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Casa noturna Fascinação foi pioneira do karaokê no Rio Grande do Sul
Em uma época de intensos agitos na avenida Getúlio Vargas, casa noturna instalada em um sobrado próximo à rua Marcílio Dias funcionou como uma espécie de confraria de jovens irreverentes
Os quase dois quilômetros que separam as duas pontas da avenida Getúlio Vargas já receberam diferentes nomenclaturas - Santa Teresa (1848), Menino Deus (1858) e Treze de Maio (1888) - antes que suas placas indicassem a designação definitiva, em 1935, para homenagear o então ditador são-borjense. Do pacato arrabalde ao movimentado bairro nas adjacências do centro de Porto Alegre, não menos diversas foram as atividades nessa via de mão dupla que cruza a região, com seus pontos de comércio a dinamizar uma área de amplo predomínio residencial.
Leia as reportagens anteriores da série 'Porto Noite Alegre':
- Encouraçado Butikin dominou as noites de Porto Alegre por quase 40 anos
- Discoteca Crocodillo's embalou noites de Porto Alegre por quase 20 anos
- A história da Flower's, primeira boate gay de Porto Alegre
- Boate Publicitá Café inseriu a rua Dom Pedro II no mapa noturno de Porto Alegre
- Água na Boca: boemia elegante no Centro de Porto Alegre
- Le Club: um espetáculo de casa noturna em Porto Alegre
Em meio a lojas, escritórios, armazéns, consultórios e outros negócios, o caminho teve seu momento mais luminoso nos anos 1980, ao se consolidar no roteiro boêmio com endereços cuja memória hoje contrasta com madrugadas praticamente desertas, salvo pela teimosia de um ou dois bares em manter portas abertas à diversão de quem dorme tarde. Mas a máquina do tempo sempre pode ser ajustada para um passeio saudosista pelas últimas seis décadas de agitos em mais de dez quadras (e no seu entorno), sob o embalo de muita música mecânica ou ao vivo.
A eclética trilha sonora da Getúlio fisgou um público de perfil essencialmente de classe-média e que não se resumia à vizinhança. Com facilidade de acesso e preços mais democráticos (ao menos na comparação ao eixo Independência–Moinhos de Vento–Auxiliadora), a lista inclui locais como Noblesse, Clube da Chave (segunda sede), Carlitus, Velvet, Open, Bar 1, Recanto do Tio Flor, Barbaridade, Viva Maria, Cia. dos Sanduíches, Rekint, Blue Eyes, San Ciro, Cenário, Sherlock’s, Âncora, Pimplus, La Boheme, Choupana, W588, General De Gaulle, Bordô, Taco Pub e Chipp’s.
Antes de alguém reclamar de possíveis omissões, registre-se que outras quebradas também ajudaram a consolidar o Menino Deus como destino festivo. Na Ipiranga: Velha Guarda, Taberna Léons. José de Alencar: Sagitarius, Juliu’s, Ito’s, Tom & Tom. Praia de Belas: Piano Drink, Clube dos Automobilistas, Dom Miguel, Calhandra, A Toca (Grêmio Náutico Gaúcho). Barão do Triunfo: Casa Nostra. Marcílio Dias: Looking Glass, New Looking, Sunga’s. Ou ainda os points Chão de Estrelas II, Blue Jazz e Clube da Saudade, todos na Aureliano de Figueiredo Pinto, em linha divisória com a Cidade Baixa.
O mais divertido de todos, provavelmente, foi o Fascinação (1985-1993), misto de bar, restaurante e boate no sobrado 588 da Getúlio. Quase na esquina com a rua Marcílio Dias, o lugar não demorou a cair nas graças de uma turma irreverente, que ali encontrou espaço de interação para extravasar sua alegria e criatividade, sobretudo a partir de um diferencial até então inédito no Rio Grande do Sul: o karaokê, invenção setentista que cruzou o planeta desde o Japão com um convite irresistível ao cantor escondido (ainda que nem sempre afinado) em cada um de nós.
Na origem dessa confraria está James Porcelles, um pelotense radicado em Porto Alegre desde a infância e que trabalhava como técnico industrial nas plataformas de petróleo em alto-mar na Bahia. Desanimado pela estagnação do segmento, em 1985 ele voltou disposto a perfurar, com a ajuda dos irmãos, um terreno no qual jamais havia prospectado: o de casas noturnas. “Pensamos em algo simples, descontraído e de espírito jovem como o nosso, oferecendo uma opção diferenciada em meio a tanta coisa parecida”, relembra o ex-proprietário, aos 67 anos.
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Em meio a lojas, escritórios, armazéns, consultórios e outros negócios, o caminho teve seu momento mais luminoso nos anos 1980, ao se consolidar no roteiro boêmio com endereços cuja memória hoje contrasta com madrugadas praticamente desertas, salvo pela teimosia de um ou dois bares em manter portas abertas à diversão de quem dorme tarde. Mas a máquina do tempo sempre pode ser ajustada para um passeio saudosista pelas últimas seis décadas de agitos em mais de dez quadras (e no seu entorno), sob o embalo de muita música mecânica ou ao vivo.
