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Publicada em 18 de Dezembro de 2023 às 00:10

Plano Diretor terá protagonismo no debate eleitoral em Porto Alegre

Movimentação de participantes na Conferência de Revisão do Plano Diretor da Capital, que ocorreu em novembro na Pucrs

Movimentação de participantes na Conferência de Revisão do Plano Diretor da Capital, que ocorreu em novembro na Pucrs

/Pedro Piegas/PMPA/Divulgação/JC
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Bruna Suptitz
Dos assuntos que estarão na pauta das eleições municipais de 2024 em Porto Alegre, um já está carimbado: o Plano Diretor. Isso porque o prefeito Sebastião Melo (MDB) decidiu que enviará para a Câmara a proposta de revisão da lei somente após as eleições municipais "mesmo que (o projeto) fique pronto antes".
Dos assuntos que estarão na pauta das eleições municipais de 2024 em Porto Alegre, um já está carimbado: o Plano Diretor. Isso porque o prefeito Sebastião Melo (MDB) decidiu que enviará para a Câmara a proposta de revisão da lei somente após as eleições municipais "mesmo que (o projeto) fique pronto antes".
Pelo calendário da prefeitura, dezembro de 2023 marcaria a realização da audiência pública, seguida do envio do projeto de lei para a Câmara. No entanto, segundo o governo, o texto que será enviado ao Legislativo ainda não está pronto. "Não concluímos a elaboração da minuta porque entendemos que restam pendentes alguns momentos de debate", informa o secretário de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade, Germano Bremm, que está à frente dos trabalhos da revisão.
O cenário repete a projeção feita para o ano de 2020, quando se esperava que o trâmite dessa matéria tivesse espaço no debate eleitoral. No entanto, a pandemia de Covid-19, que ditou o rumo das discussões naquele pleito, motivou a suspensão temporária da revisão da lei que trata do planejamento urbano da cidade. O Plano Diretor pouco foi lembrado na campanha.
Em 2020, a atenção do público estava focada nos assuntos em torno da pandemia. Também contribuiu para a falta de espaço dedicado ao Plano Diretor o fato da revisão estar ainda em estágio inicial. O processo havia começado no segundo semestre de 2019 com oficinas comunitárias e foi suspenso logo no início de 2020, em março, devido à crise sanitária. As atividades participativas foram retomadas no fim de 2021.
Mas, se há quatro anos o Plano Diretor apareceu de maneira tímida nas propagandas de rádio e televisão, sendo abordado pelos candidatos apenas quando provocadas por adversários ou pela imprensa, a expectativa é que no próximo ano as campanhas eleitorais dediquem maior protagonismo ao assunto.
Essa avaliação explica, em partes, a decisão de Melo de postergar o envio do projeto para a Câmara - e assim empurrar a apreciação da matéria para o fim do próximo ano. Há um grande receio, por parte do prefeito, de "contaminar um debate que é do presente e do futuro da cidade". O inverso também é válido, já que há receio, ainda que não tão explícito, de que um assunto polêmico como o Plano Diretor domine a eleição.
Uma vez que estiver no Legislativo, a proposta de alteração da lei será tratada publicamente e receberá mais atenção da mídia, dos movimentos sociais, das entidades empresariais e, especialmente, dos vereadores. Se esse momento coincidir com a campanha à prefeitura e à Câmara, as negociações das alianças partidárias tendem a se confundir com o apoio ou não ao projeto de lei.
Soma-se a isso o contexto atual da revisão: desde outubro está suspenso o funcionamento do Conselho do Plano Diretor, atendendo a uma determinação da Justiça para realizar eleição e escolher novos representantes da sociedade para compor o colegiado. Contudo, a liminar que trata do caso coloca dúvida sobre a validade do andamento do processo até o momento, o que motiva a decisão da prefeitura de frear o trâmite.
 

Porto Alegre : debate profícuo para a cidade

"O importante para nós é que saia um Plano Diretor bem conversado", sustenta Claudio Teitelbaum, presidente do Sinduscon-RS, sobre postergar o envio da proposta de revisão para a Câmara para depois das eleições municipais de 2024. "Temos que fugir da politização, (pois) o Plano Diretor é uma decisão técnica", sustenta.
Empresário do setor da construção civil, Teitelbaum é o porta-voz do movimento Porto Alegre , que reúne mais de 40 entidades representativas do comércio e varejo, indústria, serviços, turismo, urbanismo, empreendedorismo e inovação na cidade. Lançada em novembro deste ano, a iniciativa busca contribuir com a prefeitura nos debates envolvendo a tramitação e a implementação da lei que rege o planejamento urbano na Capital.
Alinhado com a condução que o governo municipal dá para a pauta, o movimento Porto Alegre , embora reconheça a validade da decisão Judicial, avalia que ela se deu "abastecida por (argumentos de) movimentos políticos que parecem ser contra o desenvolvimento da cidade". Assim, o porta-voz entende que o adiamento "é prudente em nome da segurança jurídica do processo", explica.
Sobre os quatro anos em que a lei está em discussão, Teitelbaum aponta o entendimento do grupo de que o tema já foi suficientemente debatido. Ainda assim, projetando o próximo ano, o porta-voz do movimento acredita que "vai ser um debate bastante profícuo para a cidade", especialmente pelo potencial de envolver os candidatos ao Legislativo por saberem que o Plano Diretor será votado logo após a eleição.

Atua POA: oportunidade para revisar o processo

Acompanhando o processo de revisão do Plano Diretor desde o início trâmite, em 2019, o coletivo Atua POA, formado por mais de 80 grupos da sociedade civil, como entidades de classe e movimentos sociais, entende que "a etapa de leitura da cidade não foi finalizada e, antes de proposições, é preciso fazer um diagnóstico da realidade urbana de Porto Alegre com a participação da sociedade". Quem apresenta essa visão é a arquiteta e urbanista Maria Dalila Bohrer, integrante da Comissão Cidades do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RS) e do Atua POA.
Caso sejam seguidos os relatórios apresentados pela consultoria que presta apoio à prefeitura, a lei do Plano Diretor terá um novo modelo espacial, o plano regulador (que define as alturas, por exemplo) será separado do corpo da lei e será elaborado um código de urbanismo. Isso, porém, "não corresponde à cidade que a gente vê", pondera Maria Dalila.
Como exemplo, ela cita o alerta feito para o poder público "ver as áreas de ocupação irregular, o que não aconteceu". O mesmo vale para as alterações na lei que rege o planejamento urbano da cidade feitas especificamente para o Centro e para o 4º Distrito.
Assim, o novo prazo definido pelo governo para enviar a proposta para a Câmara é visto como "uma oportunidade de revisar esse processo, para que a comunidade tenha mais espaço". Para a representante do Atua POA, mesmo que o texto não seja apreciado antes de outubro, o adiamento da revisão para 2024 "vai ser uma pauta muito forte da eleição".

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