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Na Voluntários, o American Boite foi o 'recanto chic' da Porto Alegre dos anos 1940 e 1950
Inaugurado em agosto de 1945, o dancing American Boite foi uma das mais concorridas casas noturnas de Porto Alegre durante mais de duas décadas
Os clarões da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) ainda não tinham se apagado quando uma nova ordem capitaneada pelos Estados Unidos ensaiava os seus passos em boa parte do planeta. Ao embalo de discos, filmes, propagandas, modas e globalização do idioma inglês, essa redecoração do cenário impactou o divertimento noturno no Ocidente, até então sob forte influência francesa. Pois essa onda 'ianque' já se fazia sentir nos ambientes sociais de Porto Alegre, escala artística quase obrigatória na rota Rio de Janeiro-Buenos Aires, e que bailava com desenvoltura entre influências europeias e latino-americanas.
Leia as demais matérias da série Porto Noite Alegre:
• Clube da Chave: a casa noturna mais intelectual de Porto Alegre
• Boate Barbazul: um coquetel de profissionalismo na noite porto-alegrense
• La Camorra: uma boate especialmente construída na avenida Goethe
• Looking Glass, a primeira 'discoteque' de Porto Alegre
• Boate Anos Dourados: diversão garantida para jovens-adultos na Cidade Baixa
• Boate Lei Seca foi fenômeno de popularidade na década de 1990
• Bar e boate Azteca foi pioneiro no movimento boêmio da rua Padre Chagas
Leia as matérias da primeira temporada da série Porto Noite Alegre aqui
• Clube da Chave: a casa noturna mais intelectual de Porto Alegre
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Expirado o prazo de validade da fase áurea de cafés, cabarés-cassinos e similares como espaço preferencial da boemia mais fervorosa, que não queria guerra com ninguém, seus adeptos tiveram a atenção despertada por mais uma promessa irresistível de prazer: os dancings. Diferentes níveis de aprumo diferenciavam tais estabelecimentos, movidos a álcool e mulheres em casarões com pista e palco para música ao vivo e performances artísticas. Desde o pioneiro Oriente (1935), dezenas de night clubs frequentados pelo público masculino estrelaram um longo e vibrante capítulo na história da cidade.
Hollywood. Tabaris. Casablanca. Swing Star. El Marocco. Chantecler. Pássaro Azul. Liliane. Vila Sueca. Boulevard. Jardim de Allah. Tareco. Galo. Mi Ranchito. Cacique. Shinu. El Bolero. 1001 Noites. A lista era extensa e espalhada pelos bairros. Mas foram os endereços entrincheirados nas primeiras quadras da rua Voluntários da Pátria os mais concorridos. Castelo Rosado, Mexican, Royal, Everest, Tropical, Eldorado, Paris, OK, Mocambo, Cometa, Rian. E um ícone: o American Boite (1945-1968), que compunha com o vizinho Maipu e o Marabá, na avenida Siqueira Campos, a Santíssima Trindade dos cabarés da capital gaúcha.
Inaugurado em 22 de agosto de 1945 (uma semana após a segunda bomba no Japão decretar o fim da briga), o autoproclamado "ponto chic da cidade" oferecia instalações caprichadas, scotch legítimo e um programa permanente de atrações das mais sortidas procedências. As melhores orquestras, típicas e conjuntos melódicos. Cantores e bailarinos, de ambos os sexos. Strip teases de ranger os dentes. E as "mariposas" a estimular o consumo etílico, muitas de prontidão para encontros em outros locais - os dancings de categoria não possuíam quartos.