A eclética trilha sonora da Getúlio fisgou um público de perfil essencialmente de classe-média e que não se resumia à vizinhança. Com facilidade de acesso e preços mais democráticos (ao menos na comparação ao eixo Independência–Moinhos de Vento–Auxiliadora), a lista inclui locais como Noblesse, Clube da Chave (segunda sede), Carlitus, Velvet, Open, Bar 1, Recanto do Tio Flor, Barbaridade, Viva Maria, Cia. dos Sanduíches, Rekint, Blue Eyes, San Ciro, Cenário, Sherlock’s, Âncora, Pimplus, La Boheme, Choupana, W588, General De Gaulle, Bordô, Taco Pub e Chipp’s.
Antes de alguém reclamar de possíveis omissões, registre-se que outras quebradas também ajudaram a consolidar o Menino Deus como destino festivo. Na Ipiranga: Velha Guarda, Taberna Léons. José de Alencar: Sagitarius, Juliu’s, Ito’s, Tom & Tom. Praia de Belas: Piano Drink, Clube dos Automobilistas, Dom Miguel, Calhandra, A Toca (Grêmio Náutico Gaúcho). Barão do Triunfo: Casa Nostra. Marcílio Dias: Looking Glass, New Looking, Sunga’s. Ou ainda os points Chão de Estrelas II, Blue Jazz e Clube da Saudade, todos na Aureliano de Figueiredo Pinto, em linha divisória com a Cidade Baixa.
O mais divertido de todos, provavelmente, foi o Fascinação (1985-1993), misto de bar, restaurante e boate no sobrado 588 da Getúlio. Quase na esquina com a rua Marcílio Dias, o lugar não demorou a cair nas graças de uma turma irreverente, que ali encontrou espaço de interação para extravasar sua alegria e criatividade, sobretudo a partir de um diferencial até então inédito no Rio Grande do Sul: o karaokê, invenção setentista que cruzou o planeta desde o Japão com um convite irresistível ao cantor escondido (ainda que nem sempre afinado) em cada um de nós.
Na origem dessa confraria está James Porcelles, um pelotense radicado em Porto Alegre desde a infância e que trabalhava como técnico industrial nas plataformas de petróleo em alto-mar na Bahia. Desanimado pela estagnação do segmento, em 1985 ele voltou disposto a perfurar, com a ajuda dos irmãos, um terreno no qual jamais havia prospectado: o de casas noturnas. “Pensamos em algo simples, descontraído e de espírito jovem como o nosso, oferecendo uma opção diferenciada em meio a tanta coisa parecida”, relembra o ex-proprietário, aos 67 anos.
Clima festivo e lances hilários
Título aportuguesado de uma valsa francesa composta em 1905 e eternizada no Brasil pela voz da gaúcha Elis Regina 70 anos depois, Fascinação não parecia o melhor nome para uma casa noturna de gente jovem na década de 1980. Mas já estava no letreiro de um bar colocado à venda poucos meses após sua inauguração na Getúlio Vargas 588 e, por praticidade ou algum outro motivo hoje sem explicação, foi mantido e registrado em cartório quando as chaves passaram às mãos de James Porcelles, em colaboração direta com três de seus cinco irmãos e a mãe.
O local andava mal das pernas mas ainda funcionando, no mesmo imóvel ocupado em 1983-1984 pelo Venezianos II (de “matriz” no número 327 da mesma avenida) ao atrair o empreendedor estreante, em maio de 1985. Como quem troca um pneu com o carro em movimento, ele providenciou alguns ajustes, com ênfase no som ao vivo: “Abri do jeito que dava e contratei como atrações fixas os grupos Bicho de Pé e Clayton Franco Trio, que se alternavam durante a semana em uma programação focada na música brasileira e no que mais pintasse”.
A aposta na simplicidade deu certo. Logo a casa se tornou ponto de encontro para uma bem-humorada turma de classe-média na faixa de 20 a 30 anos, cujos laços de camaradagem se mostrariam resistentes ao tempo e à distância. Sem a mesma sofisticação de outros endereços mas com amplo espaço à espontaneidade, todos se conheciam pelo nome e garantiam um movimento constante – inclusive no caixa. “Alguns meses depois da abertura eu pude da um ‘banho de loja’ no ambiente, com sistema de som de primeiríssima qualidade”, ressalta o fundador, que emenda:
“Não existia um clima de concorrência direta com qualquer bar, restaurante ou boate em especial. Sempre que possível, percorríamos estabelecimentos similares no Menino Deus e redondezas, como Chipp's, Bar 1, Jone’s e Barcelona, assim como seus donos faziam o mesmo conosco, em nome de uma política de boa vizinhança que permitia a troca permanente de ideias e a colaboração em situações de aperto, emprestando materiais elétricos ou de limpeza, por exemplo, nas madrugadas em que a logística não permitia sair pela cidade em busca de algum item de última hora”.
