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Publicada em 18 de Dezembro de 2024 às 21:10

Setor calçadista projeta total recuperação das perdas da pandemia em 2025

Segmento estima uma produção de 900 milhões de pares de sapatos em 2025, o que corresponde a um crescimento de 2% na comparação com 2024

Segmento estima uma produção de 900 milhões de pares de sapatos em 2025, o que corresponde a um crescimento de 2% na comparação com 2024

/Vulcabras/Divulgação/JC
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Maria Amélia Vargas
Maria Amélia Vargas Repórter
Principal exportador em receita gerada e o segundo maior produtor de calçados do Brasil, o setor calçadista gaúcho encerra este ano com um crescimento de mais de 3% na produção, o que significa mais de 890 milhões de pares fabricados. Os dados são da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), que é cautelosa nas projeções para 2025.
Principal exportador em receita gerada e o segundo maior produtor de calçados do Brasil, o setor calçadista gaúcho encerra este ano com um crescimento de mais de 3% na produção, o que significa mais de 890 milhões de pares fabricados. Os dados são da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), que é cautelosa nas projeções para 2025.
De acordo com o presidente-executivo da entidade, Haroldo Ferreira, o segmento entrará na última etapa de recuperação das perdas provocadas pela pandemia de Covid-19 e deve registrar uma alta modesta de até 2% na confecção de peças, alcançando a fabricação de 900 milhões de pares produzidos.
"Acreditamos que 2025 não será um ano fácil, até mesmo com menor crescimento da economia brasileira, devido ao ajuste fiscal em voga. No cenário internacional, o quadro seguirá muito parecido com o de 2024, porém com um arrefecimento da queda nas exportações, resultado, também, de uma banda de comparação bastante fraca que foi a do ano corrente", afirma o dirigente.
O principal desafio para ele é ter condições de competitividade, "o que não está da porta para dentro da fábrica". Na sua avaliação, o retorno gradual da oneração da folha de pagamentos prevista para o ano que vem, "que dava um fôlego importante para seguirmos contratando e crescendo", trará mais essa dificuldade. "Nos falta apoio governamental, uma reforma tributária que diminua a carga de impostos pagas pelas empresas brasileiras, condições logísticas adequadas — de estradas, aeroportos e portos —, proteção contra a concorrência predatória de calçados asiáticos, entre outros pontos. Ou seja, podemos dizer que o problema da indústria calçadista não está da porta para dentro da fábrica", ressalta.
Outro gargalo assinalado por Ferreira é a alta na taxa de juros, "que dificulta investimentos do setor, já que investidores, em vez de investir na indústria e varejo, muitas vezes, optam por deixar seus recursos rendendo ao invés de investir, por uma questão de segurança e rentabilidade".
 

Indústria gaúcha se reergueu rapidamente das cheias de maio

Mapa Econômico do RS 2024 - Serra - Calçados Beira Rio S.A - Filial Igrejinha

Mapa Econômico do RS 2024 - Serra - Calçados Beira Rio S.A - Filial Igrejinha

/Calçados Beira Rio S.A/Divulgação/JC
O comportamento do mercado doméstico, que absorve mais de 85% das vendas, foi fundamental para que o setor chegasse ao final deste ano com crescimento. Levantamento da Abicalçados mostra que, entre janeiro e outubro, o consumo aparente (soma importações) interno cresceu 10% em relação ao mesmo período do ano passado.
Apesar de o segmento ter sido atingido pelas enchentes de maio deste ano, contabilizando prejuízos no abastecimento de matéria-prima, perdas de máquinas, equipamentos e produtos acabados, o dirigente salienta que uma peculiaridade difere o setor calçadista de outros da indústria de transformação. "Assim como sentimos o impacto das crises, muito rapidamente, com os sinais de enfraquecimento do consumo, também nos reerguemos com velocidade quando as condições são mais favoráveis. A maior parte das empresas já estava produzindo a pleno em julho", destaca Ferreira.
Essa acelerada recuperação pode ser comprovada nas exposições e agendas da área. De acordo Roberta Plestch, diretora de Relacionamento da Merkator Feiras e Eventos — promotora do Salão Internacional do Couro e do Calçado (SICC) e da Feira de Calçados de Acessórios Zero Grau, ambas realizadas anualmente em Gramado —, as edições dos eventos em 2024 foram mais discretas, mas de grande importância para a indústria calçadista.
"Agora no mês de novembro, no final do ano, tivemos uma edição da Zero Grau com as presenças dos lojistas de todo o País, fazendo compras para reposição de calçados, já para entrega no primeiro bimestre do próximo ano. A feira foi mais tímida, devido a toda a situação que atingiu nosso Estado, mas os resultados foram comemorados tanto pelos expositores, que agilizaram suas vendas, como pelos lojistas, que conseguiram renovar seus estoques. Também ficamos surpresos com a vinda de importadores, o que demonstra que nosso estado está recuperando sua posição na economia setorial", comemora Roberta.
Em relação às exportações, segundo levantamento da Abicalçados, estas caíram quase 20% em volume na comparação com igual intervalo de 2023. Uma das ações importantes para alavancar os negócios internacionais, o Brazilian Footwear — um programa de incentivo às exportações desenvolvido pela Abicalçados em parceria com a ApexBrasil — fechou 2024 somando R$ 677,4 milhões (US$ 128,3 milhões — cálculo pela média cambial) em negócios gerados pelas iniciativas apoiadas. Com o aporte total de R$ 7,7 milhões nessas ações, o programa reporta um retorno sobre investimentos (ROI) de R$ 88,00 por cada R$ 1,00.
Conforme a coordenadora de Negócios da Abicalçados, Paola Pontin, as exportações de empresas associadas ao programa representam mais de 75% do total gerado pelas exportações brasileiras de calçados. "Trata-se de um programa fundamental, não somente para a promoção de negócios e da imagem do calçado brasileiro no exterior, mas também para a qualificação do nosso mercado internacional", conclui.
Nesse sentido, o Sindicato da Indústria de Calçados do RS (Sicergs), lançou este ano o Projeto de Internacionalização para empresas do setor calçadista. Contemplado em edital da Federação das Indústrias do Estado do RS (Fiergs) e aprovado em agosto, o objetivo do projeto é viabilizar a participação de 10 pequenas e médias empresas, que serão capacitadas para participação em feira relevante do setor na América Latina, evento que está sendo avaliado.
 

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