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Reportagem Cultural

- Publicada em 18 de Agosto de 2022 às 18:38

Escritora Carol Bensimon chega aos 40 anos com obra literária consolidada

Carol Bensimon foi desenvolvendo sua voz literária nos primeiros semestres de universidade, processo que se intensificou com mestrado em Escrita Criativa

Carol Bensimon foi desenvolvendo sua voz literária nos primeiros semestres de universidade, processo que se intensificou com mestrado em Escrita Criativa


MARCO ANTONIO FILHO/DIVULGAÇÃO/JC
Uma taxidermista que restaura animais em um museu de história natural nos Estados Unidos. Um deputado morto nos anos seguintes ao fim da ditadura no Rio Grande do Sul. Essas são algumas das paisagens literárias que se entrelaçam em Diorama (Companhia das Letras), novo livro de Carol Bensimon, que será lançado em Porto Alegre em 30 de agosto, às 19h, em um bate-papo com Carlos André Moreira na Livraria Taverna (Rua dos Andradas, 736).
Uma taxidermista que restaura animais em um museu de história natural nos Estados Unidos. Um deputado morto nos anos seguintes ao fim da ditadura no Rio Grande do Sul. Essas são algumas das paisagens literárias que se entrelaçam em Diorama (Companhia das Letras), novo livro de Carol Bensimon, que será lançado em Porto Alegre em 30 de agosto, às 19h, em um bate-papo com Carlos André Moreira na Livraria Taverna (Rua dos Andradas, 736).
Carol tem uma trajetória literária consistente e reconhecida. Em 2017, a escritora venceu o prêmio Jabuti de melhor romance com O Clube dos Jardineiros de Fumaça (Companhia das Letras). Sua primeira narrativa longa, Sinuca embaixo d'água (Companhia das Letras), de 2009, foi finalista do prêmio São Paulo de Literatura. Também é autora de Uma estranha na cidade (Dublinense), Todos nós adorávamos caubóis (Companhia das Letras) e Pó de parede (Não Editora).
A nova obra é inspirada em um histórico crime político que aconteceu em Porto Alegre no final da década de 1980. Trata-se do assassinato do deputado estadual José Antônio Daudt. Ele foi morto por dois tiros de espingarda quando chegava em sua casa no bairro Moinhos de Vento. O principal suspeito era o colega Antônio Carlos Dexheimer. Carol, entretanto, deixa claro que não há nenhuma pretensão investigativa ou jornalística. "Eu decidi usar como ponto de partida para criar essa narrativa ficcional", conta.
Narrado pela taxidermista Cecília Matzenbacher, o livro mostra a protagonista, que agora vive nos Estados Unidos, tentando manter de pé a vida refeita após a turbulência que o crime causou, enquanto sua versão criança leva o leitor de volta à Porto Alegre dos anos 1980. "Sempre tive uma atração por esses casos não resolvidos da cidade e que aconteceram num perímetro muito pequeno. No Moinhos e arredores também há o caso Kliemann e o Becker", diz Carol. Ela não tem memória dos acontecimentos, mas o crime ficou no imaginário coletivo da cidade.
Mesmo morando em Mendocino, na Califórnia, há alguns anos com a sua namorada, ela mantém contato constante com Porto Alegre. "Acabo lendo as notícias ou sou informada pelo meu pai", diz. Conhecida pelo intenso processo de pesquisa para os seus romances, a autora conta que com este não foi diferente. "A leitura de livros sobre o caso Daudt foi importante, apesar do meu objetivo ser uma ficcionalização. Também li Os Cadernos da Ipanema, da Katia Suman, e o História de um Bom Fim, do Lúcio Pedroso, para construir a parte cultural dos anos 1980, porque não tive essa vivência", explica. A autora conta que também pesquisou em acervos como o museu Hipólito da Costa, em uma das visitas à cidade. "O mais diferente, talvez, foi a investigação bibliográfica sobre taxidermia, ecologia e história natural."
Carol lembra que durante o processo de escrita de Sinuca ela já se sentia preocupada com a pesquisa para os romances. "Lembro de estar deslumbrada com o realismo literário, por exemplo, falar com advogado, mecânico, etc para saber especificidades que eu queria colocar no livro. Mas era um nível muito básico ainda", conta. Em Cowboys, ela fez pesquisas em forma de viagens, já que o livro é uma espécie de road trip por várias cidades do interior do Rio Grande do Sul. "Porém, acho que começou a pegar mais com o Clube dos Jardineiros. Tomei gosto por isso de descortinar o universo geográfico e histórico", revela.
Para o escritor Luiz Antonio de Assis Brasil, é justamente no Clube dos Jardineiros que Carol assume um novo tom em sua literatura, em que o real externo assume protagonismo e se impõe. "Digo mais: trata-se de uma inovação, inclusive, em sua geração de ficcionistas, a maior parte ainda envolvida em seus dramas interiores. E é realizada com arte que chega a beirar o virtuosismo", afirma. Assis acredita que se trata de uma trajetória literária que está se consolidando com o tempo. "E o bom disso, no caso da Carol, é que um livro sempre supera o antecedente. Outra virtude: Carol não tem pressa em publicar: sabe seu tempo e o tempo de seu livro. Prefere a qualidade à quantidade. Um belo exemplo a todos."
 