O local andava mal das pernas mas ainda funcionando, no mesmo imóvel ocupado em 1983-1984 pelo Venezianos II (de “matriz” no número 327 da mesma avenida) ao atrair o empreendedor estreante, em maio de 1985. Como quem troca um pneu com o carro em movimento, ele providenciou alguns ajustes, com ênfase no som ao vivo: “Abri do jeito que dava e contratei como atrações fixas os grupos Bicho de Pé e Clayton Franco Trio, que se alternavam durante a semana em uma programação focada na música brasileira e no que mais pintasse”.
A aposta na simplicidade deu certo. Logo a casa se tornou ponto de encontro para uma bem-humorada turma de classe-média na faixa de 20 a 30 anos, cujos laços de camaradagem se mostrariam resistentes ao tempo e à distância. Sem a mesma sofisticação de outros endereços mas com amplo espaço à espontaneidade, todos se conheciam pelo nome e garantiam um movimento constante – inclusive no caixa. “Alguns meses depois da abertura eu pude da um ‘banho de loja’ no ambiente, com sistema de som de primeiríssima qualidade”, ressalta o fundador, que emenda:
“Não existia um clima de concorrência direta com qualquer bar, restaurante ou boate em especial. Sempre que possível, percorríamos estabelecimentos similares no Menino Deus e redondezas, como Chipp's, Bar 1, Jone’s e Barcelona, assim como seus donos faziam o mesmo conosco, em nome de uma política de boa vizinhança que permitia a troca permanente de ideias e a colaboração em situações de aperto, emprestando materiais elétricos ou de limpeza, por exemplo, nas madrugadas em que a logística não permitia sair pela cidade em busca de algum item de última hora”.
O clima festivo que transbordava a fachada marrom de janelas brancas e placa em verde neon também foi responsável por momentos que ainda rendem assunto entre mais de 200 antigos frequentadores distribuídos em duas páginas criadas na rede Facebook para compartilhar memórias e reencontros. Administrador de uma das comunidades com a irmã Lúcia, o analista de sistemas Luís Farias, 63 anos, não perdia uma noite: “Às vezes a gente saía quase de manhã, era bom demais! No casamento de um amigo no Clube Farrapos, aproveitei a hora do jantar para fugir rumo à Getúlio”.
Havia, ainda, a integração “extracampo”. Tão ativa, por sinal, que até um escrete de futebol-de-salão se formou na casa, contrariando a ideia de que conversas de bar não sobrevivem do lado de fora. Farias, por sinal, estava entre os boleiros: “De uniforme personalizado em branco e verde, a gente enfrentava times de garçons da cidade em canchas alugadas à tarde, iniciativa que acabou evoluindo para a realização de torneios entre os clientes do próprio Fascinação, chegado a sete equipes que se enfrentavam na cancha do Colégio La Salle Santo Antônio”.
Lances hilários? James Porcelles se encarrega de puxar um entre os tantos que testemunhou. Como a noite em que um cliente habituado a curtir as noitadas escondido da noiva apareceu com ela e, discretamente, pediu à casa que o tratasse como se ali estivesse pela primeira vez. Mas se empolgou na birita e passou a chamar todo mundo pelo nome, alimentando na mulher uma desconfiança que virou certeza diante da reação do sujeito à atitude do garçom em pedir sua identidade para o pagamento em cheque: “Pô! Vocês não tão me reconhecendo?”.
Marinheiros de primeira viagem no segmento, os quatro irmãos Porcelles (de um total de seis) levavam o esquema a sério. “Eu era bancária e pedi demissão, para gerenciar o caixa”, detalha a mana Mauren, 72 anos. “Clab Nei era sócio e colaborava no administrativo, Douglas reforçava a parte artística e até nossa mãe, Dona Elni, dava uma força, recebendo fornecedores pela manhã, durante nosso descanso, pois só folgávamos às terças-feiras e nenhum de nós morava no Menino Deus, exceto na época em que a família usou a sobreloja como apartamento.”
O esmero da família na condução do negócio era realçado por detalhes capazes de tornar o ambiente ainda tão simpático quanto os preços, acessíveis a carteiras nem sempre abastecidas – e com chance de “pendura” aos mais chegados. De cartões de vantagens para clientes mais assíduos aos filés caprichados que chegavam às mesas em pratos de louça com a logomarca da casa, a lista passou a incluir mimos como troféus especialmente confeccionados para concursos internos de karaokê, novidade introduzida pela casa nas noites gaúchas 15 anos após sua invenção.
Havia, ainda, a integração “extracampo”. Tão ativa, por sinal, que até um escrete de futebol-de-salão se formou na casa, contrariando a ideia de que conversas de bar não sobrevivem do lado de fora. Farias, por sinal, estava entre os boleiros: “De uniforme personalizado em branco e verde, a gente enfrentava times de garçons da cidade em canchas alugadas à tarde, iniciativa que acabou evoluindo para a realização de torneios entre os clientes do próprio Fascinação, chegado a sete equipes que se enfrentavam na cancha do Colégio La Salle Santo Antônio”.
