A venda de imóveis depende muito das linhas de financiamento do governo federal, com exceção do segmento de luxo e alto luxo, aponta o setor. Os juros estão aumentando cada vez mais, e as perspectivas dos economistas é de que haja dificuldade nas vendas no setor imobiliário, já que os financiamentos ficarão muito caros. A avaliação é do do presidente do Sindicato da Habitação, que representa as empresas imobiliárias e os condomínios no Rio Grande do Sul (Secovi/RS) e da Associação Gaúcha das Empresas do Mercado Imobiliário (Agademi), Moacyr Schukster.
"A poupança é uma fonte de financiamento muito importante para o setor e ela tem perdido volume e isso vai tornar menos acessível o financiamento com base na poupança. Ou seja, é mais um um problema para o mercado imobiliário", comenta.
Segundo Schukster, com a dificuldade nas linhas de financiamento para as camadas populares, sobra para o setor imobiliário o segmento de luxo e alto luxo, porque os dois segmentos não necessitam de financiamentos - valores a partir de R$ 3 milhões. "Eles trabalham com as economias dos próprios compradores. São segmentos que não estão em crise", destaca. Conforme o presidente do Secovi/Agademi, os segmentos de luxo e alto estão sendo atendidos nas grandes capitais como São Paulo e Rio de Janeiro e também em Porto Alegre. "O pessoal está fazendo unidades desse padrão luxo e alto luxo", explica.
Outra constatação do setor imobiliário diz respeito à falta de mão de obra especializada, principalmente mestres de obra, pedreiros e auxiliares de pedreiro. "Esses profissionais estão em falta no mercado", explica. Outra preocupação para 2025, de acordo com Schukster, está relacionada ao endividamento da população. "O cliente com dívidas não vai conseguir linhas de financiamento nos bancos", acrescenta.
O presidente do Secovi/Agademi acredita que para 2025 o governo do presidente Lula fará uma injeção de recursos financeiros no programa Minha Casa, Minha Vida. "O governo federal vai achar um jeito de financiar o setor habitacional. A União não deixará o setor desamparado", ressalta.
Conforme Schukster, o Brasil e muito setores estão com problemas nas linhas de financiamento, e não só a área imobiliária — também há problemas na indústria e comércio, que necessitam de dinheiro para aumentar o seu capital de giro, sua produção e até para comprar insumos. "A pergunta para 2025 é se os setores da indústria, comércio, bens e serviços terão condições de tocar em frente por falta de capital de giro", comenta.
Para o presidente do Secovi/Agademi, 2025 não será muito diferente do ano de 2024, onde houve a carência de fontes de financiamento para diversos setores da economia brasileira. O dirigente acredita que a injeção de recursos financeiros externos possa impulsionar a economia do Brasil, o que, segundo ele, é extremamente importante. "A economia vai se equilibrar quando o País tiver uma taxa de empregos satisfatória e um PIB fortalecido", acrescenta. O dirigente acredita que com o dinheiro circulando mais rapidamente em 2025 haverá uma queda na inadimplência, por exemplo, nos condomínios e locações de lojas no Estado.