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Publicada em 10 de Novembro de 2022 às 11:51

Mercado do azeite se inspira no do vinho para avançar

Estância das Oliveiras, de Viamão, promove diversas experiências gastronômicas para membros de um clube, que é gratuito

Estância das Oliveiras, de Viamão, promove diversas experiências gastronômicas para membros de um clube, que é gratuito

/Estância das Oliveiras/Divulgação/JC
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Maria Amélia Vargas e Mauro Belo Schneider
Maria Amélia Vargas e Mauro Belo Schneider
Assim como ocorreu no mercado de vinhos, a indústria de azeites de oliva tem trabalhado para educar os consumidores sobre a qualidade do produto. Quem pensa que os importados são os melhores, engana-se. Azeite de oliva bom é o local e o mais fresco possível. Neste contexto, cresce no Rio Grande do Sul o investimento no setor de turismo que envolve as oliveiras, o chamado olivoturismo.
O Estado, inclusive, tem registrado aumento na produção. A safra de 2022 somou 448,5 mil litros de azeite de oliva extravirgem, um crescimento de 122% em relação ao mesmo período do ano anterior, no qual foram produzidos 202 mil litros. O presidente do Ibraoliva, Renato Fernandes, comemora os números e vê potencial para mais crescimento. "A cada ano, o interesse pela produção aumenta, as parcerias público-privadas vão se estabelecendo com mais força e a tendência é de crescimento exponencial ano a ano", afirma.
Na medida que aumenta o volume, aumenta o interesse do público sobre as características que fazem um bom azeite. Em Porto Alegre, por exemplo, aos sábados, ocorre a Feira do Azeite no pátio da Secretaria de Agricultura, na avenida Getúlio Vargas, nº 1.384, no bairro Menino Deus. O evento sempre registra movimento intenso.
Para quem quer aprender mais sobre a produção, um dos principais destinos fica a 28 quilômetros de Porto Alegre: a Estância das Oliveiras, em Viamão, que surgiu do sonho dos donos da Quinta da Estância. Ali, os turistas podem conhecer o pomar e a fabricação dos azeites. Para isso, é necessário ser membro do clube, cujo ingresso é gratuito. "Já temos 45 mil membros. Isso mostra o interesse das pessoas de todo o Brasil pelo olivoturismo. Oferecemos atendimento em inglês, francês e espanhol para grupos estrangeiros também", detalha Rafael Sittoni Goelzer, um dos donos da propriedade.
Para iniciar a produção na Estância das Oliveiras, há 18 anos, o pai de Rafael, Lucidio Morsch Goelzer, visitou instalações na Europa e em outras partes do mundo. Na volta, ele procurou a Embrapa para que a área de Viamão virasse centro de pesquisa dos olivais, embora a cidade não estivesse no mapa da espécie. "O pai colocou 1 mil árvores. Cinco anos depois, a região foi considerada propícia", narra Rafael.
Ainda na comparação com o vinho, o empreendedor justifica o valor do azeite pelo rendimento da colheita. "Se você colher 10 quilos de uva, produz cerca de 7,5 litros de vinho. Se colher 10 quilos de azeitona, faz um litro de azeite", relaciona.
A Estância das Oliveiras se consolidou comercialmente quatro anos atrás. De 2021 para 2022, houve um aumento de 300% na produção, com um volume de 4,1 mil litros de azeite extravirgem ultra premium. O negócio, inclusive, tem ganhado diversos prêmios internacionais. Está entre os 10 melhores azeites do mundo e é considerado o melhor azeite brasileiro no concurso mundial TerraOlivo, de Israel. "Neste prêmio, foram 69 juízes internacionais de mais de 20 países diferentes com todas as avaliações às cegas", relata Rafael. O trabalho com o público em Viamão, no entanto, é fundamental. "Criamos a Estância para empoderar o consumidor. Ele não tinha a prática de consumir azeites frescos, estava com o paladar de baixa qualidade", avalia, mencionando o respeito às boas práticas ambientais. A propriedade, por exemplo, conta com 340 galinhas da angola para proteger as olivas das formigas.
Tudo isso, o público aprende, interfere na qualidade do líquido.
 

Sonho do avô une família em torno da produção de azeites de oliva em Cachoeira do Sul

Nos próximos cinco ou 10 anos, a produção do Azeito Puro deve ganhar uma
pousada e um espaço gourmet

Nos próximos cinco ou 10 anos, a produção do Azeito Puro deve ganhar uma pousada e um espaço gourmet