Lances hilários? James Porcelles se encarrega de puxar um entre os tantos que testemunhou. Como a noite em que um cliente habituado a curtir as noitadas escondido da noiva apareceu com ela e, discretamente, pediu à casa que o tratasse como se ali estivesse pela primeira vez. Mas se empolgou na birita e passou a chamar todo mundo pelo nome, alimentando na mulher uma desconfiança que virou certeza diante da reação do sujeito à atitude do garçom em pedir sua identidade para o pagamento em cheque: “Pô! Vocês não tão me reconhecendo?”.
Marinheiros de primeira viagem no segmento, os quatro irmãos Porcelles (de um total de seis) levavam o esquema a sério. “Eu era bancária e pedi demissão, para gerenciar o caixa”, detalha a mana Mauren, 72 anos. “Clab Nei era sócio e colaborava no administrativo, Douglas reforçava a parte artística e até nossa mãe, Dona Elni, dava uma força, recebendo fornecedores pela manhã, durante nosso descanso, pois só folgávamos às terças-feiras e nenhum de nós morava no Menino Deus, exceto na época em que a família usou a sobreloja como apartamento.”
O esmero da família na condução do negócio era realçado por detalhes capazes de tornar o ambiente ainda tão simpático quanto os preços, acessíveis a carteiras nem sempre abastecidas – e com chance de “pendura” aos mais chegados. De cartões de vantagens para clientes mais assíduos aos filés caprichados que chegavam às mesas em pratos de louça com a logomarca da casa, a lista passou a incluir mimos como troféus especialmente confeccionados para concursos internos de karaokê, novidade introduzida pela casa nas noites gaúchas 15 anos após sua invenção.
Cante você mesmo
“Boa noite! Começa agora mais um programa que tem você como artista principal! Em cima de cada mesa está um cardápio com centenas de músicas de vários estilos: escolha uma, preencha a ficha com seu nome e título da canção, que logo o chamaremos”. Com aberturas assim, os comunicadores João Carlos Machado Filho e Renato Teixeira se revezavam nas noites de domingo e segunda-feira, dedicadas ao karaokê, função também de Douglas “Marvel”, colaborador permanente do mano James e que comandou o pub Blue Eyes na área frontal antes da primeira reforma do sobrado.
Mais que um ingrediente adicional na atração, essa mescla de formato “radiofônico” com espírito de auditório também estimulava a participação da galera menos extrovertida, já que a timidez nem sempre desaparece sob goles de cerveja. Funcionou. Transcorridas poucas semanas no segundo semestre de 1986, o entretenimento já contava com mesas cativas, palco sempre ocupado, letras afixadas em pedestais e um sistema de som rodando a trilha de fundo da vez, atraindo gente de todos os cantos – literalmente. James Porcelles detalha esse pioneirismo:
“Nenhum clube, bar ou casa noturna do Rio Grande do Sul trabalhava com essa diversão musical. Aí o Clayton Franco, músico da casa, comentou comigo sobre a brincadeira que recém havia conhecido durante viagem de trabalho a São Paulo, então fomos lá e compramos dois toca-fitas com localizador automático de intervalo entre as faixas e mais de 200 cassetes, que entreguei a um rapaz para que gravasse playbacks produzidos com instrumentos de verdade [equipamentos específicos com CD, letras e pontuação só chegariam ao mercado na década de 1990]”.
Em frente ao microfone, tinha quem se comportasse como profissional ou só pela zoeira em si, com figuras antológicas. Paulinho e Arlette, o “Casal Nº 1 do Fascinação”. Um sujeito sempre de chapéu para esconder a calvície. O baixinho Ricardo Pires, invariavelmente apresentado como “Richard Harrison Ford, o Ricardão, em número inédito” (mesmo só cantando “New York, New York”). A professora estadual Fátima Floriano Alves e suas colegas. O idoso Celso Brandão, bon-vivant que desembarcava de um automóvel esportivo Santa Matilde para se misturar à fauna jovem.
Mais que um ingrediente adicional na atração, essa mescla de formato “radiofônico” com espírito de auditório também estimulava a participação da galera menos extrovertida, já que a timidez nem sempre desaparece sob goles de cerveja. Funcionou. Transcorridas poucas semanas no segundo semestre de 1986, o entretenimento já contava com mesas cativas, palco sempre ocupado, letras afixadas em pedestais e um sistema de som rodando a trilha de fundo da vez, atraindo gente de todos os cantos – literalmente. James Porcelles detalha esse pioneirismo:
“Nenhum clube, bar ou casa noturna do Rio Grande do Sul trabalhava com essa diversão musical. Aí o Clayton Franco, músico da casa, comentou comigo sobre a brincadeira que recém havia conhecido durante viagem de trabalho a São Paulo, então fomos lá e compramos dois toca-fitas com localizador automático de intervalo entre as faixas e mais de 200 cassetes, que entreguei a um rapaz para que gravasse playbacks produzidos com instrumentos de verdade [equipamentos específicos com CD, letras e pontuação só chegariam ao mercado na década de 1990]”.
