Azul suspende voos para aeroporto de São Borja

Falta de condições para pousos e decolagens na pista levou à decisão, quase um ano após retomada da ligação

Por Patrícia Comunello

Pista tem rachaduras e pavimento irregular para operação das aeronaves
Quase um ano após reativar a ligação entre Porto Alegre e São Borja, a companhia aérea Azul comunica a suspensão do voo que era feito três vezes na semana. O destino era o mais distante entre os operados pela subsidiária Azul Conecta, feito com avião de apenas nove assentos. A série Plano de Voo do Jornal do Comércio fez o voo em 2021, além de mais 11 destinos. Por que parou?
Em nota, enviada na sexta-feira (29), a Azul informou "a toda sociedade de São Borja" que os voos vão parar a partir desta segunda-feira (1º de agosto). A falta de condições estruturais para pouso e decolagens na pista do Aeroporto João Manoel provocou a decisão.
"A empresa, que constantemente analisa as condições de infraestrutura dos aeroportos onde opera, identificou que a pista do aeroporto do município, utilizada para pousos e decolagens, não está atendendo aos padrões operacionais da companhia", justificou a empresa, na nota.
Embasou a decisão a segurança da operação. "Primeiro valor", indicou a Azul, sobre requisitos essenciais no transporte. O motivo não chega a surpreender. Em outubro de 2021, a série Plano de Voo mostrou as péssimas do traçado, com camada de asfalto apresentando fissuras e irregularidades.
O diretor do Departamento de Investimentos da Secretaria Nacional de Aviação Civil (SAC), ligada ao Ministério da Infraestrutura, Eduardo Bernardi, falou à reportagem, em outubro de 2021, que estava sendo feito projeto para lançar em 2022 a licitação para implantar a nova pista. "São Borja vai fazer pista, que tá meio ruinzinha. Tem de arrumar", comentou Bernardi.
A reportagem do JC embarcou no voo ida e volta entre a Capital e a cidade na fronteira com a Argentina. Foi o voo que abriu a sequência de 12 ligações, feitas em 10 dias. Passageiros que estavam nos voos relataram as vantagens, como tempo que cai de mais de 10 horas (de ônibus) para pouco mais de uma hora e meia. Muitos usuários que vêm de outros estados buscam a conexão ao comprar trechos maiores, com custo que era bem atrativo.
A Azul avisa que "não tem interesse em cancelar definitivamente seus voos na cidade". A aérea diz esperar que "as adequações necessárias sejam feitas para que possa o quanto antes voltar a realizar seus voos". Quem comprou passagens para o trecho após 1º de agosto "pode selecionar outros destinos da Azul ou terá o valor dos bilhetes ressarcidos de forma integral", garante a empresa.
A interrupção ocorre em meio à retomada do tráfego aéreo pós-pandemia. Os voos de interior, que ligam capitais a cidades do mesmo estado ganharam fôlego também com política federal de incentivo aos pequenos aeródromos. No Estado, a Azul chegou a 12 ligações no segundo semestre de 2021, além de Caxias do Sul. Passo Fundo, com terminal reaberto em fim de março, estava fechado na série.
Os números da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) mostram que São Borja transportou 529 passageiros de janeiro a junho deste ano, 12º destino com mais fluxo. De agosto a dezembro de 2021, foram 472 usuários, com operação pouco mais de quatro meses.