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reportagem cultural

- Publicada em 06 de Julho de 2023 às 18:12

"Não tenho interesse em fazer o que sei fazer", diz veterana atriz Sandra Dani

Sandra Dani  é uma das mais respeitadas atrizes do Estado

Sandra Dani é uma das mais respeitadas atrizes do Estado


ANA TERRA FIRMINO/JC
Carol Zatt, especial para o JC *
Carol Zatt, especial para o JC *
 
A menina curiosa que bisbilhotava nas gavetas de seu pai, o médico Mario Santos Dani, em Osório, no Litoral gaúcho, continua inquieta, à procura de novas descobertas. "Não tenho o mínimo interesse em fazer o que sei fazer", enfatiza Sandra Dani, aos 75 anos.
Nos palcos neste fim de semana, no encerramento da temporada de Esperando Godot, e com um longa (Despedida) para estrear no próximo mês, a atriz segue em busca da novidade, do desafio. "Te confesso: a não ser que seja algo muito importante de fazer, não quero ficar me repetindo. Eu quero descobrir novas linguagens, novas maneiras de abordar as temáticas, os personagens, as situações."
Para a veterana e premiadíssima atriz, o teatro é isso, pois tem em si todas as outras artes. "É música, tem tonalidade, entonação, um ritmo de fala. Tem artes plásticas, é um ser em movimento em um espaço determinado. Essa relação espacial com os outros personagens, com as coisas, é plástica", avalia.
Sandra conta que essa busca sempre a motivou muito. "Quando eu dava aula no DAD (Departamento de Arte Dramática) da Ufrgs (1976 a 1999), queria fazer um trabalho integrado com uma professora de Desenho do Instituto de Artes, que ela e os alunos desenhassem, representassem graficamente, esses tipos de movimento em cena. Para o ator, é importante ver como as outras artes trabalham", recorda.
A educação do olhar do ator e a percepção da forma e do espaço a norteavam no exercício como professora. "Mas nunca consegui fazer esse trabalho conjunto. Tenho muita curiosidade por isso. Se eu fosse hoje montar uma escola de teatro, ia começar pela parte sensível, pela educação do olhar." Ela relembra bastante da disciplina de Análise do Processo Criativo, que ministrava junto com outras de Interpretação, Improvisação e Maquiagem. A docente levava aos estudantes os mecanismos essenciais para o trabalho de criação: "Queria despertar neles a curiosidade sobre conhecer o seu próprio processo de criar, descobrir suas facilidades e também o que não gostavam, para trabalhar melhor artisticamente".
Todas essas inquietudes suas talvez ainda possam ser lidas numa publicação de ensaios. Faz mais de uma década que a atriz manifesta esse desejo, mas não consegue se organizar. Ela tem trechos redigidos. Durante o mestrado (em Interpretação Teatral pela Universidade de Nova Iorque em 1983), precisou produzir muitos papers, e depois publicou artigos em revistas daqui.
"Não quero que seja uma aula de teatro, mas, sim, a minha percepção do trabalho do ator e do meu trabalho, que desperta a curiosidade e o conhecimento sensível do que fazemos." Uma certeza que Sandra tem é contar com a leitura e um texto de apresentação da também atriz gaúcha Helena Varvaki, a quem encorajou a se radicar no Rio de Janeiro. No fim do ano passado, a mestre em Teatro pela Unirio veio à Casa de Cultura Mario Quintana lançar uma obra sobre atuação e convidou a veterana para integrar o bate-papo de apresentação do livro.
Na divulgação do evento, Sandra foi chamada de referência na arte da atuação. Ela costuma rejeitar os títulos de diva, musa ou lenda do teatro do Rio Grande do Sul, muito menos de 'Meryl Streep local'. "Não gosto, mesmo. Não sou uma entidade", responde.
Apesar de tantas nomenclaturas à sua figura, na ocasião, Sandra citou que o nosso teatro não tem o reconhecimento que deveria, do quanto demanda a dedicação do ator. "Tu trabalhas, levas meses experimentando, aperfeiçoando, pesquisando... Eu pesquiso muito na rua, nos livros, no cinema, buscando questões, coisas que me provoquem sensivelmente, que abram possibilidades de caminho. É difícil, nosso mercado é restrito."
Com o espetáculo atual, houve uma boa surpresa com várias semanas em cartaz, primeiramente no Teatro Oficina Olga Reverbel e agora no Teatro Renascença. "Sabemos que Beckett não é para grande público, porque é mais difícil, com uma linguagem não realista, sem trabalhar com os princípios de início, meio e fim de cada cena. Mas foi um dramaturgo que trouxe uma contribuição importante no que se refere à linguagem no teatro: o uso da palavra."
Idealizada por ela, a peça Esperando Godot marca a celebração dos seus 52 anos de palco, era um pedido antigo seu ao diretor Luciano Alabarse. "Acho que essa ideia do Luciano de montagem traz Beckett pra hoje: o fato de ser um lixão. O lixo faz parte da vida das pessoas, não importa a origem, o país, a cultura", analisa a atriz.
 

