Quando foi derrotada pelas urnas no segundo turno das eleições deste ano, a candidata à prefeitura de Porto Alegre Maria do Rosário (PT) reforçou o caráter fiscalizador que a oposição deverá exercer no Legislativo ao longo da próxima gestão do prefeito reeleito Sebastião Melo (MDB). O bloco de oposição cresceu em relação à última legislatura, conquistando um terço das vagas do Parlamento.
A promessa foi reafirmada pelo atual líder da oposição, Roberto Robaina (PSOL), em entrevista à reportagem: "vamos fiscalizar e cobrar mais do que nunca, além de impulsionar a auto-organização do povo para fazer as suas reivindicações e para que Porto Alegre não retroceda". Com 12 vereadores, o bloco sozinho será capaz de aprovar pedidos para a instauração de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs).
Melo, por sua vez, diz que dialogará com partidos que hoje se posicionam como independentes na Câmara Municipal e que tratará a oposição com respeito.
"Primeiro, tem que compor uma base. Tem os vereadores que foram eleitos da base, aí tem dois do Novo, três do PSDB e um do PDT. É uma bancada de seis. Além da base, vou conversar com eles. E vou respeitar a oposição, mas é difícil contar com eles", admitiu durante visita ao Jornal do Comércio logo após a eleição. Em novembro, foi confirmado que o partido Novo deverá integrar a equipe do governo.
Apesar do crescimento dos partidos vinculados ao campo político da esquerda e que compõem a oposição, o controle do Parlamento deverá ficar nas mãos dos partidos de centro e direita. No primeiro ano, a articulação tem favorecido a vereadora Comandante Nádia (PL), vinculada à direita.
Nas outras três gestões que devem ocorrer ao longo da legislatura, a presidência está sendo pretendida principalmente por outros quatro nomes: José Freitas (Republicanos), Mauro Pinheiro (PP), Moisés Barboza (PSDB) e Tanise Sabino (MDB).
A oposição deve tentar emplacar um candidato na disputa, mas deverá enfrentar dificuldade para obter acordo com a base.
A última vez que um parlamentar vinculado à esquerda presidiu a Câmara de Porto Alegre foi em 2015, quando Mauro Pinheiro ainda era filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT) e comandou o Parlamento pela primeira vez.