Em tempos pré-aterro do Guaíba, a proximidade da zona portuária e linha férrea fizeram com que o antigo Caminho Novo, aberto no início do século de 1800, recebesse intensa movimentação noturna de marujos, forasteiros e figuras do baixo clero local. Havia também uma distância relativamente segura do burburinho de uma cidade ambígua entre conservadorismo provinciano e aspirações cosmopolitas. Arquiteta e professora da Pucrs, Leila Nesralla Mattar ilumina um tema que inspirou sua tese de Doutorado 4º Distrito - a Modernidade de Porto Alegre:
"O American Boite ocupou um palacete construído na década de 1910 para servir de residência ao rico comerciante Alfredo Dillenburg [1872-1929], quando a Voluntários da Pátria ainda era uma zona relativamente periférica, com fábricas, oficinas, armazéns, trapiches e moradias, simples ou refinadas. Assim como vários membros da elite econômica de origem alemã, sua família acabou 'subindo' para o bairro Moinhos de Vento nos anos 1930, deixando para aluguel um imóvel com duas belas reformas, de ampliação e fachada, ambas assinadas por Theo Wiederspahn [1878-1952], autor de projetos emblemáticos como o do Hotel Majestic."
Noitadas de alto padrão
Em meio a um universo de casas noturnas tradicionalmente comandadas por homens, o American Boite teve como fundadora uma mulher, Aurélia Garcia, de trajetória pregressa como dona de uma pensão "exclusiva para artistas" na rua Andrade Neves. Pouco mais restou conhecido de sua biografia, o que não impede divagações sobre um ótimo tino gerencial. Basta uma consulta a jornais como a Folha da Tarde para deparar com propagandas regulares do dancing da Voluntários da Pátria, eventualmente escamoteadas de notícia paga para alardear atrações nacionais e estrangeiras que faziam jus ao emblema inspirado no mapa das Américas.
O "ponto chic da cidade" trocaria de mãos em 1949, passando ao comando de Gabriel Fadel, dono de um café na rua Sete de Setembro e que manteve o alto nível da programação. "Público seleto", "Ambiente finamente decorado", "Magníficos shows" e outras qualidades sublinhavam propagandas de até página inteira, uma das quais apregoava a pretensa exuberância das instalações do palacete 1.239 do antigo Caminho Novo. Hall com fonte, chafariz e vitral artístico. Sala de estar mobiliada em cetim de tons grená. Barzinho americano para drinks e especialidades. Restaurante com mesas e pista de dança em frente ao palco - um grill-room, no vocabulário do período.
Apesar dos holofotes direcionados sobretudo a espetáculos estrelados por talentos femininos que jamais repetiam um vestido, a nova gestão diversificava ainda mais a sua aposta em novidades. Em uma mesma noitada era possível apreciar uma cantora lírica especialmente contratada no Chile, bailarina espanhola, sapateador venezuelano, acrobata uruguaio, cômicos paulistas e o irresistível suingue da orquestra porto-alegrense de Ernani & Marino. O tablado do American Boite recebeu até um adestrador carioca para minitemporada com seus dois cães bailarinos e um macaco-travesti.
O fascínio exercido pela casa também alcançava gente sem dinheiro para bancar a despesa em um recinto onde pedir uma bebida era pré-condição para não ser convidado a dar o fora. Driblando os bolsos vazios, o pessoal menos aquinhoado eventualmente apelava a desvarios. Hoje aposentado como engenheiro-agrônomo, Joé do Amaral Campos vivia na época os seus tempos de dureza como jovem estudante da Escola Técnica Agrícola de Viamão (ETA) quando arriscou uma incursão pela boate em certa noite de 1963, aventura responsável por uma história que ainda o diverte, aos 82 anos. E não foi ele o protagonista.
"Além do patrulhamento das ruas, as duplas de guardas civis 'Pedro e Paulo', no apelido popular, costumavam realizar batidas em lugares onde pudesse haver suspeitos, foragidos ou algo do tipo", narra. "Pois dois policiais resolveram dar uma incerta no American e, de primeira, escolheram um cidadão distraído com um show de strip-tease. Ao ter sua diversão interrompida por tapinhas no ombro, o sujeito entrou em uma tremedeira que acionou o 'desconfiômetro' dos agentes. Uma rápida prensa foi suficiente para que entregasse o motivo do nervosismo: ele estava ali com o 'patrocínio' de uma grana desviada do patrão."