Pelos olhos de uma grande atriz

Sandra Dani ao lado do marido, o realizador teatral Luiz Paulo Vasconcellos

Sandra Dani ao lado do marido, o realizador teatral Luiz Paulo Vasconcellos


ACERVO PESSOAL SANDRA DANI/REPRODUÇÃO/JC
Sandra Conceição Jamardo Dani nasceu em Porto Alegre, em 8 de dezembro de 1947, mas se considera osoriense, onde passou a infância. A atriz é a caçula de uma família de quatro irmãos (mais duas mulheres e um homem). Foram criados no município do Litoral gaúcho, curtiam o Carnaval na Sociedade Amigos de Tramandaí, até irem para Porto Alegre estudar mais tarde.
Só ela enveredou pela arte, e também apenas ela herdou os marcantes olhos verdes, do avô italiano - o nonno italiano que trabalhava com madeira e dizia que o país dele era o Brasil, porque aqui pode constituir uma família.
Pelo lado da avó materna, a herança era espanhola, língua na qual sua mãe, Zoraida Maria Jamardo, inclusive, foi alfabetizada primeiramente. "Minha mãe nasceu em 1916. Tinham piano em casa, vinha professor de música. Ela tocava violoncelo e violino, apesar de ter um problema no braço. Nasceu com o bracinho dobradinho, e os médicos disseram que ela perderia. Meu avô fazia massagens diárias nela e ela abriu o movimento, quase ninguém percebia. Ela jogava vôlei com a gente na praia!"
Tanto seu pai quanto sua mãe eram porto-alegrenses, mas depois que ele se formou, quis exercer a clínica médica em Osório, em um tempo em que não tinha nem farmácia na cidade. Casaram em 1939 na Capital e foram para o Litoral. "Minha mãe se dedicou à família, não sei por que ela largou a música, meu pai jamais pediria, era liberal. Os dois eram pessoas muito criativas." Além de médico e da dedicação à fotografia, Mario Santos Dani também tinha um dom para habilidades manuais e fazia artesanato.
A caçula da família fez o Curso Normal em Osório e depois veio para Porto Alegre estudar Psicologia na Pucrs. Neste momento, teve muito contato com teatro. Por alguns anos, levou os dois cursos ao mesmo tempo. Formou-se no primeiro em 1970, e terminou a Interpretação Teatral na Ufrgs em 1973.
Durante a graduação no Departamento de Arte Dramática, conheceu o marido Luiz Paulo Vasconcellos, que era seu professor. Logo, ela também foi convidada a dar aula na faculdade. Ambos fizeram mestrado em Teatro na Universidade do Estado de Nova Iorque de 1981 a 1983. Os filhos gêmeos Gustavo e Carolina, fruto desse casamento de 52 anos, nasceram em 1985.
A família ainda mora na mesma casa de dois pisos, no bairro Cristal, cheia de arte e com um lindo jardim. Hoje, para estudar seus textos, Sandra gosta mais de ficar sozinha, na mesa defronte à cozinha ou então no seu quarto.
 

