar a economia da cidade por meio do turismo de vinhos. Essa é a ideia da Cooperativa Vinícola Garibaldi ao lançar a campanha "Experimente Garibaldi", em que dá destaque para os seus roteiros enoturísticos, ao mesmo tempo em que chama os visitantes a conhecerem a cidade como um todo, um dos berços da vitivinicultura gaúcha. A iniciativa ganha relevância extra no momento em que a promoção turística é um dos motores que deve alavancar o setor depois das enchentes. Nos últimos cinco anos, a procura pelos roteiros do Complexo Enoturístico da cooperativa cresceu quase 23%. Em 2023, o receptivo foi reinaugurado com novas salas de atendimento, uma ampla loja de vinhos e um novo roteiro.
Ao embarcarem na experiência "Uma História para Degustar", os turistas conhecem detalhes sobre a trajetória da cooperativa e veem como os vinhedos atravessam as estações do ano. No final, ocorre uma degustação numa das salas temáticas do passeio - Primavera, Verão, Outono e Inverno. A novidade é o roteiro "Taça & Prosa", uma harmonização comentada por enólogos e sommeliers da casa, que explicam detalhes sobre a elaboração das bebidas. Já o "Taça & Trufa" propõe a harmonização de diferentes vinhos e espumantes com trufas artesanais de chocolate - para muitos, pode ser uma experiência inusitada, mas quem já participou garante que vinho e chocolate combinam, sim. Para quem não tem medo de se aventurar por aromas e sabores, a experiência "Desperte seus Sentidos" explora sensações em uma degustação às cegas de produtos premium. Vendados, numa antiga pipa de madeira, os visitantes têm paladar e olfato testados para descobrir nuances de diferentes produtos.
Para que a vivência do turista seja completa, a campanha convida a explorar outros atrativos, como o tradicionalíssimo passeio de tim-tim, um veículo antigo, usado na década de 1940, que percorre o Centro Histórico e revela detalhes desconhecidos sobre Garibaldi e seus moradores. Outro atrativo que tem tudo a ver com o vinho e é destacado pela campanha é a Estação da Maria Fumaça, o trem que percorre os municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Carlos Barbosa, com paradas para degustar vinho, espumante, suco de uva e queijos.
 

Programação fora do roteiro revela diversificação da pioneira

Aurora foi a primeira a abrir sua produção, em Bento Gonçalves, ao público interessado em vinhos

Aurora foi a primeira a abrir sua produção, em Bento Gonçalves, ao público interessado em vinhos

/Zéto Telöken/Divulgação/JC
É fácil encontrar quem tenha, entre as suas memórias de infância, uma visita ao varejo da vinícola Aurora, no Centro de Bento Gonçalves. Pioneira na abertura para a visitação do público, com roteiros guiados pela produção, degustações e compras no varejo desde 1967, a Aurora viu o movimento despencar em maio e junho, em função das enchentes. A fidelidade do público, porém, já garantiu o retorno do movimento, que praticamente voltou aos patamares anteriores aos da tragédia. Em julho, mês de alta temporada, as três unidades receberam 14,4 mil visitantes.
Contando com a retomada, a cooperativa não para de investir em estruturas para atrair e recepcionar os visitantes. A estratégia adotada desde a inauguração do enoturismo é aproximar o consumidor da história da Aurora. A gerente de Turismo, Ana Maria Possamai, projeta para as próximas semanas a inauguração de mais um espaço receptivo, com capacidade para 80 pessoas. "Esse local fica no terceiro andar da matriz e poderá atender eventos corporativos e também grupos de turistas que desejam realizar cursos de harmonização e de degustação. Esses movimentos, somados à reabertura do Aeroporto Salgado Filho, nos dão um alento de que poderemos ter um bom fluxo de visitantes para o período de fim de ano", prevê.
Apesar de ser a mais conhecida e querida pelos consumidores, a matriz não é o único atrativo turístico da vinícola. Muita gente não sabe, mas a Aurora investe em outras modalidades para atrair diferentes perfis. Na unidade do Vale dos Vinhedos, além do varejo, o aficionado por vinhos também encontra degustações das linhas premium da marca. Mas é na unidade de Pinto Bandeira que o turista realmente descobre uma nova Aurora. Na área funciona uma espécie de estação experimental para o cultivo de vinhedos próprios - a Aurora é uma cooperativa, que adquire a matéria-prima das famílias associadas, e não possui vinhedos próprios, com exceção desta propriedade, em Pinto Bandeira. No local arborizado e retirado, no alto de uma colina, fica uma estrutura enxuta capaz de receber pequenos grupos para passeios, degustações ao ar livre e piqueniques.
Uma das atrações é o Wine Walk, com uma caminhada de cerca de 1h30min orientada por um sommelier, com explicações focadas nas Indicações Geográficas de Pinto Bandeira (I.P. e D.O.) e paradas para degustações dos vinhos elaborados com as uvas cultivadas no local.

