O ônibus estaciona no asfalto tingido pela terra vermelha e a criançada desce correndo em direção àquela fachada de pedras que remanesce no descampado. A experiência de visitar as ruínas de São Miguel das Missões remonta à fase escolar de boa parte dos gaúchos. Desde que se reconheceu o sítio arqueológico no noroeste do Rio Grande do Sul pela Unesco em 1983 como patrimônio da humanidade, tornou-se destino habitual.
Lá, o que se vê em livros didáticos ganha vida e complexidade. Seu magnetismo desperta todo um potencial para se pensar o passado, o presente e o futuro. Os estudantes voltam para casa relatando o contato com os indígenas que vendem artesanato no parque. Eventualmente, acabam levando consigo algum artefato repleto de atributos espirituais.
O patrimônio material das Missões Jesuítico-Guarani na América Meridional se reconfigura com o tempo. As imagens de santos entalhadas nos séculos XVII e XVIII em madeira de cedro, por exemplo, sempre circularam além das igrejas, sendo reapropriadas em diferentes contextos e épocas como objetos de herança e devoção. Enquanto isso, iniciativas contemporâneas buscam ressignificar este pretérito, a exemplo da música nativista missioneira e da produção cinematográfica guarani.
Nesta reportagem, a segunda de uma série do Caderno Viver sobre as Missões, abordamos achados arqueológicos, produções artísticas (incluindo um monumento anti-bandeirante), uma viagem imersiva 3D e uma rede de mais de 300 profissionais e entusiastas que trocam informações e se apoiam, o que já resultou em um projeto de lei. O Pró-Missões prevê investimento em iniciativas culturais, educativas e turísticas, que explorem a virtualidade da região.
Independentemente da aprovação de recursos, o grupo já está colocando em prática a valorização da cultura missioneira, por meio de mapeamentos e estudos que vão revelando novos significados. Por exemplo, uma pedra repleta de desenhos indígenas, que foi resgatada recentemente em Fontoura Xavier para ser analisada em laboratório. Após cinco anos de trabalho, a estela que representou um marco de divisa entre dois ervais retornará ao município, não mais para a função decorativa do parque de rodeios, papel que lhe foi atribuído nos anos 1990, mas como peça preservada, que ajuda a contar nossa história.
Um rede em prol das Missões
Pesquisadores investigam solo da antiga redução de Santo Ângelo, em busca de vestígios materiais
FERNANDO GOMES/DIVULGAÇÃO/JC
Esses pesquisadores e entusiastas conectam-se via WhatsApp desde 2019. No grupo Grande Projeto Missões, voluntários do Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina, trocam informações e se engajam em ações práticas.
Fruto desse movimento e da iniciativa de prefeitos da região, em abril a Assembleia Legislativa do Estado aprovou um projeto de lei que institui o Programa Estadual de Apoio e Fomento às Atividades de Valorização e Resgate Histórico das Missões Jesuítico-Guarani (Pró-Missões). O objetivo é estabelecer uma política pública efetiva, baseada na isenção de ICMS. Mas quando submetida à sanção do governador Ranolfo Vieira Júnior, foi vetada. Embora tenha reconhecido o mérito, o governo deu-se como impedido de conceder benefício tributário que decorra de renúncia de receita.
Agora o grupo pretende conseguir apoio dos deputados para derrubar o veto e garantir publicação da lei, que terá que passar ainda por regulamentação do executivo para vigorar. Um dos líderes desse movimento, Alvaro Theisen, afirma que "o veto do governador tem equivalência aos ataques dos bandeirantes às reduções na época".
Theisen revela que o movimento projeta também outra lei para a área do ensino, além de investimentos em infraestrutura, como o acesso asfáltico às ruínas de São João e São Lourenço, já em obras. Outra iniciativa está na realização de novas escavações arqueológicas. Em maio, pesquisadores da Unisinos e da Ufrgs investigaram três antigas reduções com georadar. O relatório não está pronto, mas há evidências de que pode haver criptas no subsolo de algumas igrejas.
