Depois de 24 dias sem o barulho das turbinas de um jato Airbus A320, o entorno de Porto Alegre voltou a "ouvir" uma aeronave do modelo tocar o solo da região nesta segunda-feira (27). Por volta das 8h e sob chuva, o Airbus da Latam com passageiros pousou na pista da Base Aérea de Canoas (Baco), alternativa de hub aéreo ante o fechamento do Aeroporto Internacional Salgado Filho, na Capital por prazo indeterminado.
A situação levou à suspensão de viagens nacionais e internacionais. O fluxo médio no complexo aeroportuário porto-alegrense, antes do impacto climático, chegou a 150 voos diários. Na Baco, até agora, estão confirmados 70 voos por semana das três principais companhias aéreas que atuam na malha nacional. A Azul anunciou mais um voo, mas a concessionária do Salgado Filho, operando Canoas, Fraport Brasil, ainda não confirma a oferta.
O embarque e despacho de bagagens são feito no terminal temporário montado no ParkShopping Canoas, a quase quatro quilômetros da base aérea. Passageiros precisam chegar três horas antes da partida do voo. O check-in é encerrado uma hora e meia antes do horário do voo, alertam Fraport Brasil e aéreas.
A Latam estreou o "aeroporto temporário". São dois voos diários, ligando Canoas ao Aeroporto de Congonhas, primeiro a aterrissar e a decolar pela manhã, e Guarulhos, à tarde. Azul e Gol começam a operar a partir de 1 de junho, com dois voos diários do Estado a São Paulo.
Segundo a aérea, 173 passageiros estavam no vooLA9210 que partiu de São Paulo às 6h40min e teve duração de uma hora e 20 minutos. A aérea prevê, até agora, 24 pousos e decolagens comerciais por semana em Canoas.
Passageiros desembarcaram no Airbus da Latam e depois tomaram ônibus até o shopping. Foto: Fraport Brasil/Divulgação
A companhia informou ainda programou 282 voos extras para atender o Rio Grande do Sul em junho. "A medida foi tomada para manter Porto Alegre e sua Região Metropolitana conectadas com o restante do Brasil. Na conta total do fluxo, a Latam considera 102 voos na Baco, 120 voos extras entre São Paulo/Guarulhos e Florianópolis e 60 extras entre São Paulo/Guarulhos e Caxias do Sul.
"O primeiro voo funcionou na recepção e nos procedimentos de embarque e bagagem dos passageiros e segurança. Deu tudo certo, como a gente havia projetado", avaliou o gerente de Comunicação e Marketing da Fraport Brasil, Rafael Guerra: "Há pequenos ajustes no deslocamento, que é feito entre o shopping e a base". Guerra reforça a orientação para que as pessoas que vão embarcar cheguem bem antes do voo.
Para o ParkShopping Canoas, a projeção é de m fluxo de 1,7 mil a 2 mil pessoas a mais por dia circulando em função dos voos. O empreendimento costuma receber entre 25 mil a 30 mil pessoas por dia. Para dar conta da operação do Terminal - ParkShopping, serviços ligados à alimentação passaram a abrir às 6h, diz o superintendente do complexo, Luís Vilarinho.
Aeroporto Salgado Filho ainda está com a pista encoberta pela inundação. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
O executivo do centro de compras diz que está buscando mais opções de locadoras de veículos para dar conta da demanda de usuários. O fluxo de embarque é pela entrada B, e o desembarque pelo C. Sobre o movimento no primeiro dia, Vilarinho resume como "surpreendente". "Voos lotados", diz o superintendente.
Vilarinho explica que a Multiplan, dona do shopping, cedeu a área onde foi montado o terminal por dois meses sem custo. "Vamos analisar de acordo com a necessidade. O principal objetivo é apoiar na retomada da cidade e do Estado e passar sinal de otimismo. Queremos ajudar na reconstrução", afirmou o executivo.
O Salgado Filho fechou na noite de sexta-feira (3) devido à entrada e elevação de água na pista. A concessionária do complexo espera que a inundação estanque para avaliar a condição da pista e também do terminal de passageiros. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) suspendeu a vends de passages por aérea por prazo indeterminado.
A Fraport também encaminhou, na semana passada à Anac, pedido de avaliação do atual contrato, em busca de equilíbrio econômico-financeiro, devido aos prejuízos e gastos não previstos e esperados para restaurar a operação. A agência disse a análise envolve "questão securitária relacionada ao sinistro observado, os prejuízos causados pelas enchentes e os custos de reconstrução do aeroporto".