Depois de considerar como "difícil" para os segmentos industriais do Rio Grande do Sul e do Brasil o período de 2023, a Fiergs projeta um cenário de "incertezas" para o próximo ano. Contudo, mesmo com esse sentimento de indefinições, a entidade prevê crescimentos dos PIBs nacional e gaúcho na ordem, respectivamente, de 1,5% e 4,7%.
Depois de considerar como
"difícil" para os segmentos industriais do Rio Grande do Sul e do Brasil o
período de 2023, a Fiergs projeta um
cenário de "incertezas" para o próximo ano. Contudo, mesmo com esse sentimento de indefinições, a entidade
prevê crescimentos dos PIBs nacional e gaúcho na ordem, respectivamente, de 1,5% e 4,7%.
Mas, apesar da expectativa de um incremento da economia do Estado três vezes maior que a do País, o desempenho regional também dependerá de algo que pode variar: o clima. O presidente da Fiergs, Gilberto Petry, detalha que a evolução do PIB gaúcho em 2024 será sustentada fundamentalmente pelo agronegócio, que tem a perspectiva de apresentar um ótimo desempenho. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima uma produção estadual de cerca de 41 milhões de toneladas de grãos para o próximo ano, uma alta relevante se comparada com 2023, que deve alcançar em torno de 28 milhões de toneladas. "O problema é que não temos uma linha direta com São Pedro", brinca Petry.
Somente quanto ao PIB da Agropecuária, a Fiergs calcula que o Rio Grande do Sul deve registrar um incremento de 37,1% em 2024, contra 1,8% da Indústria e 1,5% do segmento de Serviço. Ainda sobre as questões que geram certa apreensão ao industrial gaúcho, o presidente da Fiergs cita a proposta do governo gaúcho de subir as alíquotas do ICMS. “Esse aumento, se para o Estado é importante para refazer o seu caixa, para nós (indústria) atrapalha a nossa estrutura produtiva”, argumenta o dirigente.
Ele adverte que elevações de carga tributária podem
afetar a competitividade da indústria.
“Ninguém investe se não tiver oportunidade de retorno”, enfatiza Petry. Já o economista-chefe da Fiergs, Giovani Baggio, reforça que a percepção de incerteza é facilmente sentida por meio do nível de confiança manifestado pelos empresários industriais do Rio Grande do Sul. “Desde o final do ano passado, houve um tombo no índice de confiança que conduzimos dentro da Fiergs e sem confiança os empresários não investem”, argumenta o economista.
Em novembro, esse indicador ficou em 47,9, ou seja, abaixo de 50, o que demonstra pessimismo do empresariado. Baggio acrescenta que o investimento depende de condições financeiras favoráveis, especialmente, de crédito e juros e uma esperança no crescimento futuro. “E os empresários estão com uma série de dúvidas quanto a isso”, aponta.
As dúvidas econômicas não estão restritas apenas ao cenário local. O economista-chefe da Fiergs frisa que na questão internacional, depois de uma forte recuperação em 2021, se vê agora uma moderação do crescimento. Entre os fatores que contribuíram para isso, ele menciona problemas energéticos globais, conflitos geopolíticos e preços em elevação de commodities. “Isso fez com que os bancos centrais tivessem que agir e a política monetária apertada, no mundo, fez a atividade arrefecer”, explica o economista.
Baggio acrescenta que o crescimento previsto para a economia mundial para 2023 (de 3%) e para 2024 (2,9%) é abaixo da média dos últimos 22 anos (3,6%). Já no Brasil, o integrante da Fiergs comenta que, desde meados de 2022, se percebe o enfraquecimento da inflação, o que permitiu que o Banco Central começasse a reduzir a taxa de juros. A expectativa, adianta Baggio, é que a taxa estacione em 9,5%, em meados do próximo ano.