Da escola e da faculdade

Lançamento de novo livro, Diorama, acontece em Porto Alegre no próximo dia 30 de agosto, na Livraria Taverna

Lançamento de novo livro, Diorama, acontece em Porto Alegre no próximo dia 30 de agosto, na Livraria Taverna


MARCO ANTONIO FILHO/DIVULGAÇÃO/JC
Nascida em Porto Alegre no dia 22 de agosto de 1982, Carol Bensimon estudou toda sua vida no colégio João XXIII, na Zona Sul do município. Da época do colégio, guarda lembranças da leitura de alguns livros impactantes. "A gente lia coisas muito incríveis, quando eu penso hoje, no ensino fundamental, como O apanhador no campo de centeio e A revolução dos bichos, algo que foi bastante ousado. Lembro do choque dos colegas sobre o personagem principal do livro do Salinger", recorda.
A escritora de Pó de Parede sempre teve incentivo pela leitura na sua família. "Tenho uma boa memória da época da Feira do Livro de Porto Alegre e de estar empolgada em ganhar livros", lembra. Também recorda de viagens para o Rio de Janeiro, onde seus avós tinham um apartamento e das idas à livraria carioca Malasartes, conhecida pela qualidade e pelas obras de literatura infanto-juvenil. "Sou filha única, e acho que isso tem um pouco a ver com ter me tornado escritora. Sempre tive isso de fabulação, de estar meio que criando histórias assim na minha cabeça, e eu ficava bastante tempo sozinha", diz.
No último ano da escola, a decisão do vestibular acabaria sendo decidida em 'circunstâncias aleatórias', explica. Em uma atividade de orientação profissional na escola, Carol ganhou um sorteio para passar uma semana em uma agência publicitária, uma das profissões em que ela demonstrou interesse. "Isso era 1999, então, acabei gostando da experiência e achando o ambiente lúdico e interessante. Então foi meio aleatório, porque eu estava entre jornalismo e publicidade e o que me fez decidir foi isto", diz. No ano seguinte, ela entraria na Faculdade de Comunicação da Ufrgs para cursar Publicidade.
Nos primeiros anos de Fabico, como é conhecida a instituição, havia cadeiras de disciplinas de português, em que se poderia trabalhar também com textos de ficção. "Então, eu já estava escrevendo desde o início da Faculdade, onde fazíamos alguns contos", explica. Em algumas entrevistas, ela já contou que o tempo lá foi interessante porque teve mais contato com o mundo real, além de que era cercada por vários colegas que exploravam camadas artísticas. Um deles certamente foi o seu colega Gabriel Pillar, que ganhou dedicatória no seu primeiro livro, Pó de parede. Falecido precocemente em 2006 em um acidente de trânsito, ele foi o criador do coletivo Insanus, famoso no início da década passada por ser um dos primeiros a juntar vários blogs no começo de uma popularização da web brasileira. Vários escritores ou personalidades do meio literário passaram por ali, inclusive, a própria Carol. Paralelamente a isso, em 2003, a futura autora fez a famosa Oficina do escritor Assis Brasil na Pucrs, que a ajudaria nos próximos passos.
 

