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Publicada em 10 de Junho de 2024 às 14:38

Fraport tem quase R$ 300 milhões para receber de perdas no Salgado Filho devido à pandemia

Aeroporto Salgado Filho está fechado desde 3 de maio devido aos impactos da inundação

Aeroporto Salgado Filho está fechado desde 3 de maio devido aos impactos da inundação

TÂNIA MEINERZ/JC
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Patrícia Comunello
Dinheiro e tempo são os ativos cruciais para reverter o efeito arrasador, pelos impactos à economia, do fechamento de um dos maiores aeroportos do Brasil, afetado pelas cheias históricas no Rio Grande do Sul. Enquanto busca verba para bancar a reabertura do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, com previsão inicial para dezembro, a concessionária Fraport Brasil acumula um "crédito" de quase R$ 300 milhões com a União.
Dinheiro e tempo são os ativos cruciais para reverter o efeito arrasador, pelos impactos à economia, do fechamento de um dos maiores aeroportos do Brasil, afetado pelas cheias históricas no Rio Grande do Sul. Enquanto busca verba para bancar a reabertura do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, com previsão inicial para dezembro, a concessionária Fraport Brasil acumula um "crédito" de quase R$ 300 milhões com a União.
A cifra exata é de R$ 291,7 milhões e se refere à recomposição de perdas financeiras do período da pandemia de Covid-19, informa a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em resposta ao questionamento da seção Plano de Voo. A Fraport assumiu o Salgado Filho em janeiro de 2018. A pandemia estourou no começo de 2020 e afetou drasticamente voos e receitas da operação, entre elas de lojas e serviços de alimentação.
A Anac informa ainda, em nota, que "não houve definição sobre a quitação dos valores reequilíbrios de Covid-19, já reconhecidos, para o Aeroporto de Porto Alegre".
Curioso neste débito em aberto, cujo pagamento é muito aguardado pela concessionária de capital alemão, é que o valor é próximo à primeira estimativa de "custo inicial" para colocar o complexo de volta à operação ainda em 2024.
A previsão de reabertura também é condicionada ao nível de impacto da inundação na pista e nas instalações de equipamentos para dar segurança à navegação, diz a Fraport. No sábado (8), pela primeira vez, desde que fechou, o Salgado Filho teve decolagens, mas de pequenos aviões de hangares privados que ficaram presos na inundação. Para compensar a ausência do complexo da Capital, a Base Aérea de Canoas faz voos comerciais.
A CEO da Fraport, Andreea Pal, apresentou estudo ao governo de R$ 362 milhões para as medidas. A executiva já citou, em entrevistas, como para a Rádio Gaúcha, do grupo RBS, que a conta total pode chegar perto de R$ 1 bilhão.
A Anac, em nota, diz que a empresa não apresentou números dentro do novo pedido de reequilíbrio econômico-financeiro, em função dos eventos climáticos que provocaram a paralisação do terminal, desde 3 de maio.
"As tratativas sobre o reequilíbrio econômico-financeiro devido à concessionária Fraport pelas enchentes no Aeroporto Salgado Filho ainda não foram formalizadas. Não há valores nem forma de recomposição definidos", diz a agência reguladora.

Herança da pandemia de Covid-19

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O valor de R$ 291,7 milhões atende ao chamado reequilíbrio econômico-financeiro do contrato, buscado e reconhecido pelo governo federal, em função de queda de receita em meio à crise sanitária, que fechou o terminal por alguns meses, devido à suspensão de voos, e derrubou o volume de viagens e passageiros, com recuperação que era esperada justamente para 2024, quando literalmente entrou água na escalada crescente do fluxo.
A Anac explicou também na nota a situação da cidra ainda em aberto e que seria crucial na conjuntura agora de retomada pós enchente: 
"Sobre os valores de reequilíbrios econômico-financeiros já reconhecidos pelo poder concedente, informamos que a Fraport Brasil faz jus ao ressarcimento de R$ 291,7 milhões por perdas causadas pela pandemia de Covid-19 nos anos de 2020, 2021, 2022 e 2023. Os valores relativos a esses períodos ainda não foram quitados".
Antes de ter a operação paralisada no começo de maio por prazo indeterminado, o Salgado Filho tinha, em média, 140 a 150 voos diários. A Base Aérea de Canoas (Baco), que passou a ser a substituta direta do complexo vizinho, tem 10 voos entre pousos e decolagens, 6% do tráfego que existia na Capital.
Em maio, o Salgado Filho tinha previsão de ter mais de 5 mil voos e mais de 620 mil passageiros, segundo a concessionária.

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