Reunião na Casa Civil da Presidência da República, nesta terça-feira (18) em Brasília, não definiu ainda como vai ser a ajuda financeira do governo federal para viabilizar a reabertura do Aeroporto Internacional Salgado Filho, fechado desde 3 de maio devido aos impactos da inundação histórica que atingiu Porto Alegre, em maio. Antes disso, a concessionária Fraport vai apresentar diagnóstico do que será necessário para a retomada da operação de um dos principais hubs da aviação comercial do País.
Relatos de ministros, após a reunião com o comando global da companhia alemã, apontam que o repasse de recursos será definido a partir da conclusão do exame dos problemas da pista e de equipamentos, que está em andamento. A empresa disse que apresentará o laudo em quatro semanas. O comando global da companhia alemã teria confirmado que pretende se manter na concessão.
Na reunião, estavam três ministros: Casa Civil, Rui Costa, de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, e de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho. A secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior, também acompanhou a reunião.
Por videoconferência, entraram, da Alemanha, o CEO da Fraport AG, Stefan Schulte, o vice-presidente executivo da companhia, Holger Schaefers, e a vice-presidente for Global Investments & Management, Tamara Holger. De Porto Alegre, falaram a CEO da Fraport Brasil, Andreea Pal, e o vice-presidente da empresa no Brasil, Leonardo Carnielle.
Pimenta informou que o CEO global da Fraport diz que a empresa precisa de quatro semanas para concluir as análises sobre a pista e a condição dos equipamentos. O ministro da Reconstrução garantiu que Stefan Schulte teria sido "categórico" em afirmar o compromisso de trabalhar para que o aeroporto possa voltar a funcionar o mais rápido possível.
O governo brasileiro, diz o ministro, reforçou que o terminal precisa reabrir o quanto antes e com segurança. Pimenta afirmou ainda que foi pedido ao comando mundial da Fraport que um executivo sênior da companhia venha ao Brasil acompanhar o assunto. O CEO global teria informado, então, que virá na segunda quinzena de julho ao País para fazer as tratativas pessoalmente.
"Para definir um cronograma de reabertura do aeroporto, que só será possível após o diagnóstico, segundo a Fraport", acrescentou o ministro, que se considerou satisfeito com o resultado da conversa.
A exigência feita pela União sobre a presença de um "executivo sênior" está ligada possivelmente ao impacto de declaração dada pela CEO da empresa no Brasil, na semana passada.
A exigência feita pela União sobre a presença de um "executivo sênior" está ligada possivelmente ao impacto de declaração dada pela CEO da empresa no Brasil, na semana passada.
Andreea admitiu a possibilidade de devolução da concessão, caso não haja auxílio financeiro da União para a reativação do terminal."Se não recebermos dinheiro - e não quero ser negativa -, qual é a nossa possibilidade? De devolvemos a concessão e entra outro", disse a executiva, em resposta a uma pergunta da deputada petista Maria do Rosário.
Silvio Costa Filho destacou o compromisso da companhia em manter a concessão. "Interrogações que surgiram sobre a Fraport continuar ou não operando (concessão) não passam de ilações. A Fraport continua operando o aeroporto", reafirmou Costa Filho.
O ministro de Portos também condicionou qualquer prazo de retomada da operação aérea aos laudos que a concessionária está buscando. "Qualquer prazo colocado até agora não condiz com a posição oficial do governo. Vamos esperar as quatro semanas para ter diagnóstico real. Tudo que pode ser feito está sendo feito", arrematou Costa Filho.
A concessionária já estimou custo inicial de R$ 362 milhões, valor apresentado em encontro com o ministro da Reconstrução, na capital gaúcha, mas a conta pode alcançar quase R$ 1 bilhão. A dúvida, que impacta o prazo de reabrir, é o tamanho do dano à pista.
A equação financeira nas tratativas com a União pode passar pela antecipação do valor do seguro que cobre parte dos prejuízos, pela quitação de "créditos da pandemia de Covid-19" que a Fraport tem coma União e que chegam a quase R$ 300 milhões e mais prazo de concessão. No contrato em vigor, o prazo é de 25 anos (2017 a 2042), podendo ser prorrogado por mais cinco anos.
Mesmo sem ter resultados de testes em pavimentação e ainda avaliando extensão de impactos em instrumentos, a Fraport cogitou possível retorno de voos até fim de dezembro. Quando for reaberto, a previsão também é de retomada gradual do fluxo de voos. De janeiro a abril, o complexo registrou 2,2 milhões de passageiros transportados.