Porto Alegre entrou na rota internacional das companhias aéreas, indicando uma retomada do fluxo de passageiros nas rotas ao exterior entre o Aeroporto Salgado Filho e destinos fora. Com a estreia da chilena do segmento de low cost Sky, nessa segunda-feira (12), a Capital passa a ter seis empresas com conexão direta ao exterior.
São pelo menos 25 voos semanais ofertados entre Aerolíneas Argentinas, Azul, Copa Airlines, Latam, Sky e Tap Air. Algumas delas, como Azul e Aerolíneas, variam com cinco a seis frequências semanais. A Copa, que reabriu o circuito internacional no Salgado Filho em março de 2021, depois de certo alívio da pandemia de Covid-19, começou com três voos na semana e já opera diariamente, com as rotas ao Panamá, hub da aérea, e ligando Caribe e Estados Unidos, destinos mais buscados pelos passageiros gaúchos.
"A chegada da SKY representa um ganho grande, com mais uma companhia e garantindo uma boa conectividade na América do Sul", destacou a diretora de Operações da Fraport Brasil, concessionária do complexo aeroportuário da Capital, Sabine Trenk.
"Existem muitas oportunidades para ofertar mais conexões na região", aposta Sabine, que vê como mais um diferencial a chegada de uma empresa do segmento de low cost. "Isso vai ajudar a aumentar a procura e sabemos que existe uma demanda muito reprimida. É uma oportunidade para crescer (voos)", completa a executiva.
O front externo ainda está longe de recuperar o espaço de 2019, pré-pandemia. Em 2020, as ligações ficaram suspensas, com ausência de oferta até fevereiro de 2021. No ano anterior à crise sanitária, o Salgado Filho somou 256,6 mil passageiros transportados, entre embarques e desembarques. Em 2021, o fluxo foi bem acanhado, de 27,4 mil pessoas.
No ano passado, começa a recomposição, mas longe de 2019, com 133,8 mil passageiros. Este ano, de janeiro a abril, a Fraport registrou 56,9 mil passageiros, que já é mais que o dobro de 2021. Mesmo no fluxo geral, incluindo domésticos, a concessionária projeta recuperar a condição pré-pandemia a partir de 2024.
Entre as seis companhias que fazem as ligações hoje, quatro são destinos na América do Sul, incluindo Montevidéu, Buenos Aires e Santiago. Depois, vem o Panamá, na América Central, e Lisboa, em Portugal. Oferta de voos diretos para mercados como os EUA, já operados no passado, não têm ainda indicativo. Há estudos de companhias. Além da SKY, outra low cost que pode voltar a operar em Porto Alegre é a Flybondi, que chegou a voar para Buenos Aires em 2019.
Lúcia Hoffmann Bentz, presidente da seccional da Associação Brasileira de Agências de Viagens no RS (Abav-RS), avaliou que a maior oferta de voos traduz o interesse do trade turístico no mercado gaúcho. "Estamos aproximando cada vez mais destinos do Estado", valoriza Lúcia.
Pela Secretaria de Turismo do Estado, o diretor Rafael Carniel diz que a expansão também é efeito do trabalho de promoção do Rio Grande do Sul e ação com a Fraport e os demais operadores. "Temos um grande potencial e chance de ter mais operações. Trabalhamos com dados e estratégia para elevar o interesse nestes fluxos", diz Carniel.
Em outubro, a pasta vai com a concessionária do Salgado Filho para um dos maiores eventos mundiais do setor, o Routes, em Istambul, que identifica potenciais destinos. "Vamos juntos para mostrar o que tem aqui e as vantagens de custos e atrações", explica o diretor.
Chilena estreia com promoção e tem mais planos para Porto Alegre
Low cost Sky iniciou rota para o Chile nesta semana
PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JCA Sky abriu a conexão com o Chile com campanhas de preços promocionais e acena para mais rotas a partir de Porto Alegre, mas no futuro, após desenvolver a nova ligação, diz o diretor de Vendas da aérea, Jaime Fernandez. A empresa espera ter 80% de ocupação das aeronaves A320 NEO, com 186 assentos.
A chilena, que já tem no Brasil seu terceiro mercado, depois da malha doméstica no Chile e no Peru, já faz voos diretos de São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis para o Chile. A Sky foi criada há 22 anos e é uma empresa de perfil familiar e capital fechado. Está há oito anos na rota brasileira.
A aposta para badalar o novo voo é a campanha promocional com passagens de ida e volta a partir de R$ 1.150,00. A condição de preço fica mais ou menos em conta se não forem incluídos embarque de bagagem e refeição, com opções que o passageiro indica na compra.
São três frequências semanais, com voos segundas, quintas e domingos. O voo sai às 19h45min da Capital gaúcha e chega às 22h30min em Santigo, com duas horas e 45 minutos de duração. O retorno do Chile é nos mesmos dias, saindo 14h45min. Fernandez disse que o período será atrativo para quem quiser aproveitar o frio no novo destino.
O diretor de vendas da aérea, Jaime Fernandez, disse que espera ocupação de mais de 80% até julho. A Sky projeta transportar 3,8 mil passageiros por mês. Em julho, a companhia abre a ligação de São Paulo com o Peru, de lá seguindo a Miami. Sobre a possibilidade de a ligação incluir no futuro Porto Alegre, o diretor considera que isso pode ser avaliado, mas primeiro quer ver o desempenho da conexão com Santiago.
Voos de apenas três horas encantam passageiros
Low cost Sky iniciou rota para o Chile nesta semana
PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC"Apenas três horas de viagem. Os gaúchos mereciam", disse a advogada Carla Pozza, na fila antes de embarcar para Santiago, no Chile, com o marido, o desembargador Pedro Pozza. A escolha da partida nessa segunda-feira não foi à toa.
"Vamos passar o Dia dos Namorados em um restaurante em Santiago", contou Carla, apreensiva com o desembarque, além de aliviada. "Antes a gente ia para São Paulo e perdia o dia para chegar ao Chile", compara ela. "Valia mais à pena ir para a Europa", avisa o desembargador.
Na fila do embarque, outros moradores estavam eufóricos. "Voo direto, graças a Deus, não precisamos ir a São Paulo ou Rio de Janeiro", reforçou Antonio Martins.
"É muito perto e tinha de ir a outros aeroportos para poder ir ao Chile que é quase do lado", emendou a mulher de Martins, Silvia. "Direto é muito melhor", entoou Denise Marona, que também achou ótimo a oferta de bilhetes de outra companhia e low cost. Ela e o marido Everton Marona estavam embarcando pela primeira vez ao destino e pretendem viajar mais vezes para o Chile.