Em frente ao microfone, tinha quem se comportasse como profissional ou só pela zoeira em si, com figuras antológicas. Paulinho e Arlette, o “Casal Nº 1 do Fascinação”. Um sujeito sempre de chapéu para esconder a calvície. O baixinho Ricardo Pires, invariavelmente apresentado como “Richard Harrison Ford, o Ricardão, em número inédito” (mesmo só cantando “New York, New York”). A professora estadual Fátima Floriano Alves e suas colegas. O idoso Celso Brandão, bon-vivant que desembarcava de um automóvel esportivo Santa Matilde para se misturar à fauna jovem.
Os melhores momentos também tiveram como protagonistas duas turmas que faziam do karaokê o ponto de partida para uma saudável competição de criatividade: “Gafanhotos” e “Do Hino”, que gerou uma subdivisão feminina – “As Elas”. Em uma disputa que não se resumia a quem cantava melhor, o desafio era divertir e surpreender das mais variadas formas possíveis, com produções toscas porém bem produzidas e ensaiadas. A narrativa é do já citado Luís Farias, membro do primeiro grupo – que contava inclusive com cartões-de-visita:
“Qualquer tema era motivo para alguma palhaçada, com fantasias e coreografias de Menudo a Sidney Magal. Isso eventualmente envolvia ensaiar no apartamento de alguém ou bolar decoração especial. Certa tarde de 1988, o Porcelles permitiu que colocássemos um monte de balões azuis lá dentro, preparando o ambiente para nossa performance de Lindo Balão Azul [do cantor paulista Guilherme Arantes]. Como sabíamos que o pessoal estouraria as bexigas, enchemos tudo com talco branco e não deu outra. Na hora da apresentação, a casa acabou tomada por uma névoa branca”.
Em outra ocasião, a turma cruzou o salão em trajes de corsário para uma versão completamente escrachada de Rádio Pirata, rock do trio paulista RPM que acumulava semanas sucessivas nas paradas de emissoras FM. “Não faltou perna-de-pau, tapa-olho e papagaio de verdade, mas o bicho se assustou com a algazarra e um dos rapazes foi bicado na mão”, gargalha o analista de sistemas, aproveitando para fazer a ressalva de que as noites sem karaokê eram igualmente ótimas, com boa música ao vivo e espaço improvisado como pista de dança, próximo ao palco.
Douglas “Marvel” (apelido desde os tempos de guri ávido por gibis) fazia um show à parte. Com a mesma desenvoltura demonstrada como vendedor durante o dia, o super-herói do karaokê acabou assumindo sozinho o papel de um mestre-de-cerimônias cuja interatividade conduzia noites de pura festa. “Eu incendiava a plateia, fazendo a ponte entre um calouro e outro, cantando junto quando alguém se atrapalhava e botando pilha nas “torcidas”, além de encorajar os relutantes”, destaca aos 70 anos o hoje funcionário de uma empresa de embalagens em Guaporé (RS).
“Qualquer tema era motivo para alguma palhaçada, com fantasias e coreografias de Menudo a Sidney Magal. Isso eventualmente envolvia ensaiar no apartamento de alguém ou bolar decoração especial. Certa tarde de 1988, o Porcelles permitiu que colocássemos um monte de balões azuis lá dentro, preparando o ambiente para nossa performance de Lindo Balão Azul [do cantor paulista Guilherme Arantes]. Como sabíamos que o pessoal estouraria as bexigas, enchemos tudo com talco branco e não deu outra. Na hora da apresentação, a casa acabou tomada por uma névoa branca”.
Em outra ocasião, a turma cruzou o salão em trajes de corsário para uma versão completamente escrachada de Rádio Pirata, rock do trio paulista RPM que acumulava semanas sucessivas nas paradas de emissoras FM. “Não faltou perna-de-pau, tapa-olho e papagaio de verdade, mas o bicho se assustou com a algazarra e um dos rapazes foi bicado na mão”, gargalha o analista de sistemas, aproveitando para fazer a ressalva de que as noites sem karaokê eram igualmente ótimas, com boa música ao vivo e espaço improvisado como pista de dança, próximo ao palco.
Douglas “Marvel” (apelido desde os tempos de guri ávido por gibis) fazia um show à parte. Com a mesma desenvoltura demonstrada como vendedor durante o dia, o super-herói do karaokê acabou assumindo sozinho o papel de um mestre-de-cerimônias cuja interatividade conduzia noites de pura festa. “Eu incendiava a plateia, fazendo a ponte entre um calouro e outro, cantando junto quando alguém se atrapalhava e botando pilha nas “torcidas”, além de encorajar os relutantes”, destaca aos 70 anos o hoje funcionário de uma empresa de embalagens em Guaporé (RS).