Profissional apaixonada pelo que faz

Em Esperando Godot, de Luciano Alabarse, que segue em cartaz na Capital

Em Esperando Godot, de Luciano Alabarse, que segue em cartaz na Capital


CLAUDIO FACHEL/DIVULGAÇÃO/JC
Luciano Alabarse recorda que tinha apenas quatro meses de DAD quando Luiz Paulo Vasconcellos, diretor de Vestido de noiva (1973), escalou os estudantes recém-entrados no curso para a peça. "Sandra fazia um personagem icônico, a Madame Cleci. Realmente, comecei junto a ela, nessa montagem deslumbrante. Lembro que observava com atenção todas as suas entradas em cena."
O diretor, Luiz Paulo e Sandra são parceiros nos projetos teatrais. "Sandra protagonizou minha montagem de Medeia. Fizemos juntos Heldenplatz, de Thomas Bernhard; O Banquete, Bodas de Sangue, Beckett na Veia. Foram espetáculos primorosos. Agora, estamos juntos novamente em Esperando Godot", narra.
Segundo Alabarse, hoje, novamente, nos palcos, ela mostra todos os seus recursos: "Sandra é brilhante, está trabalhando muito, e todos nós ganhamos com isso". Minuciosa, curiosa e disciplinada, o diretor reconhece que ela precisa de desafios e que seu trabalho qualifica qualquer montagem de qual participe. "É uma profissional rigorosa, apaixonada, corajosa. Sua voz, sua postura corporal, sua dedicação são evidentes fatores de sucesso", acrescenta.
Alabarse foi, por muitos anos, coordenador do Porto Alegre em Cena. Em 2010, Sandra foi madrinha do festival e tema do livro Memórias de uma grande atriz. Seu nome inaugurou a série de publicações Gaúchos Em Cena. "Da minha parte, nenhuma homenagem é suficiente para louvar seu talento. Para além de títulos e rótulos, a carreira como atriz e professora e suas escolhas de trabalho demonstram e comprovam a profunda contribuição ao teatro gaúcho", justifica. Ele destaca ainda que não é raro que o pessoal da classe se refira à Sandra como "a maior atriz gaúcha em atividade".
Para a também atriz Liane Venturella, é um prazer gigantesco tê-la como colega de cena: "Além do talento da Sandra, sempre fico emocionada de encontrar uma profissional como ela que ama o que faz". Calamidade (2006/2007), um texto de Manoela Sawitski, com direção de Cláudia de Bem, foi seu primeiro encontro artístico com Sandra Dani. "Anos mais tarde, em A mãe da mãe da menina, direção de Camila Bauer, voltamos a ser mãe e filha." Liane a considera uma atriz excepcional, pela dedicação ao trabalho. "É uma mãe do teatro, uma companheira maravilhosa. Agora mesmo, fui ver Esperando Godot e ela sempre me emociona, porque é tão bonito quando uma pessoa realmente se conecta com o que ela realmente veio fazer aqui nesta estada neste mundo. Ela mostra uma paixão, um amor, uma necessidade de fazer o que faz", conta.
Conforme Liane, Sandra não tem idade. Ela relembra ter assistido uma peça em que ela fazia uma criança. "Ela pode fazer uma criança, pode fazer uma idosa, pode ser a Medeia, quem ela quiser. Quando o artista te dá isso, é fascinante. A loucura que existe na Sandra faz ela não ter idade, se ela não quiser ter sexo ou um gênero definido ela não terá, por essa loucura que carrega nela." 