Missões em metaverso
Além de incentivar o turismo em roteiros tradicionais, a tecnologia agora proporciona também visitas virtuais. No início deste ano um protótipo de viagem imersiva foi exibido pelo Corda Studio, de Porto Alegre, na Rio Innovation Week. Mais de 200 pessoas experimentaram os óculos 3D para ver uma primeira fotogrametria das ruínas da igreja de São Miguel, o cartão postal, e da imagem de São Lourenço, a maior do museu.
O desenvolvedor Giovanni Rocha conta que, na feira no Rio de Janeiro, muitos jovens acabavam usando os óculos atraídos pela experiência tecnológica. Ao final, queriam saber se aquilo que acabaram de ver existia mesmo e se poderiam conhecer. Rocha observa que "o material te transporta para o lugar, mas não dá 1% da alma, da energia que sentimos estando lá".
Em breve, pessoas com limitações de locomoção, físicas ou financeiras, poderão realizar esse passeio. A viagem imersiva às Missões será disponibilizada a partir de realidade virtual e aumentada. Combinadas, geram um ambiente que é base do metaverso, conceito que designa práticas digitais avançadas. "Queremos demonstrar que o patrimônio é muito mais interessante que uma foto", aposta Rocha.
O desenvolvedor Giovanni Rocha conta que, na feira no Rio de Janeiro, muitos jovens acabavam usando os óculos atraídos pela experiência tecnológica. Ao final, queriam saber se aquilo que acabaram de ver existia mesmo e se poderiam conhecer. Rocha observa que "o material te transporta para o lugar, mas não dá 1% da alma, da energia que sentimos estando lá".
Em breve, pessoas com limitações de locomoção, físicas ou financeiras, poderão realizar esse passeio. A viagem imersiva às Missões será disponibilizada a partir de realidade virtual e aumentada. Combinadas, geram um ambiente que é base do metaverso, conceito que designa práticas digitais avançadas. "Queremos demonstrar que o patrimônio é muito mais interessante que uma foto", aposta Rocha.
Miniaturas que circulam e pedras que marcam
Querubim, peça de 21,9cm x 21cm, integra o acervo do museu de Santo Antônio das Missões
/ACERVO JACQUELINE AHLERT/REPRODUÇÃO/JC
Nas sucessões de guerras durante e após o período missioneiro, imagens de madeira foram sendo espalhadas pelo território, levadas principalmente por mulheres indígenas que seguiam em frente. Carregavam em suas malas uma legião de santinhos, em miniaturas entre 5 e 30 centímetros, que permaneciam nas famílias por gerações, ultrapassando a região das Missões. Em Passo Fundo, por exemplo, a imagem de São Miguel dá nome a uma das mais tradicionais festas e romarias do norte do Estado.
Por outro lado, muito material já foi perdido em 300 anos. "Peças em metal, por exemplo, conhecemos pouco porque foram sendo fundidas e transformadas em outros artefatos", observa a historiadora Jacqueline Ahlert (UPF). Isso se dá porque novos ocupantes do espaço buscam se afirmar no presente e destroem a materialidade do passado. "São legítimos, mesmo que tenham tirado pedras da igreja para construir cercas e até chiqueiro para criação de porcos", pondera.
Em sua pesquisa sobre a estatuária missioneira, Ahlert não procura datar fases. "A ideia de conseguir englobar todas essas expressões no âmbito do barroco é uma ideia redutora", critica. Por isso, prefere nomeá-la simplesmente de Arte Missioneira, resultado da mistura de múltiplas escolas europeias com o indígena.