E as gurias não ficavam para trás. Dentre elas estava Giane Nascimento, 58 anos, funcionária da Justiça Eleitoral e que responde pela outra página temática no Facebook: “Levei muitas amigas, parentes e colegas, assim como reencontrei uma turma dos tempos de adolescência no Partenon. Anos depois do fechamento do Fascinação, o pessoal continuou se encontrando e um amigo que conheci lá dentro acabaria se tornando meu marido, com quem tive dois filhos e do qual me separarei recentemente”, relata. “Eu sei de pelo menos outros quatro casais formados ali.”
Ainda habituê de alguns dos diversos bares que mantêm o pique do karaokê na cidade, a servidora suspira ao falar da atmosfera descontraída da casa, que também dava conta do recado em eventos temáticos como festas à fantasia, Natal, Ano Novo e encontros de solteiros em Dia dos Namorados: “Era tão incrível que virou uma espécie de ponto turístico, atraindo famosos de dentro e fora do Estado. Teve uma noite em que deparei com ninguém menos que o ator José Wilker [1944-2014] na fila, enquanto eu entrava direto por ter o cartão vip!”.
Ótimas lembranças também são compartilhadas pela secretária-executiva Josane Nunes, 58 anos: “As filas eram tamanhas que o pessoal chegava a esperar no canteiro central da Getúlio. Mas depois que eu consegui entrar nunca mais saí, frequentando praticamente de segunda a segunda. Acabei me enturmando de tal forma que, mesmo morando em um prédio quase em frente, muitas vezes dormi no andar de cima do Fascinação. Também atravessava a avenida à tardinha para espiar algum ensaio dos músicos ou filar a janta com os garçons, de quem me tornei amiga!”.
Ainda habituê de alguns dos diversos bares que mantêm o pique do karaokê na cidade, a servidora suspira ao falar da atmosfera descontraída da casa, que também dava conta do recado em eventos temáticos como festas à fantasia, Natal, Ano Novo e encontros de solteiros em Dia dos Namorados: “Era tão incrível que virou uma espécie de ponto turístico, atraindo famosos de dentro e fora do Estado. Teve uma noite em que deparei com ninguém menos que o ator José Wilker [1944-2014] na fila, enquanto eu entrava direto por ter o cartão vip!”.
Ótimas lembranças também são compartilhadas pela secretária-executiva Josane Nunes, 58 anos: “As filas eram tamanhas que o pessoal chegava a esperar no canteiro central da Getúlio. Mas depois que eu consegui entrar nunca mais saí, frequentando praticamente de segunda a segunda. Acabei me enturmando de tal forma que, mesmo morando em um prédio quase em frente, muitas vezes dormi no andar de cima do Fascinação. Também atravessava a avenida à tardinha para espiar algum ensaio dos músicos ou filar a janta com os garçons, de quem me tornei amiga!”.
Chorando se foi...
Enquanto o estouro mundial da lambada invadia as noites de 1990 com o ritmo quente de uma nova dança latina puxada pelo grupo franco-brasileiro Kaoma e seu hit Chorando se Foi, o Fascinação não ficou ileso a outro arrasa-quarteirão daquele ano: o plano econômico do recém-empossado presidente Fernando Collor de Mello. Congelamento de preços e salários, confisco de aplicações financeiras e outras medidas não apenas se mostraram insuficientes para conter a inflação herdada do governo anterior, como terminaram por agravar a crise.
“Dinheiro preso, falta de capital-de-giro e fornecedores aumentando preços, sem que eu pudesse fazer o mesmo, foram causando um grande desgaste”, lamenta James Porcelles. “Isso, sem contar as tantas vezes em que fui denunciado por clientes que, atrapalhados pela bebida, procuravam fiscais para reclamar dos valores praticados na casa. De qualquer forma, aguentamos o tranco por um bom tempo, com direito a uma remodelação para que contássemos com camarins e um palco mais alto, além de filiais de veraneio nas praias de Cidreira e depois Imbé.”
Mas não teve jeito. Contrariando a máxima de “quem canta seus males espanta”, o proprietário esticou a corda até onde dava para não entrar no vermelho, até desligar seus toca-fitas no primeiro semestre de 1993, encerrando oito anos de uma experiência extraordinária e que deixou órfãos espalhados por toda a cidade. “A última noite foi a coisa mais triste do mundo, lembro de ter tocado com lágrimas nos olhos o samba Andança, da Beth Carvalho”, emociona-se Clayton Franco, 75 anos, músico e frequentador. “Talvez por medo de sofrer, pouca gente apareceu.”