Jovem maturidade literária

Estreia de Carol Bensimon no romance, Sinuca Embaixo D'Água foi desenvolvido durante mestrado em Escrita Criativa na Pucrs

Estreia de Carol Bensimon no romance, Sinuca Embaixo D'Água foi desenvolvido durante mestrado em Escrita Criativa na Pucrs


COMPANHIA DAS LETRAS/DIVULGAÇÃO/JC
Depois de formada, Carol começou a trabalhar em uma agência de publicidade. "Mas tudo mudou quando se criou a linha de . Me inscrevi e passei, ganhei uma bolsa e nunca mais voltei para a publicidade", conta. O ano era 2007 e ela lembra que era apenas a segunda turma da pós-graduação. "Turma entre aspas, acho que tinham três pessoas, ainda estava em construção as disciplinas, a maioria dos alunos vinha da Letras", diz.
O poeta Diego Grando era um dos colegas da turma de mestrado, e lembra que esse universo restrito também acabou facilitando o intercâmbio de ideias. Grando é ex-marido de Carol e os dois mantêm a amizade e a parceria literária. Ele continua, por exemplo, acompanhando a escrita dos livros dela. "Desde o princípio já dava para ver que a Carol estava desabrochando numa maturidade muito grande. Ela estava terminando de escrever o Pó de parede quando a gente se conheceu e ali já tem toda a base de um projeto estético que evidentemente vai evoluindo e se adensando", aponta.
A jornalista e editora Lu Thomé lembra da passagem da publicação de Pó de parede, pela Não Editora. "Em 2008, eu estava voando de São Paulo para Porto Alegre e resolvi abrir um arquivo que meus sócios na Não Editora haviam encaminhado. A autora era Carol Bensimon que, do alto de sua juventude, já tinha postura de profissional das letras. E essa publicação abriu os trabalhos da Não Editora no Rio Grande do Sul e em vários estados do Brasil. Trabalhei com a Carol diretamente na assessoria de imprensa para o livro e em muitas sessões de autógrafos e eventos. Editar a autora, que se tornou uma amiga querida, é um dos orgulhos que tenho na minha trajetória no mercado editorial", diz.
O escritor Antônio Xerxenesky, também um dos fundadores da Não Editora, conta que assim que recebeu o texto da Carol Bensimon, sabia que estava diante de uma escritora pronta. "Também era óbvio que ela logo deslancharia na carreira, o que ocorreu em pouquíssimo tempo. Sua prosa é recheada de descrições detalhistas. Ela tem um olhar para paisagens e espaços urbanos sem igual na literatura contemporânea, que tanto despreza esses momentos contemplativos. E sua literatura só foi melhorando", comenta.
Assis Brasil orientou Carol Bensimon durante o mestrado e lembra de um convívio muito construtivo. O romance Sinuca embaixo d'água é o trabalho final da sua pós-graduação, juntamente com um ensaio teórico intitulado A personagem ausente na narrativa literária. "Ela trouxe uma colaboração inestimável ao tema da personagem ausente, e que estou sempre recomendando aos meus alunos atuais", diz. Em Sinuca, lançado em 2009, pela Companhia das Letras, sete narradores reconstroem suas vidas a partir da morte de uma garota em um acidente automobilístico.
Só depois do mestrado e da publicação, Carol diz que conseguiu se ver como escritora. "Eu sempre fui receosa em me afirmar escritora. Nunca fui do tipo 'eu escrevo, portanto sou escritora'. Eu acho que eu precisava ser meio que validada pelos outros. Então, quando eu estava no mestrado, eu publiquei o meu primeiro livro. E, no ano seguinte, o primeiro romance, que era produto do mestrado. Acho que, nesse momento, eu passei a me considerar escritora", relata. Ela conta que foi parar na Companhia das Letras depois de uma indicação do escritor Daniel Galera, que gostou do Pó de parede. "Sobretudo do da primeira história, e então ele comentou sobre o livro com a Marta Garcia, que era a editora e que na época estava lá", diz.
Daniel Galera começou a carreira um pouco mais cedo que Carol, e lembra de ficar impressionado com a qualidade do texto de Pó de parede. "Nele, tinha esse conto memorável chamado A caixa, no qual uma das marcas de estilo dela aparecia já bem formada: um talento notável para elaborar o espaço dentro da narrativa, a influência que os lugares, ambientes, arquiteturas e objetos exercem sobre as pessoas e a sociedade, e vice-versa", explica.
 