Dentro desta estética, Jacqueline Ahlert aponta três tipologias. Uma feita para dentro das igrejas, que corresponde mais ao cânone barroco, para ser vista no altar - são as maiores. Já as imagens utilizadas em procissão possuem intervenção indígena mais marcante. E as de uso doméstico, em pequeno porte, apresentam apropriações daquela iconografia por parte dos indígenas, que vão esculpir São João Batista com uma tanga de pele, e alterar também o biotipo. "Pouco representa o indígena o querubim de cabelos cacheados", conclui.
A relação do indígena com as imagens era ligada às atividades do cotidiano. Há relatos de que levavam as imagens para tomar banho de rio. "Não é um objeto parado num altar, é um objeto que está junto das práticas do grupo", afirma Ahlert. Paralelamente à igreja, havia reza nas casas, onde os caciques tinham autonomia no culto às imagens.
Jacqueline Ahlert coordena o Lacuma, laboratório da UPF responsável pela pesquisa com a estela resgatada em Fontoura Xavier. Ainda neste ano, a prefeitura deverá assegurar que a pedra retorne ao lugar de origem. Deverá ter uma estrutura de vidro, junto de uma exposição sobre os ervais. Essa pedra de quase uma tonelada demonstra o intercâmbio dos Guarani com outras etnias, pois marca o território missioneiro do comércio de erva-mate, mas apresenta grafismos que estão mais próximos dos Jê.
Ahlert acredita que as Missões têm um potencial imenso para vários aspectos. O do turismo é um deles, importante para o reconhecimento desta experiência do humano que ocorreu nos fundões da América. "Nós não aprendemos a apreciar a estética indígena", afirma.
Objetos são encontrados em janelas no solo e por territórios dispersos
Peças de cerâmicas de diferentes épocas estão no acervo da Pucrs
/JOÃO VICENTE RIBAS/ESPECIAL/JC
O arqueólogo Klaus Hilbert (PUCRS) vem escavando e analisando material das Missões desde os anos 1980. Seu trabalho inclui descobertas do primeiro ciclo, quando jesuítas e guaranis ainda construíam cabanas simples e não grandes catedrais de pedra. Deste período, foram encontradas peças de cerâmica, feitas por mulheres, e artefatos de origem europeia: facas, tesouras, vidros. Hilbert lembra que a arqueologia da região não é só dos povos originários, mas segue com os imigrantes que chegaram no século XIX. "Aqui a atual identidade missioneira reúne uma diversidade de povos que se comunicam", conclui.
Hilbert explica que cada vez que ocorre uma construção em São Miguel ou em qualquer local onde houve redução, é necessário abrir janelas no solo para escavação. Chama-se arqueologia de salvamento, que é paga pelos empreendedores. "Encontra-se o resto que sobrou de todas interferências ocorridas no lugar", diz. Devido à pesquisa acadêmica ter pouco financiamento hoje, Hilbert aposta nas prefeituras: "cada uma poderia ter um pequeno acervo e um museu, contratando arqueólogo; essa seria a realidade desejada, o futuro para as Missões".
Além de vestígios desenterrados do solo, há uma série de objetos reapropriados que circulam em locais dispersos, o que o arqueólogo Artur Barcelos (FURG) chama de Sistema Solar Missioneiro. A partir do sol São Miguel, irradia-se patrimônio cultural pelo território, além dos 30 povos.
Em São José dos Ausentes, por exemplo, há uma réplica de uma cruz missioneira na Fazenda Morro da Cruzinha. Barcelos está pesquisando esse caso: "segundo a proprietária, havia lá uma velha cruz de madeira que acabou sendo levada; mas como seu pai era um entusiasta da história, fez uma réplica". Barcelos acha interessante porque se trata de uma produção atual dos moradores locais, baseada na própria interpretação sobre a história, que se tornou atração turística.
Outro exemplo de objeto que circulou está em Encruzilhada do Sul, onde há um sino missioneiro, conhecido como Sino da Chica Pança. Embora o município do Pampa não tenha sido local de reduções, a simbologia daquela experiência marca nos nossos dias a patrimonialização das Missões nesses territórios dispersos. "O discurso do turismo é uma força forte que irradia essa versão", conclui Barcelos.
