Com a necessidade tanto de obras da construção civil quanto da construção pesada para a recuperação da infraestrutura do Rio Grande do Sul, o Sindicato da Construção Civil do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS) prevê um crescimento do setor em 2025, em razão da necessidade de moradias — um levantamento da entidade aponta um déficit de 250 mil residências no Estado. Para o presidente do Sinduscon-RS, Claudio Teitelbaum, tanto o Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, quanto o Porta de Entrada - programa da prefeitura de Porto Alegre e do governo do Estado-, têm a chance de induzir um novo ciclo de crescimento em 2025 e nos próximos anos. Conforme Teitelbaum, estudos da Câmara Brasileira da Indústria da Construção mostram que o segmento de obras industriais e corporativas no Rio Grande do Sul estima um investimento aproximado de R$ 30 bilhões, de 2025 a 2028, para obras nas áreas de papel e celulose, portos e perfuração offshore na bacia de Pelotas.
Como desafios do setor da construção civil, o dirigente destaca a falta de recursos e ausência de celeridade diante do excesso de burocracia na área pública. Entre os obstáculos para 2025, Teitelbaum cita o atual patamar da taxa de juros do País, que direciona recursos para o segmento financeiro e os retira dos investimentos produtivos. "Isso está comprometendo a captação líquida da poupança e, por consequência, os recursos para financiamento imobiliário via Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE)."
Para Teitelbaum, a reforma tributária como inicialmente proposta contempla um redutor de 40% de alíquota, que não atende o setor e promove aumento expressivo da carga tributária sobre bens imóveis. "Esta redução de alíquota de 40% impacta a tributação dos segmentos de loteamentos, intermediação de imóveis e administração de imóveis", comenta. Para ele, é importante o setor ter 60% de redução de alíquota para garantir a manutenção da carga tributária do setor e os preços dos imóveis.
Com relação a recursos para obras de reconstrução, o dirigente afirma que é fundamental investir em todo o Rio Grande do Sul, o que passa pela definição das três esferas de poder — federal, estadual e municipal. Sobre a mão de obra, Teitelbaum comenta que o País registra crescimento anual do PIB através de uma estratégia baseada no consumo das famílias e o Brasil, aponta ele, está com baixa taxa de desemprego.
"Na atualidade está difícil realizar a contratação de colaboradores para qualquer área, administrativa ou operacional. Além disso, o setor da construção civil tem mão de obra nos canteiros com um menor número de jovens", ressalta. Para ele, a atratividade para trabalhar no setor deveria melhorar, uma vez que os jovens têm hoje uma maior quantidade de opções para emprego.
Sobre a industrialização, o presidente do Sinduscon-RS afirma que a construção precisa ser rápida e segura e a reforma tributária poderá trazer a necessidade de maior industrialização. "A própria construção de interesse social (Minha Casa, Minha Vida) poderá ser demandada por mais tecnologia, a fim de realizar entregas rápidas", destaca.
De acordo com Teitelbaum, nos últimos anos o crescimento da atividade da construção civil no Rio Grande do Sul foi expressivo.
"Com a pandemia da Covid-19, principalmente com o surgimento de novas necessidades nas moradias, a exemplo de espaço para home office, o setor vivenciou um crescimento muito positivo", recorda.
Conforme destaca, é sempre bom lembrar o reconhecimento da atividade da construção civil como o motor do desenvolvimento. "Estamos presentes na educação, na segurança, na saúde, na habitação, no desenvolvimento urbano, nas edificações industriais, comerciais e residenciais."
Conforme lembra o dirigente, o setor gera emprego de forma imediata e em grande escala. "Importante destacar que, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego, a construção civil é o terceiro setor com maior salário de admissão, em torno de R$ 2.315,00", acrescenta. Mesmo com todas as adversidades enfrentadas no Estado (pandemia de Covid-19 e enchentes), em outubro de 2024 o setor teve cerca de 143 mil carteiras assinadas, um aumento de aproximadamente 17% em relação a outubro de 2020. No acumulado de 2024 (até outubro) foram geradas mais de 10 mil novas vagas. "Este universo de empregos é superior a 880 mil vagas quando considerados os diretos e indiretos", explica.
Em função das enchentes, destaca Teitelbaum, iniciativas serão realizadas para a reconstrução do Estado, como moradias para o público-alvo do Minha Casa, Minha Vida, que já são conteúdos de editais públicos, recuperação/construção de pontes e estradas, obras de contenção de cheias e de saneamento.