Experiência da comida de beira de estrada é elevada com novidades

Casa di Pasto da Vinícola Salton oferece cardápio harmonizado

Casa di Pasto da Vinícola Salton oferece cardápio harmonizado

/Augusto Tomasi/Divulgação/JC
Há mais de um século, um dos imigrantes italianos recém-chegados ao Rio Grande do Sul teve a ideia de montar, na beira de uma das linhas mais movimentadas da Serra, uma casa para oferecer comida e bebida para os viajantes cansados e famintos. O primeiro negócio da Família Salton foi o que eles mesmo chamavam de Casa di Pasto, um local em que se serve alimentação. E, claro, vinho para acompanhar.
Há dois anos, a vinícola Salton, uma das maiores do País, resolveu olhar para o seu passado ao inaugurar, nos Caminhos de Pedra, em Bento Gonçalves, um local com o mesmo nome e com a mesma proposta: uma Casa di Pasto para alimentar as pessoas com comida familiar e saborosa e com o vinho produzido na região.
A ideia deu tão certo que não param de surgir variações para o mesmo tema. Além do atendimento ao público em geral que passa por ali todos os dias da semana, com cardápio caprichado e carta de vinhos da marca, a Salton lançou recentemente um brunch mensal, evento seleto para o qual é necessária reserva. Programado para substituir duas refeições - café da manhã e almoço - o brunch ocorre em um domingo por mês e oferece mesa farta com delícias como tábuas de frios, salgados e doces, além de serviço de porções quentes.
 

Percurso por jardins e caves impulsiona projeto

A história da vinícola Courmayeur começou em 1976

A história da vinícola Courmayeur começou em 1976

/Patrícia Lima/Especial/JC
A história da vinícola Courmayeur é antiga. Teve início em 1976, período em que a qualidade dos solos de Garibaldi começava a ser descoberta e estudada, revelando sua grande vocação para a produção de espumantes de qualidade. Foi quando um grupo de amigos começou um sonho de elaborar vinhos na Linha Garibaldina, área localizada no perímetro do Vale dos Vinhedos. Nos anos 1980, a empresa chegou a ser adquirida pelo grupo italiano Cinzano. Em 2003, a Família Nicolini Verzeletti assumiu querendo explorar o talento do local para a elaboração de espumantes - hoje, são cerca de 700 mil litros anuais da bebida. Até aí, porém, nada de turismo nas belas paisagens que o lugar guarda.
Foi preciso que as irmãs Talita e Gílian Nicolini Verzeletti assumissem o negócio para que as portas da Courmayeur se abrissem para os visitantes. O toque feminino das duas está em todas as etapas da administração do negócio, especialmente nos roteiros receptivos, que levam os visitantes às origens da família e do negócio, sem perder de vista a delicadeza e a descontração que o vinho e a gastronomia inspiram. Além de piqueniques nos jardins e vinhedos, degustações orientadas e serviços harmonizados, a vinícola acaba de lançar a experiência Cela da Cave Vinhos e Foundue. A degustação começa no Jardim La Fermata, seguindo para a vinícola com parada estratégica na cave - tudo, é claro, com vinho e conversa pelo caminho.
O visitante faz quatro paradas ao longo do percurso, todas com rótulos prestigiados da vinícola na taça. O ponto alto do roteiro é a entrada na Cela da Cave, local construído nos anos 1970, onde ainda hoje são armazenados vinhos históricos. É nesse local escuro e silencioso que começa a viagem gastronômica, com foundue harmonizado com vinhos e espumantes.
Para quem procura só alguns momentos de descontração com a família, a Courmayeur tem área pet friendly e espaço para recreação infantil - as proprietárias perceberam que oferecer um espaço seguro e lúdico para as crianças é um alento para pais que apreciam o enoturismo.

Do alto da torre, produtos com Denominação de Origem têm destaque

Torre amarela se destaca entre os parreirais na Vinícola Miolo

Torre amarela se destaca entre os parreirais na Vinícola Miolo

/Miolo/Divulgação/JC
Uma das primeiras paisagens a chamar a atenção de um visitante no Vale dos Vinhedos é a grande torre amarela que se destaca entre os parreirais na Vinícola Miolo. Pois é lá de cima que ocorre uma das mais prestigiadas degustações que a empresa oferece: a DOVV Espumantes. A sigla em si já é um sinal de qualidade. A Denominação de Origem Vale dos Vinhedos (DOVV) foi a primeira obtida pelos vinhos brasileiros para atestar a origem da matéria-prima, o rigor nos processos de elaboração e, claro, a personalidade dos rótulos produzidos na região. Nessa degustação, o visitante conhece quatro espumantes que carregam o selo da DOVV, entre eles o Íride, o ícone da vinícola, produzido pelo método tradicional e com 10 anos de envelhecimento em garrafa.
O passeio começa lá embaixo, no Vinhedo Modelo, localizado bem na frente do complexo. O enólogo ou sommelier responsável pela condução da experiência apresenta os parreirais, as muitas variedades plantadas ali e conta um pouco da história da Miolo. Depois de passar pela área de vinificação e pelas caves de envelhecimento, o turista sobe na torre, onde um cardápio de petiscos faz par com a paisagem. Dali se pode ver toda a extensão do Vale dos Vinhedos, além do icônico Lote 43, o primeiro plantado pela família Miolo ao chegar na região. Nos dias quentes e ensolarados, a degustação dos quatro melhores espumantes da vinícola ocorre junto com o espetáculo do pôr do sol, que de tão lindo parece ter sido, também ele, rotulado com um selo de Denominação de Origem.