Bons de dança
O cenário boêmio da Voluntários do terceiro quarto de século foi também território para o desfile de uma casta de personagens tão folclóricos quanto seus apelidos. Habituês como Paulistinha, Maranhão, Canguru, Tenente Machado, Mário Caolho, Vinícius Sapo, Magro Raul, Ivan Cabeça, Léo da Aeronáutica, Chinês Santana, Mário Pernada, Brasileiro Vergara, Negro Ariosto, Judeu Sem-Pescoço. Na falta de melhores atributos físicos ou financeiros para um galanteio mais vigoroso, muitos se mostravam exímios pés-de-valsa, disputados quase a tapa pelas moças da casa.
Defensor público aposentado e então baterista do Conjunto Mocambo, Gabriel Krause menciona a presença de outra espécie de dançarino nas casas noturnas daquele trecho da cidade: os "H", em referência à expressão "fazer um agá", ou seja, agradar. Peritos nos passos de gêneros como o tango, sua incumbência era puxar o movimento na pista. "Antes de ficarem manjados pelo pessoal, eles permaneciam nas mesas como se fossem clientes, mas à espera da hora certa de dar o bote", conta ele aos 83 anos. "Eram caras bem-vestidos, charmosos, malandros", descreve. "Não é difícil imaginar o tremendo sucesso que faziam com a mulherada."
Nos dois volumes de seu livro de memórias Os Anos Dourados da Praça da Alfândega (1992), o professor José Rafael Rosito Coiro (1938-2007) contribui com episódios presenciados durante a juventude boêmia: "Existia um fiscal aduaneiro que, embora casado, estava sempre presente no American. Ele praticamente 'parava' a casa ao dançar e vivia dizendo que gostaria de morrer bailando. Pois certa noite caiu fulminado por um infarto em plena pista. Cumpriu-se assim o seu desejo (...). Casamentos também resultaram de encontros dentro na boate, uns deram certo e outros foram verdadeiros desastres".
Coiro ainda relembraria, durante entrevista a este repórter em 2005, a presença dos porteiros Jorginho e Sarará, além do leão-de-chácara Turquinho, "baixo, troncudo e bom de briga, capaz de agir com extrema violência para encerrar alguma desordem". Sua fama, aliás, seria ampliada nos anos 1950-1960 ao comandar a Cabana do Turquinho, cabaré instalado em galpão de madeira na esquina da avenida João Pessoa com Venâncio Aires e ainda na memória da cidade como reduto festivo onde intelectuais e boêmios menos ortodoxos conviviam pacificamente com gays, travestis, prostitutas, gigolôs, malandros e outros grupos marginalizados.
Mercado de trabalho
Porteiros. Seguranças. Garçons. Barman. Chapeleiros. Cigarreiros. Mestres-de-cerimônia (cabaretiers). Ensaiadores. Dançarinas. Performers. Figurinistas. Cantores. Instrumentistas. Nos estabelecimentos de melhor pedigree, o pessoal se divertia ao som de tangos, boleros, mambos, sambas orquestrados, números folclóricos e o jazz estilo swing enquanto um farto staff de colaboradores se encarregava de garantir dança, música, jantares e muito birinaite, servido sob a supervisão implacável de um controller, fiscal encarregado de evitar molecagens no serviço de bebidas, principal fonte de renda do negócio.
Isso tudo sem contar o franco comércio sexual, responsável pela alta rotatividade em dezenas de rendez-vous da região (o linguajar afrancesado ainda ecoava na cidade), pensões-bordéis onde clientes dos dancings podiam estender a noitada - apenas o Maipu manteve quartos para intimidades na horizontal. Tempos de prostitutas que mexiam com o imaginário da rapaziada e gigolôs tão elegantes quanto temidas as suas navalhas - cronistas dariam status de mito ao rufião Carioca, ex-brigadiano que recebera o apelido ao retornar do Rio de Janeiro depois de uma frustrada tentativa de carreira futebolística no Vasco da Gama.
