A Fraport Brasil, concessionária do Aeroporto Internacional Salgado Filho, estima em R$ 362 milhões o "custo inicial" para colocar o complexo aeroportuário novamente em operação em Porto Alegre. O aeroporto está fechado desde 3 de maio devido à inundação histórica que atinge o Rio Grande do Sul. A reativação foi prevista para dezembro. A paralisação afeta fortemente as ligações com o Estado. A Base Aérea de Canoas (Baco) virou ligação, mas com capacidade limitada de voos.
A descrição detalhada dos custos, com itens e ações, foi entregue nesta terça-feira (4) pela CEO da empresa de capital alemão, Andreea Pal, ao ministro extraordinário de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, em reunião na Capital.
"Foi muito boa", disse Andreea, ao comentar rapidamente sobre o encontro, na chegada ao aeroporto onde veículos de imprensa tiveram acesso às áreas internas, para registrar os impactos da inundação. Ela também apresentou ações tomadas até agora, desde limpeza das áreas, drenagem e começo de testes na pista, que é a grande incógnita e depende de coleta e exame de solo.
A previsão da concessionária é de reabrir o Salgado Filho em dezembro, projeção repassada em vistoria nessa segunda-feira (3) no complexo. Pimenta e técnicos da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) estavam na visita ao terminal.
"A Fraport está com pressa máxima para recuperar e voltar o quanto antes, como nós e governo federal", disse o secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Ernani Polo, que acompanhou a reunião com o ministro.
"A Fraport está com pressa máxima para recuperar e voltar o quanto antes, como nós e governo federal", disse o secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Ernani Polo, que acompanhou a reunião com o ministro.
Pista deve receber recuperação da pavimentação e instrumentos de apoio aos pousos. Fotos: Tânia Meinerz/JC
Além de Polo e Andreea, também participaram o deputado que coordena a Frente Parlamentar da Aviação Regional da Assembleia Legislativa (AL-RS), Frederico Antunes, e Milton Zuanazzi, secretário de Planejamento, Sustentabilidade e Competitividade do Ministério do Turismo.
"O cálculo (custo) tem desde equipamentos eletrônicos, raio-x, sistema de bagagem à recuperação da áreas da pista", lista Polo, citando que Pimenta fez contato com o Ministério de Portos e Aeroportos, em meio à reunião, e disse que espera ter novidade sobre recursos até sexta-feira.
"O ministro sinalizou que a União pode fazer aporte e depois ver como fica o contrato", comentou o titular da pasta de Desenvolvimento.
Na lista de custos, as maiores cifras são para destinação de resíduos do lado ar - área da pista (R$ 71,7 milhões), recuperação de subestações de energia (R$ 56 milhões), obras nas taxiways - pistas acessadas pelas aeronaves até a ponte de embarque (R$ 55 milhões), pavimentação da pista (R$ 34 milhões), equipamentos de auxílios visuais à navegação (quase R$ 30 milhões), terminal - desde mobiliário, revestimentos e hidráulica (R$ 26 milhões) e recuperação de valas de drenagem (R$ 20 milhões).
Polo comentou que a CEO da concessionária informou que ainda não foi possível remeter amostras do solo para análise laboratorial, pois os estratos do terreno ainda estão muito encharcados.
Água, lama e detritos tomaram conta de equipamentos de processamento para funcionários acessarem áreas da pista
O secretário citou que o governador Eduardo Leite vai a Brasília esta semana. Agendas no governo federal incluem a pauta do Salgado Filho. "Estamos muito envolvidos devido aos impactos na economia, fluxo de turistas e empresários e executivos. A não operação do aeroporto deixa o Estado em situação mais difícil, por isso trabalhamos intensamente para voltar o mais rádio possível (operação)", ressaltou Polo.
"O aeroporto é a grande prioridade na logística", garantiu Pimenta, após o encontro. "Por mais que tenha de reativar a rodoviária e fazer o Trensurb chegar a Porto Alegre, nada se compara à importância de reativar o aeroporto. Temos de abreviar estes prazos", deu o tom Pimenta.
"Queremos dar ritmo à busca de soluções para termos resultados com rapidez. Cada dia, cada semana que passa traz enormes prejuízos. Essa reunião é demonstração que queremos que as coisas funcionem em um ritmo bastante intenso", completou o ministro.
A concessionária já pediu reequilíbrio econômico-financeiro do contrato à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), antevendo o rombo com o evento climático.
Na lista da Fraport, também é indicado que estão sendo feito estudos sobre o uso do Aeroporto de Torres. O terminal, no Litoral Norte, não tem voos regulares. Torres e mais voos no aeroporto de Caxias do Sul seriam opções para ofertar mais ligações com destino à Serra, como Gramado, um dos principais polos de turismo do País.