Os 250 anos de Porto Alegre chegam no momento em que o mundo, empurrado pela pandemia, acelerou os processos de digitalização de setores como o comércio. Mas se engana quem pensa que o caminho para esta que, historicamente, é outra das vocações de Porto Alegre, será uma migração direta para o mundo digital. As revitalizações do Mercado Público e do Centro Histórico simbolizam o caminho que o setor projeta para o futuro.
"Com o processo de digitalização, o grande desafio do varejo passa a ser a experiência. O produto pode ser encontrado pelo consumidor sem sair de casa, com um clique, então, é preciso cativar este consumidor para o diferente, para novos valores, para novas vivências que envolvam o produto. Não é mais simplesmente a vitrine e o preço atraente. É o que vem junto com tudo isso. E neste aspecto, o digital ajuda como uma ferramenta de atração, e não apenas de compra", explica o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre, Irio Piva. "Se o comerciante limita-se à internet, ele precisa estar preparado para aceitar que o consumidor, não gostando do seu preço, hoje em dia pode comprar, literalmente, de qualquer lugar do mundo", complementa.
E esta experiência envolve a recuperação dos espaços urbanos para o convívio. "A revitalização vai ajudar a mudar toda a experiência sensorial. É muito bom para o comércio saber que poderemos ter recuperados para o público o Centro Histórico e o 4º Distrito. É preciso ter uma história envolvida além da compra, e a rua é o lugar ideal para isso", salienta Piva.
Por isso, estão no horizonte da entidade a qualificação dos chamados comércios de bairro, que possibilitem as compras perto de casa, além das propostas de revitalização de tradicionais concentrações comerciais de Porto Alegre. Atualmente, o comércio, com 62,2 mil empresas ativas (26% do total de empresas na cidade).
De acordo com o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Rodrigo Lorenzoni, as revitalizações de bairros da Capital nos próximos anos levarão em conta as vocações de cada localidade. Ele destaca, por exemplo, pontos como as avenidas Assis Brasil e Azenha, que já foram referências do comércio de rua de Porto Alegre. Nestes locais, o governo, em conjunto com as entidades empresariais, desenvolve projetos que pretendem recuperar a acessibilidade do público, com maior espaço de convívio, e ações que melhorem a sensação de segurança nessas regiões.