"Naquela época era possível caminhar pela região dos cabarés com relativa tranquilidade, em meio ao assédio constante das moças que faziam ponto na rua", testemunha o inspetor aposentado, ex-cantor e hoje poeta Gilberto Stone Braga, 85 anos. Ele tira da gaveta dois lances pitorescos para a antologia dos dancings da Voluntários: "Lá por 1965, eu vi duas beldades se atracarem a pau por causa do pianista Cidinho, que tinha mais simpatia do que beleza. E de um cantor que, sem conseguir alcançar a última nota de uma música ao dar uma 'canja' em pleno palco do Marabá, acabou apelando para o assovio".
Quase sem exceção, as "girls" a serviço do American Boite contavam histórias pessoais de origem abastada e expulsão familiar, relatou Rosito Coiro em seu depoimento: "Algumas falavam a verdade, como uma cantora argentina que, visitada por amigos gaúchos após retornar a seu país, vivia em uma mansão com fazenda de gado perto de Buenos Aires. Também fez história a bailarina negra Cubanita de Bronze, especialista em mambo e cujas performances incluíam segurar uma taça de champanhe entre os seios, antes de alcançar sucesso inclusive fora do Estado, a ponto de abrir boate própria no bairro Menino Deus, a Chez Cubanita".
Casas noturnas, emissoras de rádio e eventos com música, aliás, proporcionavam fonte regular de sustento ou complementação de renda a maestros, cantores e instrumentistas, muitos deles imigrantes. Para as centenas de músicos da cidade, o período coincide com o avanço de um movimento de conscientização e engajamento a questões de classe, tendo na organização da categoria a busca por dignidade em um cenário marcado pela informalidade e sujeito a toda ordem de descumprimentos da legislação trabalhista vigente desde 1934 e ainda com lacunas. Não à toa, nem todos viviam exclusivamente da atividade.
"Fundado em 1935 como continuação do Centro Musical (1920), o Sindicato dos Músicos de Porto Alegre teve mais de 700 filiados até o início da década de 1960", contabiliza a historiadora gaúcha Júlia Rosa Simões, 43 anos. Autora da tese de doutorado Na Pauta da Lei: Organização Sindical e Luta por Direitos entre Músicos Porto-Alegrenses, defendida na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) em 2016, ela acrescenta: "Havia uma tentativa de melhor compreensão do jogo no qual estavam inseridos, para se obter proteção social e justiça enquanto merecedores de garantias básicas como férias, indenizações etc."
O relato do ítalo-gaúcho Luciano D'Alascio, 82 anos, corrobora o quanto havia a ser feito pela causa: "Eu tinha 17 anos quando montei o conjunto Blue Star, em 1958, para tocar em festas e tal. As boates proibiam adolescentes, mas mesmo assim o dancing Maipu me convidou a substituir o pianista, afastado durante uma semana por motivo de doença. Consegui autorização do Juizado de Menores com um amigo advogado e a boate providenciou transporte de Kombi até minha casa, no bairro Petrópolis, enquanto meus pais achavam que aquela função era por conta de uma competição escolar. Nunca me profissionalizei. Acabei em outro ramo, como projetista de plantas arquitetônicas".
"Fundado em 1935 como continuação do Centro Musical (1920), o Sindicato dos Músicos de Porto Alegre teve mais de 700 filiados até o início da década de 1960", contabiliza a historiadora gaúcha Júlia Rosa Simões, 43 anos. Autora da tese de doutorado Na Pauta da Lei: Organização Sindical e Luta por Direitos entre Músicos Porto-Alegrenses, defendida na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) em 2016, ela acrescenta: "Havia uma tentativa de melhor compreensão do jogo no qual estavam inseridos, para se obter proteção social e justiça enquanto merecedores de garantias básicas como férias, indenizações etc."