Em 2007, dirigida por Luciano Alabarse, Sandra Dani atuou em 'Medeia', recebendo o Açorianos de Melhor Atriz

Em 2007, dirigida por Luciano Alabarse, Sandra Dani atuou em 'Medeia', recebendo o Açorianos de Melhor Atriz


ACERVO PESSOAL SANDRA DANI/REPRODUÇÃO/JC
De outra geração, o ator Fabrizio Gorziza, do musical O Guarda-Costas, que encerrou a temporada em junho em São Paulo, foi colega de elenco da veterana em Bodas de sangue (2010). "Quem ia fazer aquele personagem era o Leonardo Machado, ator super conceituado, já com longas, o cara estava estourando. Mas em função de agenda, ele teve que sair do elenco, e o Luciano Alabarse me escolheu. Até então, não tinha feito um trabalho daquele porte. Foi uma loucura, uma surpresa pra mim, aquele misto de feliz com um pouco de medo: agora vou ter que segurar esse protagonista, e ao lado da Sandra Dani, que na nossa época - e até hoje - como o pessoal falava, era um dos medalhões do teatro gaúcho."

Gorziza sentiu o receio de trabalhar com uma atriz muito mais experiente, mas aproveitou a oportunidade de aprender tudo o que podia e diz ter sido uma grande escola: "Aí se vê que bons atores também são generosos. Ela conduzia a coisa de tal maneira, tinha um domínio de cena muito mais enraizado, já fazia aquilo há muito tempo, de uma forma mais natural, de um jeito que me deixava confortável ali, facilitava o meu trabalho".

O ator lembra que ficava olhando ela atuar ainda em outras peças de Alabarse que só participava, em papéis menores: "Estava no coro de Medeia, da coxia eu dizia: olha essa mulher, tá louco: ela é muito forte!". Além de técnica de interpretação, o então novato observava a colega, a forma como a grande atriz se comportava no grupo, se colocando ombro a ombro com todos. "Acho isso muito bonito!"

O Kevin Costner do teatro brasileiro também não esquece o olhar impactante de Sandra Dani. "Quando ela me olhava em cena, com olhos vivos, ficava bem intrigado. Lembro das primeiras vezes que fomos passar as cenas juntos, sentamos um ao lado do outro, ela lia, com aquele vozeirão, aqueles olhos…", enfatiza.

Analisando hoje, em retrospecto, Gorziza conclui que aquele espetáculo foi formador do seu trabalho como ator: "Inclusive, tenho muita vontade de trabalhar de novo, se surgir a oportunidade".

"Como é bom fazer um close da Sandra Dani"