Aqui jaz um bandeirante
A instalação de arte JAZ está próxima ao sítio arqueológico de São Miguel
/RODRIGO SANTOS/DIVULGAÇÃO/JC
Afastando-se alguns metros do sítio de São Miguel, uma escadaria adentra o chão, levando a uma vidraça que filtra o olhar para uma escultura em isopor e cimento. Percebe-se que a figura atrás do reflexo possui barba, chapéu e fivela cruzada no peito. Parece ser mais uma representação dos bandeirantes, assim como a que foi incendiada em São Paulo no final de julho do ano passado, uma explícita homenagem a Borba Gato.
Mas essa outra está trancafiada num pequeno quarto embaixo da terra. Fora do campo de visão terrestre, muitos turistas acabam nem sabendo dessa instalação de arte contemporânea. A obra JAZ é do artista paulista João Loureiro, selecionado em um edital do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Sua ideia foi interrogar os modos como são veiculados os discursos sobre a história, em relações mitificadas, entre heróis e bandidos. O artista nota, por exemplo, que Sepé Tiaraju está presente em todo o comércio da região como símbolo, mas os indígenas são apartados da convivência social.
Foi esse cenário ambíguo que inspirou o antimonumento. João Loureiro explica que a maior parte dos ataques de bandeirantes a São Miguel não teve sucesso: "são uma espécie de vilão meio mal-sucedido". Então, resolveu enterrá-los como se fosse um achado arqueológico. Além disso, "enterrar um bandeirante" no sul contrasta com a sua celebração em São Paulo, junto a uma propaganda de que teriam desbravado o país.
Comentando essa obra, o historiador Jean Baptista, da Universidade Federal de Goiás, lembra que, para os jesuítas, os bandeirantes eram os demônios portugueses. E pros Guarani, representavam o grupo rival que precisava ser destruído. "O que eles fizeram por aqui deveria ser classificado como crime contra a humanidade, são grandes processos genocidas", avalia.
A história não-vitoriosa das Missões faz par com a da Revolução Farroupilha. Baptista recorda o capítulo A fonte, do nosso maior clássico literário, O tempo e o vento, de Erico Verissimo: "as Missões sendo incendiadas, Pedro Missioneiro junta o punhal, sobe no cavalo e vai". E analisa que somos impactados até hoje por esse processo de fracasso que vamos ressignificando. Por isso, considera fundamental lembrar que a construção das ruínas foi um esforço de dez anos: "mais de mil indígenas, vários mortos, levantando aquilo, pra hoje dizerem que é patrimônio jesuítico".
Já em relação às esculturas que estão nos museus, o historiador destaca que mostram as mulheres vestidas, ordenadas, os homens sempre viris, vitoriosos, cabelo cortadinho, sem adereços. Por isso, o patrimônio remanescente pode levar ao esquecimento quem não estava representado ali. "Os jesuítas chamavam de chusma, que é o povão, que não queria se vestir, não queria levar as crianças pra escola, queriam continuar poligâmicos", avalia. Essa "chusma", na opinião de Baptista, tem muito mais a cara do que nós somos hoje do que o discurso oficial.
Protagonismo no cinema
Arte missioneira é tema de debate em filme de Zeca Britto
/ANTI FILMES/DIVULGAÇÃO/JC
Cineasta Mbyá-Guarani, Ariel Kuaray Ortega relata que desde criança via jornalistas e cineastas entrevistando seu avô, mas nunca tinha oportunidade de pegar nas câmeras. "Eu via que os não-indígenas têm uma outra visão, porque cinema é uma visão europeia", diz. Em 2007, participou de uma primeira oficina e começou a imprimir o seu olhar cinematográfico. "Uma conversa entre nós, com os velhos, com uma câmera na mão, vai ser sempre diferente, mais profunda."