O endereço ainda acolheria as menos duradouras boates W588, General de Gaulle e Bordô, antes que o novo milênio atraísse outros perfis de atividade (agência imobiliária, curso pré-vestibular, clínica de saúde). Enquanto isso, a avacalhação da fachada convertia o sobrado em uma caixa tão sem graça quanto o processo de esvaziamento da avenida Getúlio Vargas (e não apenas dela) como reduto boêmio, hoje restrito à novata cervejaria 4Beer e ao bar Point Beer, de resistência heroica há 29 anos – mesmo tempo desde que o Fascinação fechou suas portas, a 95 metros dali.
Encerrado esse capítulo, a maioria da família Porcelles deixou para trás a atividade noturna, exceto por Douglas, que ainda comandou uma equipe de eventos antes de fazer as malas rumo ao Interior do Estado, 15 anos atrás. James, por sua vez, sentou praça na Bahia, onde é inspetor de ultrassom em refinarias de petróleo e dono de pizzaria. Clab Nei passou a fornecer gás para condomínios residenciais, até falecer em 2014. E Mauren retornou ao setor bancário, aposentando-se como digitadora em instituição financeira – ultimamente, dedica-se aos cuidados da mãe nonagenária.
E o karaokê? Vai bem, obrigado. O divertimento teve herdeiros como Vivo Pra Isso (Cidade Baixa), Teatro Mágico (Bom Fim), Café Majestic, Boliche Rua da Praia (Centro) Barcelona, Girasole (Santana), Dantzig (Auxiliadora), Babilônia (São Geraldo), Trivial (Rio Branco) e o showman itinerante Clerton “Kekê” Abreu, vindo do Ceará. Tradição revitalizada hoje em mais de dez endereços (Venezianos, Fermata, Purple, Claudinha, Tô à Toa, Quinto, Vila Cervejeira, Mondo Cane, Red Door, Bodega do Cigano, Pamela, Freedom, Sofia etc.), sem contar os modernos aparelhos de “videokê” e aplicativos que permitem reunir gente querida para soltar a voz sem sair de casa.
“Dinheiro preso, falta de capital-de-giro e fornecedores aumentando preços, sem que eu pudesse fazer o mesmo, foram causando um grande desgaste”, lamenta James Porcelles. “Isso, sem contar as tantas vezes em que fui denunciado por clientes que, atrapalhados pela bebida, procuravam fiscais para reclamar dos valores praticados na casa. De qualquer forma, aguentamos o tranco por um bom tempo, com direito a uma remodelação para que contássemos com camarins e um palco mais alto, além de filiais de veraneio nas praias de Cidreira e depois Imbé.”
Mas não teve jeito. Contrariando a máxima de “quem canta seus males espanta”, o proprietário esticou a corda até onde dava para não entrar no vermelho, até desligar seus toca-fitas no primeiro semestre de 1993, encerrando oito anos de uma experiência extraordinária e que deixou órfãos espalhados por toda a cidade. “A última noite foi a coisa mais triste do mundo, lembro de ter tocado com lágrimas nos olhos o samba Andança, da Beth Carvalho”, emociona-se Clayton Franco, 75 anos, músico e frequentador. “Talvez por medo de sofrer, pouca gente apareceu.”
O endereço ainda acolheria as menos duradouras boates W588, General de Gaulle e Bordô, antes que o novo milênio atraísse outros perfis de atividade (agência imobiliária, curso pré-vestibular, clínica de saúde). Enquanto isso, a avacalhação da fachada convertia o sobrado em uma caixa tão sem graça quanto o processo de esvaziamento da avenida Getúlio Vargas (e não apenas dela) como reduto boêmio, hoje restrito à novata cervejaria 4Beer e ao bar Point Beer, de resistência heroica há 29 anos – mesmo tempo desde que o Fascinação fechou suas portas, a 95 metros dali.
Encerrado esse capítulo, a maioria da família Porcelles deixou para trás a atividade noturna, exceto por Douglas, que ainda comandou uma equipe de eventos antes de fazer as malas rumo ao Interior do Estado, 15 anos atrás. James, por sua vez, sentou praça na Bahia, onde é inspetor de ultrassom em refinarias de petróleo e dono de pizzaria. Clab Nei passou a fornecer gás para condomínios residenciais, até falecer em 2014. E Mauren retornou ao setor bancário, aposentando-se como digitadora em instituição financeira – ultimamente, dedica-se aos cuidados da mãe nonagenária.
E o karaokê? Vai bem, obrigado. O divertimento teve herdeiros como Vivo Pra Isso (Cidade Baixa), Teatro Mágico (Bom Fim), Café Majestic, Boliche Rua da Praia (Centro) Barcelona, Girasole (Santana), Dantzig (Auxiliadora), Babilônia (São Geraldo), Trivial (Rio Branco) e o showman itinerante Clerton “Kekê” Abreu, vindo do Ceará. Tradição revitalizada hoje em mais de dez endereços (Venezianos, Fermata, Purple, Claudinha, Tô à Toa, Quinto, Vila Cervejeira, Mondo Cane, Red Door, Bodega do Cigano, Pamela, Freedom, Sofia etc.), sem contar os modernos aparelhos de “videokê” e aplicativos que permitem reunir gente querida para soltar a voz sem sair de casa.