O relato do ítalo-gaúcho Luciano D'Alascio, 82 anos, corrobora o quanto havia a ser feito pela causa: "Eu tinha 17 anos quando montei o conjunto Blue Star, em 1958, para tocar em festas e tal. As boates proibiam adolescentes, mas mesmo assim o dancing Maipu me convidou a substituir o pianista, afastado durante uma semana por motivo de doença. Consegui autorização do Juizado de Menores com um amigo advogado e a boate providenciou transporte de Kombi até minha casa, no bairro Petrópolis, enquanto meus pais achavam que aquela função era por conta de uma competição escolar. Nunca me profissionalizei. Acabei em outro ramo, como projetista de plantas arquitetônicas".
Cortina fechada
As modernas boates criadas na segunda metade da década de 1960 (Baiúca, Crazy Rabbit, Encouraçado Butikin), na região da avenida Independência, apressaram um processo que tornaria os já decadentes e perigosos dancings da Voluntários da Pátria tão obsoletos quanto um passo de fox-trot. Mudanças urbanísticas. Políticas de "higienização moral". Insegurança pública. Liberação sexual. Emancipação feminina. Consolidação de uma "cultura jovem". Se faltava outro motivo, um princípio de incêndio em meados de agosto de 1968 seria decisivo para o encerramento definitivo das cortinas do American Boite, já sob administração do ex-garçom Tigre.
Último a apagar a luz dos dancings mais gabaritados da região, o número 1.239 da Voluntários sobrevivera a toda sorte de sufocos que o fizeram figurar, mais do que nunca, nas páginas policiais. Como no dia 24 de agosto de 1954, quando uma multidão inconformada com o suicídio de Getúlio Vargas incluiu a boate no itinerário de depredação de endereços com mínima referência aos Estados Unidos, suposto inimigo do presidente. "Nessa voragem antiamericana, foi-se também o American Boite", escreveu o jornalista e parlamentar gaúcho Ibsen Pinheiro (1935-2020) em crônica de 1987 para o efêmero Jornal do Centro.
O ponto ainda teria sobrevida boêmia até o início da década de 1980 como um inferninho chamado Cascalho, mesmo nome de um estabelecimento que ali se dedica desde 1999 à lavagem de automóveis. Antes disso, permanecera vazio por longo período até ser repassado a outro proprietário. A cinco minutos de caminhada desde a Estação Rodoviária, o terreno localizado no trecho entre as ruas Ernesto Alves e Comendador Coruja (onde o Centro Histórico passa o bastão ao bairro Floresta), ainda abriga em seu miolo o que sobrou da fachada e demais paredes do centenário palacete que, durante 23 anos, sediou um ícone das noites porto-alegrenses.
A Equipe do Patrimônio Histórico e Cultural (Epahc) do município inventariou o imóvel na categoria Estruturação, status que o impede de ser demolido ou mesmo descaracterizado sem autorização, sob pena de uma série de punições. Na prática, a teoria nem sempre se confirma, e sabe-se lá qual surpresa o tempo reserva à memória de um passado cada vez mais sujeito ao apagamento. As ruínas valem uma visita, seja por curiosidade arqueológica ou mesmo em tom de despedida. Mas vá preferencialmente durante o dia, porque depois do pôr-do-sol os imparáveis Turquinho e Carioca não estão mais aí para colocar ordem na bagunça.
Dancings da Voluntários
• Margot/Maipu (nº 44)
• Palácio Eldorado (nº 89)
• Oriente/Embassy (nº 395)
• Royal (nº 473)
• Everest (nº 590)
• Tropical (nº 857)
• Mexican Club (nº 1.177)
• Paris (nº 1.223)
• American Boite (nº 1.239)
• Cometa (nº 1.461)
• Dancing O.K. (nº 1.479)
• Castelo Rosado (nº 1.521)
* Marcello Campos é formado em Jornalismo, Publicidade & Propaganda (ambas pela PUCRS) e Artes Plásticas (UFRGS). Tem seis livros publicados, incluindo as biografias de Lupicínio Rodrigues, do Conjunto Melódico Norberto Baldauf e do garçom-advogado Dinarte Valentini (Bar do Beto). Há mais de uma década, dedica-se ao resgate de fatos, lugares e personagens porto-alegrenses. Contato: portonoitealegre@gmail.com