Sandra Dani no curta Linda, uma história horrível, de Bruno Gularte Barreto

Sandra Dani no curta Linda, uma história horrível, de Bruno Gularte Barreto


BRUNO POLIDORO/REPRODUÇÃO/JC
Se o pessoal do teatro enaltece seu talento e dedicação, sendo Sandra Dani uma das referências entre as trupes da Capital, as equipes de cinema com quem ela trabalhou e trabalha (e querem continuar trabalhando) também não escondem a admiração pela atriz.
O premiado diretor de fotografia Bruno Polidoro relata que desde que saiu de Caxias do Sul para fazer a faculdade de Realização Audiovisual na Unisinos recorda da figura da artista em alguns eventos culturais e no teatro. "Felizmente, pude trabalhar com ela no cinema em um dos primeiros curtas que fotografei, Peixe Vermelho, dirigido pela Andreia Vigo. E foi um curta emblemático porque a primeira diária era ela, a Carina Dias e o David Lynch contracenando num trailer."
Faz quase 15 anos que aquela sequência foi filmada, com a participação do cineasta norte-americano que veio a Porto Alegre para lançar um livro no Fronteiras do Pensamento, e até hoje Polidoro sente que foi uma das diárias mais tensas e emocionantes da vida. "Quando penso nesse dia, lembro muito da Sandra Dani. Com seu olhar enigmático, é uma atriz que dá vontade de ficar olhando, admirando, pois tem um ar de sedução e mistério. A gente sabe que tem uma profundidade que dá vontade de mergulhar naqueles olhos. Não esqueço desse olhar da Sandra, quase hipnotizando a equipe", frisa.
O caxiense também fotografou Linda, uma história horrível, curta dirigido por Bruno Gularte Barreto, e filmou a atriz interpretando um texto de Caio Fernando Abreu, para projetar em um prédio nos altos do Viaduto da Borges: "Também temos um projeto em breve, para rodar no ano que vem".
Trata-se de uma outra adaptação literária de Bruno Gularte Barreto, diretor e artista visual que está em Portugal fazendo doutorado em artes performativas e da imagem em movimento. Desta vez, será um conto de Clarice Lispector, O Grande Passeio, e Sandra fará a Dona Mocinha. "Ela é muito talentosa e, ao mesmo tempo, generosa. Enfim, sou suspeito pra falar porque sou fã, com o Linda…, ela ganhou mais de 20 prêmios de melhor atriz", conta o cineasta.
Barreto afirma que foi trabalhando com a Sandra que entendeu o que é, de fato, uma grande atriz. "Pra mim, é fascinante, ao trabalhar com ela, ver a técnica lapidada ao longo de tanto tempo. Tem uma inteligência muito específica que só mesmo as maiores conseguem desenvolver plenamente. E o mais impressionante é que ela, mesmo com todos os louros e toda a experiência, segue sendo extremamente generosa com todos que trabalham com ela". O diretor ainda destaca o fato de ela manter a capacidade de se encantar, a curiosidade, a disposição para aprender e tentar coisas novas: "Segue tendo a coragem e o desejo de arriscar. Talvez seja isso que faça dela a potência que é".
"Pensar a Sandra Dani é pensar este mistério, e revisitando esses projetos em que estivemos, juntos, me dei conta que sempre filmei ela com luzes mais recortadas, em ambientes escuros. E acho que a luz que coloquei sobre ela, independente da obra, tem a ver com essa admiração que tenho. Acho que é uma metáfora dessa personalidade, desta figura tão forte. Para que uma luz tão banhada num corpo, numa pessoa, que é tão densa, que ao observar o olhar dela tu vês que tem quilômetros pra dentro?", pergunta Polidoro.
O fotógrafo chegou a trabalhar em um projeto de documentário sobre Luiz Paulo Vasconcellos, que acabou não se concretizando audiovisualmente, mas gerou muitas conversas no jardim da casa deles. "Sinto que essa luz recortada, esse jogo de claros e escuros, é o que sinto por ela e sempre senti ao poder observá-la, algo que seduz, que tem mistério, que te puxa pra mergulhar junto", reflete.
Como enquadrar Sandra Dani? "É interessante pensar, porque ela é, sem dúvida, uma atriz de presença. Se eu penso nela, penso em presença, porque é algo que irradia sobre o espaço. Como é bom fazer um close da Sandra Dani! Dá vontade de ficar ali, sem cortar a câmera, só observando a sutileza desse rosto, desse corpo que se move, dizendo tanto tanto tanto sem precisar expressar uma palavra."
Polidoro ainda relembrou os movimentos da atriz no curta Linda…, "como ela caminhava sutil, é um corpo que dança. Enquadrar a Sandra em um filme é um convite a dançar, em que a câmera se movimenta puxada pelo seu corpo e sua presença".
 