Azeite Puro/Divulgação/JC
José Eugênio Farina, falecido em 2020, aos 95 anos, trabalhou muito tempo na indústria de móveis. O fundador da Todeschini, no entanto, sempre teve o sonho de ter uma empresa de azeites de oliva. Ainda em vida, ele viu seus netos se unirem para tornar isso real, ao lançarem a marca Azeite Puro. O negócio, hoje, está em crescimento: nos próximos cinco ou 10 anos, a produção em Cachoeira do Sul deve ganhar uma pousada e um espaço gourmet.
“Quando meu avô começou a perceber que o produto estava em crescimento no Rio Grande do Sul, comentou, num almoço de família, que pensava em fazer investimento nesta área. Começou em 2012, perto dos 90 anos de idade. Ninguém deu muita bola. Passaram alguns meses e, no Natal de 2013, ele disse que faria essa empresa e iria precisar da ajuda de pessoas da família ou traria uma equipe de fora”, lembra Rafael Farina, diretor de marketing e relacionamento. Agora, além dele, trabalham na Azeite Puro seus primos Liliane Farina, Fernando Farina e Eduardo Farina Machado.
Na época, a segunda geração estava com uma demanda de trabalho grande na indústria de móveis, até porque eles sabiam que José Eugênio não pensava pequeno. Veio, então, a sugestão para que os netos virassem sócios e o avô achou o máximo. “No dia seguinte, estávamos nos reunindo com ele para ver como seria a empresa, procurar terras. Em 2014, começou esse processo todo. Lançamos no início de 2018, com 2 mil litros”, expõe Rafael.
Em quatro anos, a produção cresceu 10 vezes: em 2022, foram 20 mil litros. A expectativa é que, até 2030, passe dos 100 mil litros na propriedade que tem área plantada de 200 hectares.
Como os empreendedores entendem a importância de mesclar produção com turismo, o Azeite Puro tem trabalhado com o Instituto Brasileiro de Olivicutura (Ibraoliva) em busca de soluções. “Queremos trazer o interesse para o setor das oliveiras, assim como já tem com a uva, bastante forte na Serra. Enxergamos a necessidade de trazer investimentos que melhorem a infraestrutura na região, que passa pela questão das estradas e da rede hoteleira”, comenta.
Rafael destaca, ainda, que é importante aproximar o público para que ele entenda por que o azeite nacional é um produto mais caro que o que vem de fora. “O azeite feito no Estado é um grande aliado para a nossa saúde, com benefícios dos mais variados. Os de fora, que tem menos azeite de oliva, podem fazer mal. Quem pensa em comprar um azeite para pagar menos, no futuro, terá custo maior com médicos e remédios para tratar o que colocou de ruim para dentro do organismo”, interpreta.
O Azeito Puro soma medalhas de ouro no Brasil IOOC e no Dubai IOOC, além de ter sido eleito para o Guia Flos Olei dos melhores azeites do Mundo e faturado o Prêmio Lodo italiano.

Sudeste da serra gaúcha percebe demanda e aposta em investimento no olivoturismo

Verde Louro Azeites lançará projeto em 2024 que inclui visita aos pomares e explicações sobre as variedades de azeitonas

Verde Louro Azeites lançará projeto em 2024 que inclui visita aos pomares e explicações sobre as variedades de azeitonas

/verde Louro Azeites/DIVULGAÇÃO/JC
Antes de se aventurar no universo do azeite de oliva extravirgem, a família Furhmann visitou outros países conhecidos por desenvolver produtos de alta qualidade. Imersos nesta cultura, plantaram os primeiros pomares da Verde Louro Azeites, em 2010, no sudeste da serra gaúcha. Canguçu foi o local escolhido pelas suas características de clima e de solo.
De forma gradual, a área cultivada se estendeu e, atualmente, há mais de 200 hectares plantados - que correspondem a aproximadamente 60 mil árvores de oliveiras. "A cultura é relativamente recente no Brasil, mas já estamos há mais de 10 anos trabalhando com oliveiras de uma tipo especial, que se adaptaram com perfeição ao clima do Sul", explica Daiana Fuhrmann, proprietária da fazenda.
Diante deste crescente mercado, a Fazenda Louro Azeites tem projeto voltado ao olivoturismo, que deverá ser entregue em 2024 no munícipio. Comparando o mercado do azeite com o do vinho, a cada safra há uma expectativa de resultados exclusivos no que se refere aos sabores e aos níveis de atributos sensoriais. "A tendência é cada vez maior de se investir em visitações, com intuito de apresentar seus produtos e proporcionar incríveis experiências gastronômicas tendo o azeite como protagonista", ressalta a proprietária.
O passeio incluirá a exposição dos lagares (fábricas onde são produzidos os azeites instalados dentro dos próprios pomares), as diferenças entre os tipos de azeites e as variedades de azeitonas. Segundo Daiana, "uma curiosidade é que o consumidor está descobrindo que os azeites possuem sabores distintos e que remetem a experiências sensoriais incríveis".
Colhida em 2016, a primeira safra, que rendeu cerca de 2 mil litros, conquistou medalhas de ouro na Itália e na Espanha, certificando a qualidade do azeite produzido no Estado. Desde então, ano a ano, a marca coleciona prêmios nos mais renomados concursos deste segmento no mundo. Destaque para o Flos Olei, um dos mais importantes guias do mundo para os azeites extravirgem, realizado anualmente na Itália.
"A produção de azeite vinha em uma crescente desde o ano de 2016, ocorrendo uma estabilidade nos dois últimos anos devido ao aperfeiçoamento no sistema de poda que trará um resultado de aumento satisfatório de produção na próxima safra, que ocorre em 2023", destaca Daiana. Anualmente, explica a produtora, a safra de oliveiras ocorre em períodos que variam do final de janeiro a abril, temporada que emprega até 50 trabalhadores.
A região subtropical, com baixos níveis de chuva ao longo do ano, combinada às propriedades especiais de solo, tornam o local ideal para o plantio de oliveiras de elevada qualidade. As variedades cultivadas pela Verde Louro Azeites são a arbequina, arbosana, picual e manzanilla, espécies de azeitonas espanholas. Além disso, são semeados o Frantoio e a Coratina, de origem italiana, e o koroneiki, que vem da Grécia.
Segundo a produtora, os três principais atributos que devem aparecer nos azeites extravirgens são o frutado, o amargor e a picância em maior ou menor grau. "Pensando nisso, fomos os pioneiros na produção de azeites voltado para o público infantil, lançando os Azitos Kids, de intensidades mais suaves, indicados para crianças a partir de seis meses de idade."

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