O Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, completa nesta segunda-feira (3) um mês fechado devido à inundação histórica e sem uma resposta: quando vai ser possível reabrir o complexo que chegou a ter, em média, 150 voos diários, antes da paralisação completa. Nesta segunda-feira, nova vistoria está sendo feita, com governo federal, Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e Fraport Brasil.
As autoridades, como o ministro extraordinário de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, o órgão regulador e representante do governo gaúcho foram ao terminal no fim da manhã. A CEO da Fraport Brasil, Andreea Pal, conduz o grupo pelas áreas. Em vídeo repassado à seção Plano de Voo, Andreea comenta sobre áreas novas que haviam sido instaladas e que foram afetadas.
Há expectativa, já manifestada por Pimenta, de que a Fraport apresente nos próximos dias um cronograma de ações. Após a vistoria, vai ocorrer reunião para avaliar, atualizar informações sobre os impactos ao complexo e projetar novos passos.
A concessionária já solicitou à Anac o chamado reequilíbrio econômico-financeiro, para suportar a conta dos danos, ainda não estimada, mas que pode chegar a centenas de milhões, caso a pista tenha sofrido maiores danos. O ministro extraordinário já manifestou que vai haver aporte do governo. Eventos como a inundação são considerados fora de previsão normal do contrato. A Fraport espera formalizar as condições que vão sustentar a necessidade de aportes, ainda a serem calculados.
Ainda há passivo a ser pago à Fraport, também em função de revisão contratual, dos prejuízos da pandemia de Covid-19, que foram validados pela Anac e pelo governo federal. A conta abrange a paralisação e queda no tráfego, devido aos efeitos da crise sanitária, que começa em 2020 e se prolonga por 2021 e 2022.
A primeira vistoria foi feita na semana passada pelo ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, e técnicos da Anac, que percorreram a pista e as instalações internas.
Ministro percorreu a pista de pousos já sem inundação na semana passada. Foto: Ministério de Portos e Aeroportos/Divulgação/JC
O governador gaúcho, Eduardo Leite, voltou a falar sobre o andamento das tratativas para a recomposição da operação.
"É muito importante que o governo (federal) construa uma solução junto à concessionária para dar segurança sobre o reequilíbrio", reforçou o chefe do Piratini.
"Há projeção de que podem chegar a R$ 1 bilhão os investimentos necessários para restabelecer o aeroporto", projetou Leite.
O complexo vinha numa escalada de crescimento do movimento, interrompido pelo evento climático. Hoje a alternativa é a Base Aérea da Canoas (Baco), mas que faz 10 voos diários com Azul, Gol e Latam, entre pousos e decolagens. A Baco tem limitações técnicas para dar conta de mais fluxo, mesmo que o ministro de Portos e Aeroportos tenha dito que o número de viagens seria dobrado este mês.
A projeção de um prazo, pois a data é impossível, pode sair até julho. Dois movimentos importantes entram em cena e serão comandados pela Fraport Brasil, com acompanhamento do governo federal e da Anac. O Salgado Filho é uma concessão, com ativos que estão sob gestão do grupo alemão, que presta contas à União e deve assegurar a manutenção e condições de operação.
Deve ter início a limpeza das áreas da pista, graças à redução do nível da água, após medidas para acelerar a retirada, que incluíram o apoio de arrozeiros com bombas para remover a água à outra área com menor inundação. Também já está sendo providenciada pela concessionária a contratação de empresa que fará testes de solo que indicarão o impacto da água pelo tempo que durou a inundação.
Antes da resposta sobre a reabertura, a concessionária precisará saber a extensão do dano ao traçado para pousos e decolagens e para as demais infraestruturas externas, incluindo equipamentos de auxílio aos voos. Dentro do terminal, já começam trabalhos para recuperação. Esteiras de bagagens foram afetadas.