Realizando sonhos

Sandra Dani como Agnes, ao lado de Anaís Grala Wegner, no longa 'Despedida'

Sandra Dani como Agnes, ao lado de Anaís Grala Wegner, no longa 'Despedida'


EDU PIOTROSKI/DIVULGAÇÃO/JC
Trabalhando com a intérprete em produções mais recentes, a diretora Luciana Mazeto, da Pátio Vazio, também reconhece que Sandra Dani é uma das nossas grandes atrizes. Quando ela e Vinícius Lopes desenvolviam o projeto do seu segundo longa, Despedida, o nome dela foi o primeiro pensado para a personagem Agnes. "Nós ficamos imensamente felizes quando aceitou entrar no projeto, mas não imaginávamos que seria tão delicioso trabalhar com ela. Além da profundidade de mergulho nas personagens, e do absoluto controle que tem quando está em cena, o seu entusiasmo e carisma natural contagiaram o elenco que contracenou com ela e toda a equipe."
Segundo Luciana, o último dia em que a atriz atuou no Despedida foi emocionante. "Foi aí que nos demos conta: nós passamos semanas dirigindo a Sandra Dani. Um sonho realizado dentro da nossa pequena fábula", destaca a diretora sobre o tom de fantasia da narrativa, em que a intérprete encarna uma espécie de bruxa.
"E acho que aí reside uma coisa especial, e que só as pessoas imensamente talentosas como ela têm: entregar o seu melhor e confiar que os outros farão o mesmo. Pessoas como a Sandra não precisam ficar constantemente lembrando os outros da sua importância e grandeza, elas simplesmente são." A admiração dos cineastas pela atriz só aumentou depois de trabalhar com ela, e a convidaram para participar de um curta que codirigiram com alemães, Urban Solutions.
"O filme teve uma carreira bem importante em festivais no ano passado, e mais uma vez Sandra Dani deu vida a uma personagem deliciosamente tenebrosa, um retrato muito rico das piores facetas da nossa classe média. É uma honra enorme ter uma atriz desse calibre no histórico dos nossos filmes - e nos planos para futuros projetos", ressalta Luciana.
 

Mais sobre a artista

Capa do livro 'Memórias de uma grande atriz - série Gaúchos em Cena'

Capa do livro 'Memórias de uma grande atriz - série Gaúchos em Cena'


POA EM CENA/DIVULGAÇÃO/JC
Livro
Sandra Dani: Memórias de uma grande atriz (Série Gaúchos Em Cena, 184 págs., 2010)
Entrevistas: Helio Barcellos Jr.
Edição de textos: Rodrigo Monteiro e Luciano Alabarse
Curta
Peixe Vermelho
Direção: Andreia Vigo
Fotografia: Bruno Polidoro
Elenco: Carina Dias, Sandra Dani, Rafael Sieg e David Lynch
Entrevista
UFRGS TV - Em Sintonia com: Sandra Dani (2011)
Edição: Carolina Grossini e Cíntia Warmling
Websérie
Confessionário - Relatos de acordar
Criação e direção: Deborah Finocchiaro e Luiz Alberto Cassol
Episódio 2 - "Sem medo de envelhecer" - violência contra idosos
Com Sandra Dani (atriz) e Ana Luiza Caruso (delegada)
Onde ver: YouTube
Teatro
Esperando Godot
Direção: Luciano Alabarse
Elenco: Sandra Dani, Janaína Pellizzon, Arlete Cunha, Lisiane Medeiros e Valquíria Cardoso
Onde ver: 7, 8 e 9 de julho, às 20h, no Teatro Renascença
Ingressos à venda pelo Sympla e na bilheteria 1h antes das apresentações
Valores: R$ 30,00 (meia-entrada) e R$ 60,00 (inteira)
Cinema
Despedida
Direção: Luciana Mazeto e Vinícius Lopes
Produção: Jaqueline Beltrame, Pátio Vazio
Elenco: Anaís Grala Wegner, Patricia Soso, Sandra Dani, Ida Celina, Marielly da Cruz, Kiko Ferraz, Silvia Duarte, Clemente Viscaíno
Onde ver: na Cinemateca Capitólio, a partir de 3 de agosto
 

* Carol Zatt é jornalista formada pela Ufrgs, mestra em Comunicação pela Unisinos e especialista em Arqueologia e Patrimônio pela Pucrs. Membro da Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (Accirs), é curadora e jurada em eventos culturais. Trabalhou em redações por mais de 15 anos.