Diversão cinquentenária
O karaokê tem sua paternidade atribuída ao japonês Daisuke Inoue. Atuando como tecladista na banda de um clube noturno da cidade de Kobe, em 1971 ele percebeu que alguns clientes – com ou sem pileque – venciam a timidez de cantar em público se acompanhados por instrumentistas. Até que um empresário disposto a agradar investidores convidou o conjunto para tocar em uma festa corporativa na qual ele pretendia se apresentar ao microfone, desde que os tons e arranjos fossem readequados à sua voz desafinada, reduzindo assim as chances de vexame.
Inoue não conseguiu recrutar o grupo, mas teve uma ideia para compromissos futuros: por que não gravar trilhas de fundo em uma fita e fornecê-la com antecedência ao contratante? E se um equipamento fosse capaz de fazer isso? Unindo seu aprendizado de engenharia elétrica à colaboração de outros conhecedores do assunto, ele trabalhou na adaptação de um sistema de som automotivo para que a fita-cassete (com faixas instrumentais) fosse acionada por uma moeda, tal como uma jukebox de versões instrumentais.
Mais alguns ajustes e a engenhoca foi instalada de forma experimental em um bar, caindo rapidamente nas graças do público. “A notícia se espalhou, fazendo com que muitos fregueses chegassem antes de o estabelecimento abrir, a fim de garantir lugar”, rememorou o inventor em recente entrevista, aos 82 anos. Logo surgiram encomendas de outras cidades nipônicas e tempos depois a novidade já conquistava fãs em outros países da Ásia, antes cruzar o planeta – no começo da década de 1980 já era febre nos Estados Unidos e logo aportou em São Paulo.
Embora Inoue não tenha ficado rico (ele marcou bobeira e o invento foi patenteado por um filipino em 1975), sua contribuição recebeu o devido reconhecimento. A revista norte-americana Time o elegeu em 1999 um dos asiáticos mais influentes do século 20 e, cinco anos depois, a Universidade de Harvard (EUA) lhe concedeu prêmio especial por sua contribuição cientificamente, “ao incentivar as pessoas a tolerarem umas às outras” por meio do karaokê, palavra que significa algo como “sem orquestra”, em uma tradução aproximada.
Inoue não conseguiu recrutar o grupo, mas teve uma ideia para compromissos futuros: por que não gravar trilhas de fundo em uma fita e fornecê-la com antecedência ao contratante? E se um equipamento fosse capaz de fazer isso? Unindo seu aprendizado de engenharia elétrica à colaboração de outros conhecedores do assunto, ele trabalhou na adaptação de um sistema de som automotivo para que a fita-cassete (com faixas instrumentais) fosse acionada por uma moeda, tal como uma jukebox de versões instrumentais.
Mais alguns ajustes e a engenhoca foi instalada de forma experimental em um bar, caindo rapidamente nas graças do público. “A notícia se espalhou, fazendo com que muitos fregueses chegassem antes de o estabelecimento abrir, a fim de garantir lugar”, rememorou o inventor em recente entrevista, aos 82 anos. Logo surgiram encomendas de outras cidades nipônicas e tempos depois a novidade já conquistava fãs em outros países da Ásia, antes cruzar o planeta – no começo da década de 1980 já era febre nos Estados Unidos e logo aportou em São Paulo.
Embora Inoue não tenha ficado rico (ele marcou bobeira e o invento foi patenteado por um filipino em 1975), sua contribuição recebeu o devido reconhecimento. A revista norte-americana Time o elegeu em 1999 um dos asiáticos mais influentes do século 20 e, cinco anos depois, a Universidade de Harvard (EUA) lhe concedeu prêmio especial por sua contribuição cientificamente, “ao incentivar as pessoas a tolerarem umas às outras” por meio do karaokê, palavra que significa algo como “sem orquestra”, em uma tradução aproximada.
A noite do Menino Deus
• Clube da Chave
• Looking Glass
• New Looking
• Cia. dos Sanduíches
• Carlitu’s
• Chipp’s
• Velha Guarda
• Tom & Tom
• Bar 1
• Bordô 588
• Taco Pub
• Point Beer
• Looking Glass
• New Looking
• Cia. dos Sanduíches
• Carlitu’s
• Chipp’s
• Velha Guarda
• Tom & Tom
• Bar 1
• Bordô 588
• Taco Pub
• Point Beer
* Marcello Campos, 49 anos, é formado em Jornalismo, Publicidade & Propaganda (ambas pela Pucrs) e Artes Plásticas (Ufrgs). Tem seis livros publicados, incluindo as biografias de Lupicínio Rodrigues, do Conjunto Melódico Norberto Baldauf e do garçom-advogado Dinarte Valentini (Bar do Beto). Há mais de uma década, dedica-se ao resgate de fatos, lugares e personagens porto-alegrenses.