No começo, Ortega lembra que foi difícil: as pessoas não queriam ser filmadas, porque os brancos vinham e nunca voltavam para mostrar o resultado. O diretor faz diferente. Chega bem cedo, porque é de manhã que as pessoas estão inspiradas para falar. "À noite mostro o material para toda aldeia, que dá opinião, daí eu consigo explicar como é o filme", relata. Hoje já realizou seis filmes. Entre eles, Tava, a casa de pedra e Duas aldeias, uma caminhada, vencedor do ForumDoc BH de 2008. Todos sobre a cultura das Missões, resultado do trabalho em coletivos indígenas do Brasil e Argentina.
Depois de anos produzindo, os velhos contadores de história ao redor do fogo já estão indo embora. E mesmo que o filme não substitua a fogueira, pode ser um guardador de memória. "Ficaram as suas palavras", acrescenta.
O protagonismo indígena no cinema vem crescendo, com políticas públicas como a Lei Aldir Blanc, que levou produtores a olharem para esta temática em alguns editais, e o concurso FAC Entre Fronteiras. De acordo com o diretor do Iecine, Zeca Brito, "há um movimento de redescoberta desse passado (das Missões), de olhar com visão crítica". Ele também é diretor do longa Trinta Povos, que narra as relações que estabelecemos ao longo do tempo com a arte missioneira. No processo de produção, Britto descobriu e procurou fazer jus a uma história feita em média por 5 mil guaranis para cada quatro jesuítas. Também procurou abranger a experiência compartilhada pelos 30 povos, num tempo sem fronteiras nacionais. Com este olhar expandido, mostra no Paraguai imagens de altares caseiros e uma capela de Loreto, com uma pintura inteira preservada, raridade que não restou aqui por perto.
Cinco dicas para conhecer mais sobre o patrimônio das Missões
/DIVULGAÇÃO/JC
Tava, A Casa de Pedra
Ariel Ortega, Ernesto de Carvalho, Patricia Ferreira, Vincent Carelli (Vídeo nas Aldeias, 2012)
Memória, mito e história Mbyá-Guarani sobre as reduções jesuíticas e a guerra guaranítica do século XVII no Brasil, Paraguai e Argentina. Longa-metragem disponível na plataforma Vimeo para locação.
Trinta Povos
Zeca Brito (Boulevard Filmes, 2020)
Melhor documentário no Festival Internacional de Cine del Mar Caribe. Aborda o legado composto por ruínas, museus, povoados e costumes. Nativos e invasores discutem arte, religião e política nos territórios das Missões da América Meridional
Cantata Sete Povos
Raul Ellwanger (Independente, 2019)
Criada por um dos mais reconhecidos compositores no Estado, esta suíte popular conta a saga das Missões em 12 canções. Arranjos disponíveis no site, para trabalho em escolas. Já em produção, um audiovisual do álbum, que terá direção de Omar de Barros Filho.
São Miguel: príncipe, guardião e guerreiro
Gizele Zanotto, org. (Acervus, 2021)
Livro sobre os 150 anos da festa e da romaria em devoção ao arcanjo São Miguel em Passo Fundo. Pesquisadores registram histórias e memórias desta manifestação, uma das mais antigas do Estado, e que possui vínculo com a comunidade afrodescendente.
A razão gráfica missioneira
Eduardo Neumann e Artur Barcelos (Martins Livreiro, 2021)
Livro sobre escrita e cartografia indígena nas reduções da América colonial. Busca compreender que nas brechas da burocracia jesuítica e espanhola, os Guarani conseguiram encontrar caminhos gráficos para expressar suas demandas e disputar seu futuro.
* João Vicente Ribas é jornalista, professor na Universidade de Passo Fundo e apresentador do programa 'Canciones para despertar en Latinoamérica', na Rádio UPF.