Personagens em deslocamento

Em Todos nós adorávamos caubóis, Carol Bensimon realizou ambição de escrever um 'livro na estrada'

Em Todos nós adorávamos caubóis, Carol Bensimon realizou ambição de escrever um 'livro na estrada'


COMPANHIA DAS LETRAS/DIVULGAÇÃO/JC
Entre os lugares que explorou pelo mundo, Carol teve uma passagem de cerca de dois anos, entre 2008 e 2010, em Paris, na França, onde estudou doutorado em literatura comparada a Université Sorbonne Nouvelle, mas não chegou a completar o curso. "Foi mais uma coisa de 'quero morar em outro lugar', mas, depois de dois anos, quando rolou a pressão de produzir a tese, eu vi que não queria continuar por esse caminho", explica.
De volta ao Brasil, estabeleceu-se novamente em Porto Alegre, colaborando para veículos como Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo, Zero Hora e atuando como tradutora. Em 2013, lançou o romance Todos nós adorávamos caubóis. Sobre o livro, ela conta que foi um momento de questionamentos de vários tipos. "Foi um pouco um produto de ter saído do País, e pensar o que significa ter nascido no Rio Grande do Sul, e no Brasil. Sempre tive vontade de fazer algo que passasse na estrada, pois sempre fui fascinada por esse tipo de narrativa. E também algo pessoal, de querer retratar as relações um pouco ambíguas que eu tinha vivido na época da faculdade", pondera.
A livreira Nanni Rios conta que, na época em que saiu Pó de parede, se identificou muito com o desajuste das personagens com o lugar onde moravam, as expectativas dos outros e a sensação de desconforto. "Era um pouco como eu me sentia na época, meio outsider em qualquer lugar que eu andava. E tamanha foi a minha surpresa quando descobri que a autora tinha mais ou menos a minha idade. Isso tornou tudo ainda mais próximo. É incrível e importante ter contato com escritores e, sobretudo, escritoras da minha geração, com um registro temporal e de mundo mais próximo do que os autores que a gente lia no colégio, em geral clássicos", aponta.
Grando faz uma rápida análise da obra de Carol a partir da ideia do deslocamento de seus personagens e protagonistas. "Como ela tem muito essa coisa dos lugares, no primeiro livro era mais a arquitetura, mais estática, falsamente estática; no Sinuca, o movimento já está ali, são várias narradoras e narradores se movendo em torno de uma morte, um movimento pequeno de andar em círculo em Porto Alegre; e o Cowboys parece que ela se permite sair literalmente em uma viagem e dimensões maiores, mas ainda assim uma viagem em círculo para ficar aqui no Rio Grande do Sul", analisa. E já no Clube dos Jardineiros de Fumaça, na visão do escritor, os personagens de Carol param de andar em círculo, a partir da figura do personagem Arthur, que vai para os Estados Unidos.
 

Da Califórnia para Porto Alegre (e vice-versa)

Lançamento de novo livro, Diorama, acontece em Porto Alegre no próximo dia 30 de agosto, na Livraria Taverna

Lançamento de novo livro, Diorama, acontece em Porto Alegre no próximo dia 30 de agosto, na Livraria Taverna


