Um debate sobre a relação entre a comunicação e a inovação abriu os painéis da manhã desta quinta-feira, 10 de abril, do South Summit Brazil, em Porto Alegre. Especialistas analisaram como as inovações podem ser divulgadas para o público em geral, a fim de ampliar o impacto desses conteúdos para a transformação social. A conversa foi mediada pela jornalista Bruna Suptitz (colunista do Jornal do Comércio e apresentadora da Rádio Bandeirantes).
Tendo como ponto de partida o case do Pacto Alegre - movimento público-privado criado há seis anos e que busca transformar a Capital em um hub de inovação global até 2030 -, o head de Comunicação da iniciativa, Ricardo Gomes, falou sobre os principais meios utilizados para furar a bolha e atingir um maior número de pessoas.
Gomes mostrou a relação forte do Pacto com a mídia, que alavancou a iniciativa. "Contamos com o trabalho de uma assessoria de imprensa, a Comunica Mais, além de outros parceiros e voluntários" para divulgar informações relevantes aos meios de comunicação. O movimento foi abraçado pela imprensa de Porto Alegre o que, aliado ao esforço conjunto do Pacto, resultou em mais de R$ 6 milhões em espaços de mídia espontânea. "Muitas vezes, isso é quatro ou cinco vezes o orçamento de um negócio na área de comunicação. E como aconteceu? Com o trabalho focado na divulgação dos projetos com o objetivo de desenvolvimento na Capital", pontuou o executivo.
Nesse sentido, o gerente-executivo de Jornalismo Digital do Grupo RBS, Rodrigo Müzell, sustentou que o jornalismo serve como um ponto de encontro entre as experiências e, como tal, tem o papel de unir a todos em um mesmo ambiente de conversa. "Atuamos com o compromisso de dar visibilidade ao que acontece ao nosso redor e de inspirar a partir das melhores práticas e das experiências que dão certo e também das que não dão tão certo, né? Queremos mostrar o que funciona e o que não funciona para que todos ao final aprendam", explicou.
Na sua avaliação, as mídias tradicionais têm a missão de mostrar que "inovação é mais do que uma tecnologia muito nova ou super disruptiva e sim um hábito, uma postura e uma disciplina que o estado precisa ter para para evoluir". Entretanto, para que haja essa sinergia entre o fato e a sua disseminação na imprensa, é preciso que os critérios da seleção das notícias sejam seguidos, ressaltou Müzell. "Quando a gente fala de inovação, um critério fundamental é o impacto que essa ideia ou essa iniciativa está tendo naquela comunidade, ou o potencial de impacto que ela vai ter na nossa comunidade como um todo."

Debate abordou relações dos meios de comunicação com o ecossistema de inovação de Porto Alegre
Tânia Meinerz/JC
O editor-chefe do Jornal do Comércio, Guilherme Kolling, lembrou que a história do veículo é fruto de uma inovação, quando, em 1933, a publicação impressa começou a noticiar o detalhamento das cargas que chegavam ao porto da cidade, o que permitiu aos atacadistas organizarem suas compras. Kolling comentou, por sinal, que o JC nasceu exatamente no lugar do painel, o antigo porto da capital gaúcha, há 92 anos.
“Para se manter nestas nove décadas, o JC foi sempre se atualizando e inovando. Hoje seguimos trazendo informações sobre economia estratégicas para os negócios. Nesse cenário, temos um olhar de atenção permanente para a área de tecnologia. Inclusive com uma jornalista especializada e pioneira no assunto, setorista de inovação desde o início dos anos 2000, que é a colunista Patricia Knebel", observou.
Dessa forma, o jornal acompanha de perto a área e, naturalmente, viu o surgimento dos parques tecnológicos nas universidades de Porto Alegre e a criação do Pacto Alegre em 2019. "Ao noticiar, entrevistar especialistas na área, acabamos ajudando a fomentar a criação do movimento, que consolidou o ecossistema de inovação da cidade e gerou frutos, como a realização do próprio South Summit”, enfatizou.
Para o jornalista, esse é um exemplo emblemático de como a inovação e a comunicação se ajudam e se retroalimentam. "Os meios de comunicação, ao noticiar, entrevistar, fomentam essa colaboração, com o debate e a troca de ideias. As pessoas, ao receberem essas informações, ao saberem dessas iniciativas, podem buscar se associar a elas, como aconteceu com o Pacto Alegre."

Editor-chefe do Jornal do Comércio, Guilherme Kolling lembrou que o diário de economia tem cobertura especializada em inovação desde o início dos anos 2000
Tânia Meinerz/JC
Kolling vê nesse ciclo um impulso ao desenvolvimento e a práticas e empreendimentos de inovação. "A notícia veiculada nos meios de comunicação também ajuda a legitimar, a consolidar essas iniciativas e inclusive ajuda a definir políticas públicas na área de inovação. O Pacto Alegre, por exemplo, já passou por três gestões, e segue respaldado com apoio privado e governamental”, concluiu.