Perto de fechar um ano e um mês fechado, o Aeroporto de Passo Fundo ainda não tem data para voltar a receber pousos e decolagens. A indefinição agora é provocada por um problema detectado no novo sistema de luzes noturnas que acabou adiando os procedimentos para homologação da pista.
O aeródromo está fechado desde 11 de janeiro de 2021. A medida foi adotada para as obras que alteraram especificações do traçado, desde as condições da pavimentação para suportar mais peso de aeronaves à instalação de novos equipamentos. Para ser reaberto, o aeroporto deve ter aprovação de órgãos aeronáuticos e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Além disso, também estão sendo executadas as obras do novo terminal de passageiros, que alcançaram 90% do cronograma, segundo a Secretaria Estadual de Transportes.
Em 2020, o Aeroporto Lauro Kortz ficou em segundo lugar no fluxo de passageiros, atras apenas do Aeroporto Internacional Salgado Filho. Agora o terminal de Caxias do Sul ocupa a posição. Quando o novo terminal de Passo Fundo ficar pronto, a capacidade deve ser maior que do caxiense.
Sem prazo para concluir a tramitação de documentação e vistoria que são necessárias - o
Cindacta chegou a fazer inspeção em dezembro passado -, o Departamento Aeroportuário do Estado (DAP). ligado à pasta de Transportes do Estado, solicitou à Anac prolongamento do status atual. O Notam, que é o documento que informa sobre as condições dos aeródromos, prevê fechamento até fim de março.
"O DAP não obteve ainda a documentação necessária para a homologação das alterações cadastrais da pista e dos instrumentos de auxílio à navegação, condição imprescindível para a retomada das operações", explicou o órgão, em nota. "Ressalta-se, porém, que, havendo a homologação das alterações cadastrais, o Notam poderá ser suspenso, e as operações no aeroporto retomadas."
A reportagem buscou mais detalhes do que envolve a nova dificuldade. O secretário de Desenvolvimento Econômico de Passo Fundo, Diorges de Oliveira, esclareceu que os técnicos do 2º Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta II) encontraram "uma anomalia no sistema de troca de luzes do equipamento Papi, que é italiano".
O Papi (Precision Approach Path Indicator, da sigla em inglês), é o sistema de luzes de sinalização para aproximação noturna das aeronaves.
O secretário acrescentou que a primeira tentativa de resolver o problema não teve sucesso. "Técnicos da empresa virão no dia 24 de fevereiro para consertar ou trocar o sistema elétrico para corrigir o problema", diz Oliveira.
"Como o circuito elétrico é lacrado, será preciso trocar as placas ou todo o circuito", observa o secretário. Outra hipótese é que a causa da anomalia esteja ligada à alimentação de energia para os equipamentos funcionarem.
Vencida esta etapa do Papi, deve ser agendada a vinda do avião do Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV), que fica na Base Aérea do Rio de Janeiro, para a inspeção final. O avião faz voos para testar a operação da pista.
A demora na liberação gera apreensão nas companhias aéreas. Azul e Gol estão com programação de voos pronta para ser ativada tão logo haja o sinal verde de retomada do uso da infraestrutura. Serão ligações diretas para São Paulo (Viracopos e Guarulhos) e Porto Alegre. A oferta é muita esperada devido à volta da demanda por voos para níveis pré-pandemia.