A infraestrutura e a logística do Rio Grande do Sul devem passar por um momento de retomada em 2025. Isso porque, em 2024, diversas rodovias, hidrovias e até o Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, ficaram interditados ou sofreram danos devido às enchentes de maio. Para os três modais, a perspectiva é de reconstrução e novas oportunidades com aportes governamentais e privados.
No caso da aviação, por exemplo, ficou evidente a necessidade de mais equipamentos para o modal. A aviação regional, nesse contexto, ganhou destaque como alternativa para ampliar as conexões no Estado. A Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária), que assumiu os aeroportos de Torres e Canela, projeta que essas unidades terão papel importante no crescimento econômico e turístico da região para o novo ano que se inicia.
"No Aeroporto de Canela, as obras já concluídas, que incluíram o alargamento e extensão da pista de pouso e decolagem, reforço e recapeamento, bem como a revitalização da sinalização horizontal e reformas no pátio de aeronaves, habilitaram o terminal para receber aeronaves da categoria 2C", informa a empresa pública em nota.
Já no Aeroporto de Torres, a primeira fase de melhorias contemplou o alargamento da pista de taxiamento e a instalação de novas tecnologias, como o PAPI (Indicador de Percurso de Aproximação de Precisão), que ainda precisa ser homologado.
"A segunda fase, que inclui a construção de uma via de inspeção e um muro patrimonial, está prevista para ser finalizada no início de 2025. Essas ações devem garantir maior segurança e reforçar a infraestrutura para operar aeronaves da categoria 3C", complementa a nota.
Os aeroportos sob gestão do Departamento Aeroportuário da Secretaria de Logística e Transportes, como os de Passo Fundo, Santo Ângelo, Carazinho, Erechim, Capão da Canoa e Rio Grande, continuarão recebendo investimentos em 2025. "Seguiremos trabalhando na qualificação da aviação regional, que é fundamental para a economia e a logística gaúchas. O fortalecimento desse setor foi essencial durante as enchentes de 2024", destaca a Secretaria em nota.
Fraport foca na recuperação completa do Aeroporto Internacional Salgado Filho
O Aeroporto Internacional Salgado Filho retomou parcialmente suas operações em outubro de 2024, com voos internacionais reiniciados em dezembro. Para 2025, estão previstos os retornos das operações da Latam, Aerolíneas Argentinas e TAP.
Andreea Pal, CEO da Fraport Brasil, destaca que a prioridade é a recuperação completa do Aeroporto Salgado Filho. "Isso inclui não apenas infraestrutura, mas também o número de passageiros, que foi severamente impactado pela pandemia e, mais recentemente, pelas enchentes."
Sobre a retomada dos voos internacionais, Andreea acrescenta: "Em dezembro de 2024, retomamos a conexão com o Panamá, operada pela Copa Airlines, com possibilidade de mais frequências ainda no primeiro semestre de 2025. Em janeiro, a Latam reativará rotas para Lima e Santiago, enquanto a Aerolíneas Argentinas retomará a rota Porto Alegre-Buenos Aires em março. Já a TAP voltará com a rota Porto Alegre-Lisboa em abril. Apesar dos desafios, esperamos recuperar o volume de passageiros internacionais até 2026", aponta.
O setor de cargas também terá destaque em 2025, com possibilidades para operações no Terminal de Cargas (TECA) e para integrar melhor o modal rodoviário. "O setor de cargas terá uma atenção especial, não só pela retomada dos voos internacionais, falando de importação e exportação, mas também pelo potencial que nosso TECA Internacional (Terminal de Cargas) possui. Além do modal aéreo, atendemos também o modal rodoviário. Cargas que chegam por outras cidades e vem via rodoviária até Porto Alegre para nacionalização. Temos espaço e condições de ampliar o volume de cargas com origem e destino Porto Alegre", conclui Andreea.
Na visão dela, "Porto Alegre tem um grande potencial para se tornar referência no Mercosul em termos de conectividade aérea. Um olhar mais detalhado para os países vizinhos nos coloca em condições de receber voos internacionais e aproveitar ainda mais a conectividade doméstica e regional".
Modal Rodoviário terá avanço em duplicações
Duplicação ers-734
/Daer/Divulgação/JCAs enchentes de 2024 afetaram 403 pontos na malha rodoviária do Estado. Em 2025, diversas obras estão previstas, incluindo a entrega da duplicação da ERS-734, em Rio Grande, que deve ser concluída no final do ano, segundo reportagem do JC. A obra abrange 6,5 quilômetros, com um investimento total de R$ 51,6 milhões, dos quais R$ 12 milhões já foram aplicados.
A Secretaria de Logística e Transportes destaca que, entre 2021 e 2023, o Governo do Estado investiu R$ 2,5 bilhões na melhoria da infraestrutura viária. Para 2025, um dos focos serão as obras de acessos municipais, assim como as ligações regionais e as ações de conservação. "Estamos trabalhando na contratação das obras via Funrigs (Secretaria da Reconstrução Gaúcha). Essa será uma demanda muito importante no ano que vem, além da continuidade das obras em andamento, que envolvem acessos municipais, ligações municipais e obras de conservação, pois temos uma malha rodoviária extensa, de mais de 10 mil quilômetros, e que foi duramente atingida pelas enchentes."
As duplicações da BR-290, no trecho dos lotes 1 e 2, estão previstas para avançar em 2025, de acordo com o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). As obras da BR-386, entre Marques de Souza e Lajeado, também estão previstas para o próximo ano. Conforme o Anuário de Investimentos de 2024 do JC, a CCR ViaSul investirá R$ 120 milhões no trecho da BR-386, que abrange 20,3 quilômetros.
Outro projeto importante é a duplicação da RSC-287, que será entregue gradativamente ao longo de 2025. A informação foi confirmada por Leandro Conterato, diretor-geral da Rota de Santa Maria, durante o evento Infraestrutura e Mobilidade — Planejando o Futuro dos Modais Logísticos do RS, realizado em outubro de 2024.
Futuro das hidrovias passa por dragagem e melhorias dos complexos portuários
Governo anunciou R$ 731 milhões para dragagens e infraestrutura portuária
/TideSat/Divulgação/JCAs enchentes também impactaram significativamente o modal hidroviário. Cerca de 350 quilômetros da malha navegável precisarão passar por dragagem, conforme Wilen Manteli, diretor-presidente da Associação Hidrovias do Rio Grande do Sul (Hidrovias RS), afirmou em reportagem do JC. Ele destacou que as hidrovias movimentam cerca de 9 milhões de toneladas de cargas por ano, representando aproximadamente 20% do transporte fluvial no Brasil. O governo estadual anunciou R$ 731 milhões para dragagens e outros investimentos na infraestrutura portuária, incluindo projetos de recuperação no porto de Porto Alegre e no porto de Rio Grande.
Segundo Cristiano Klinger, presidente da Portos RS, além disso, estão previstos investimentos em pavimentação, iluminação e arrendamentos de novas áreas, visando otimizar a movimentação de cargas e ampliar a competitividade logística do Estado.
"Olhamos para o ano de 2025 como um ano com recursos destinados a muitas obras e novas potencialidades. A própria relação com atividade portuária e distrito industrial é uma pauta que estamos alinhando e trabalhando", pondera.