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Publicada em 27 de Setembro de 2024 às 11:02

Vinho e pecuária formam parceria em estância de Bagé

Atualmente, a Estância Paraízo produz média anual de 15 mil garrafas de vinhos e espumantes

Atualmente, a Estância Paraízo produz média anual de 15 mil garrafas de vinhos e espumantes

Estância Paraizo/ Divukgação/Jc
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Roberto Hunoff
Roberto Hunoff Jornalista
A Estância Paraízo, localizada em Bagé, tem uma história de 230 anos vinculada à pecuária. Desde 2000, no entanto, ela passa também a ser reconhecida pela produção de uvas e vinhos a partir de um projeto da vinícola Salton na Região da Campanha em uma área de 156 hectares, com 25 produtores.
A Estância Paraízo, localizada em Bagé, tem uma história de 230 anos vinculada à pecuária. Desde 2000, no entanto, ela passa também a ser reconhecida pela produção de uvas e vinhos a partir de um projeto da vinícola Salton na Região da Campanha em uma área de 156 hectares, com 25 produtores.
Um dos objetivos era melhorar a qualidade da matéria-prima de forma a fazer frente ao ingresso de vinhos importados, que começaram a ganhar espaço em 1990, com a abertura do mercado pelo então presidente Fernando Collor de Mello. O primeiro estágio foi fornecer uvas para a Salton por mais de 10 anos.
Após vinificações experimentais em 2011, 2012 e 2016, surgiu a ideia de consolidar uma vinícola, proposta apresentada por Victoria Mercio ao pai, atual proprietário da estância, em 2018, e que se transformou em realidade. "Tinha participado de feiras e de alguns eventos do setor, onde percebi que era possível criar algo maior. Ao invés de somente vender a matéria-prima, propus investir no negócio do vinho, aproveitando o movimento que havia para criar uma indicação de procedência para a Campanha, o que se concretizou em 2020, bem como a história da propriedade", recorda.
Atualmente, a Estância Paraízo produz média anual de 15 mil garrafas de vinhos e espumantes elaborados a partir de uvas Syrah e Cabernet Sauvignon, plantadas na propriedade. A vinificação é feita em empresa parceira da região. Mas parte considerável do equipamento e o acompanhamento enológico já estão sob os cuidados da Estância Paraízo, que prepara projeto de ter sua própria vinícola na propriedade.
A diretora de operações do negócio de vinho adianta que o objetivo é transformar em vinícola uma edificação que, no passado, era usada para tosquia de ovelhas e depósito das lãs.
"O projeto arquitetônico já está pronto, faltando apenas detalhamentos industriais. Vamos dar sentido a uma estrutura que está ociosa, mas que tem uma história representativa", destaca.
Também haverá aporte na ampliação do vinhedo de Syrah de forma a atender a expectativa de aumento de demanda. Ela recorda que a variedade foi uma escolha pessoal do pai, que se apaixonou por ela ainda criança quando conheceu sua história no Oriente Médio. "Ele fez com que o pessoal da Salton fosse buscar as mudas na África do Sul, pois as fornecidas usualmente, da Europa, não estavam disponíveis em função de calendário. Hoje, é uma das uvas mais importantes da vitivinicultura brasileira, basta observar o grande volume de vinhedos do Sudeste", destaca.
Para iniciar a venda de produto próprio, foi feita uma revisão do portfólio e investimentos no desenvolvimento de rótulos diferentes. Os nomes dos vinhos têm relação com personalidades históricas. O vinho Syrah leva o nome de Camilo Mercio, pioneiro da família de origem açoriana a desbravar a região, atual fronteira do Brasil com o Uruguai. O Cova de Touro, assemblage de Syrah com Cabernet, relembra o coronel Thomaz, herói Maragato da Revolução de 1893. Ele pediu aos filhos para ser enterrado em uma cova de touro (escavação feita com as patas e os chifres quando os animais se preparam para uma luta). "Fui buscando histórias reais de personagens que viveram em momentos muito distintos, mas personificam história do Rio Grande do Sul", explica Victória Mércio. No total são sete rótulos: cinco vinhos e dois espumantes. Nem sempre, porém, são vinificados em todas as safras, pois existe a dependência de oferta de matéria-prima.
A diretora salienta que a propriedade é o registro não apenas da história da sua família, mas de centenas de outras que eram agregadas ou residiam nas proximidades. "Por isso, o projeto do vinho vem muito com esse propósito de resgate para contar ao mundo esta história", explica.
O principal canal de venda dos produtos da Estância Paraízo é por meio de distribuidores, que atuam junto ao varejo especializado e restaurantes. Também é significativa a venda por meio do enoturismo na propriedade.

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