Contato com a natureza potencializa o prazer gerado pela bebida

Sonho da família Zaneti realizado há um ano, a vinícola Madre Terra surgiu em um misto de ousadia, idealismo, estudo e pesquisa. Tainá Zaneti, professora da Universidade de Brasília, sommeliére, mestre em Agronegócio e doutora em Desenvolvimento Rural, se dedicou a compreender as características do território da família, em Flores da Cunha. Com tanto estudo, também veio a vontade de fincar ali um projeto diferente, cujo protagonismo seria inteiramente da natureza e das suas interações como o vinho e com as pessoas dispostas a conhecer essa proposta. "Este lugar é um refúgio, um paraíso que nos convida a viver tudo o que a natureza nos entrega. A energia deste lugar contagia e queremos compartilhar com todos um pouco deste privilégio",
destaca Tainá.

Surgiram assim as quatro experiências a que os visitantes mais interessados podem ter acesso. A mais imersiva delas é uma viagem enogastronômica em que o turista é o protagonista. O roteiro Cozinhar, Beber e Comer ocorre em uma cozinha montada dentro da vinícola, totalmente equipada para que os participantes aprendam sobre técnicas culinárias com a elaboração de pratos de alta gastronomia. Durante três horas, são preparados entrada, prato principal e sobremesa, tudo harmonizado com os rótulos da Madre Terra. Para quem busca momentos de reflexão e conexão, a experiência Winefulness conduz a um olhar interior. Há, ainda, o Brinde no Barco, uma das experiências mais lúdicas, e, por fim, a vinícola ainda oferece a Degustação Guiada, com uma seleção de quatro rótulos.

Degustações orientadas revelam as possibilidades do vinho brasileiro

Foppa & Ambrosi recebe turistas e curiosos em Garibaldi

Foppa & Ambrosi recebe turistas e curiosos em Garibaldi

/Foppa & Ambrosi/Divulgação/JC
Para os sócios Lucas Foppa e Ricardo Ambrosi, da pequena Tenuta Foppa & Ambrosi, de Garibaldi, degustar vinhos e comentá-los é a melhor experiência enoturística possível. É por isso que eles mantêm abertas, todos os dias, as portas da vinícola, que é onde os turistas são recebidos para alguma das cinco modalidades de degustação que a marca oferece.
A história dos dois amigos com o vinho começou na faculdade de Enologia, em Bento Gonçalves. Os dois trabalhavam em grandes vinícolas da região e resolveram elaborar vinho na garagem da casa de um deles. Não demorou muito para perceberem que o vinho até era bom, mas eles não sabiam nada do que era preciso fazer para vender aquele lote e ganhar dinheiro com isso. Foi quando partiram juntos para uma aventura nos Estados Unidos, na região de Napa Valley, onde estagiaram em grandes vinícolas e começaram o sonho de abrir o próprio negócio no Brasil.
As degustações oferecidas na pequena cave, em Garibaldi, revelam a visão dos dois sobre o processo de elaboração de vinhos. Ousados, eles buscam uvas em diferentes terroirs e não têm medo de cortar, misturar, equilibrar, até que o resultado seja marcante. Foi assim que eles firmaram uma parceria para elaborar um vinho em Napa Valley, que hoje é destaque absoluto entre o portfólio da empresa. As cinco modalidades de degustação percorrem os rótulos de entrada, as linhas especiais e chegam até os ícones da Foppa & Ambrosi, sempre acompanhadas por tábuas de pães, queijos e charcutaria. E o melhor é que a chance de ouvir todas essas histórias do próprio Lucas é grande. Sempre que pode, ele mesmo recebe os turistas.

Trem do Pampa impulsiona enoturismo em Santana do Livramento

Veículo parte da Estação Ferroviária de Livramento e inclui visita com degustação de vinhos

Veículo parte da Estação Ferroviária de Livramento e inclui visita com degustação de vinhos

/TÂNIA MEINERZ/JC
Segunda maior região produtora de vinhos finos do País, detentora de uma Indicação de Procedência e ainda com algumas das vinícolas mais modernas e exuberantes, a Campanha Gaúcha ainda tem um fluxo de turistas pequeno, diante das possibilidades do local. As grandes distâncias entre um empreendimento e outro é um dos fatores que explica o baixo fluxo de visitantes - que vem crescendo de forma consistente, mas ainda está longe de alcançar seu potencial.
Inaugurado em julho deste ano, o Trem do Pampa é uma opção para encurtar essas distâncias e oferecer experiências qualificadas na região. A locomotiva com dois vagões parte da Estação de Santana do Livramento, com parada na Estação de Palomas, totalizando 20 quilômetros de percurso. Operado pela Giordani Turismo, funciona às sextas, sábados e domingos, com atrações culturais e degustação de vinhos a bordo. Também ocorre uma parada para visitação e degustação na Vinícola Almadén, uma das unidades da Miolo Wine Group.

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