MELISSA FORNARI/DIVULGAÇÃO/JC
Atualmente morando na cidade de Mendocino, no interior da Califórnia, Carol conta que conheceu o local durante uma viagem de turismo pelos Estados Unidos. "Descobri que tinha toda uma história de pessoas no fim dos anos 1960 que se mudaram para cá, para viver em comunidades rurais, o que eles chamam de back to the land, e com isso veio a maconha junto e virou um negócio muito lucrativo nas décadas seguintes", explica. Ela ficou fascinada pela história e viu que queria escrever a respeito. Decidiu passar duas temporadas por lá, pesquisando. "No final da segunda, eu e a minha namorada decidimos morar aqui. E aí eu fui consultar um advogado de imigração e descobri que era possível pedir um green card por causa da minha carreira de escritora", conta. E esse foi o começo do premiado Clube dos Jardineiros de Fumaça.
Apesar da distância, Carol mantém uma relação de proximidade com Porto Alegre, pois visita a família pelo menos uma vez ao ano. Em 2015, ela lançou uma reunião de crônicas no livro Uma estranha na cidade. "Esses tempos eu fui ler por algum motivo o livro de crônicas e me pareceu um retrato de um momento que terminou. Aquele momento da cidade para as pessoas, a cidade mais humana, aquela coisa da bicicleta e tal meio que morreu. Mas, ao mesmo tempo, se refez de algum jeito, porque eu vejo que algumas daquelas ideias saíram, talvez de uma bolha, e viraram mais mainstream", aponta.
Por mais que a autora esteja longe, seus personagens continuam passeando pela cidade, como mostra Diorama. "É interessante também, porque é pegar alguém, esse personagem, que de alguma maneira já está longe e estabelecido lá nos Estados Unidos e tem, de alguma forma, esse chamado de retorno", analisa Grando. Para ele, o modo como Carol observa Porto Alegre tem a ver com o próprio manejo da linguagem e uma forma de olhar para o mundo. "Não é uma Porto Alegre para porto-alegrenses, tem um retrato da realidade aqui, mas que não passa por bairrismo. É, de certa maneira, um olhar cosmopolita para Porto Alegre. Há uma visão de mundo que não quer esquecer Porto Alegre, não quer esquecer do Rio Grande do Sul, do Brasil e tudo mais, mas que, ao mesmo tempo, não se limita a isso", reflete.
Carol gosta de viver em Mendocino. "Eu acho as pessoas super calorosas, na verdade, e ainda mais se comparar com o tempo que vivi em Paris. E eu super aprecio essa coisa de estar andando na rua e as pessoas passarem e sorrirem. É uma coisa que me faz bem, sabe?"
 

Lecionando o romance

Carol Bensimon:

Carol Bensimon: "sempre fui receosa em me afirmar escritora"


MARCO ANTONIO FILHO/DIVULGAÇÃO/JC
Desde 2019, Carol Bensimon vem desenvolvendo o curso As engrenagens do romance, no qual apresenta estratégias para aqueles que desejam escrever narrativas longas, “Eu lancei antes da pandemia, então não tinha todas essas ofertas de cursos online, era uma época que ninguém sabia o que era o Zoom, por exemplo. E é um curso assíncrono, e continua sendo, mas há também alguns encontros ao vivo agora”, diz. Esse ano ela reformulou, colocou em uma nova plataforma e abriu uma nova turma. “Teve um momento que tive que parar devido à escrita do Diorama, porque há produção das atividades escritas dos alunos e isso exige uma dedicação”, conta. Mais de duzentos alunos já passaram pelo curso.

A formação dura 12 semanas e tem em torno de 60 lições: vídeos, materiais teóricos, trechos de romances e propostas de criação. Além, é claro, da proposta de vários exercícios que são comentados por Carol. Dan Poletti é um jovem autor que participou do curso. Ele recorda que estava com dificuldades na escrita do livro, foi aí então que conheceu o curso. “A Carol me trouxe muitas ferramentas para ajudar na concepção da obra. Ela também analisou o nosso projeto de romance, então, o livro que estou publicando foi um projeto que eu trabalhei junto com a Carol também no curso”, diz. Trata-se da obra Instante Infinito, que foi também contemplada em um fundo de cultura da cidade de Bento Gonçalves.

Poletti diz que um dos livros que foi seu companheiro durante a escrita de Instante Infinito foi Todos nós adorávamos cowboys. “Ele tem essa grande qualidade de ter movimento, de uma maneira muito dinâmica. Ela não se prende muito aos espaços, mas ao mesmo tempo os espaços geográficos dialogam muito com o estado de espírito das personagens, então, foi um grande incentivo”, diz.

Obras publicadas

Capa de Pó de Parede, livro de estreia de Carol Bensimon, a partir de foto de Ieve Holthausen

Capa de Pó de Parede, livro de estreia de Carol Bensimon, a partir de foto de Ieve Holthausen


NÃO EDITORA/DIVULGAÇÃO/JC
Pó de parede (Não editora, 2008);
Sinuca embaixo d'água (Companhia das Letras, 2009);
Todos nós adorávamos caubóis (Companhia das Letras, 2013);
Uma estranha na cidade (Dublinense, 2015);
O Clube dos Jardineiros de Fumaça (Companhia das Letras, 2017);
Diorama (Companhia das Letras, 2022)
 
 
Rafael Gloria é jornalista, mestre em Comunicação (Ufrgs) e editor do site Nonada Jornalismo.