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Publicada em 12 de Dezembro de 2023 às 21:16

Biden e Trump devem repetir a disputa eleitoral pela Casa Branca em 2024

Além das eleições presidenciais, também serão votados os membros do congresso

Além das eleições presidenciais, também serão votados os membros do congresso

Angela Weiss e SAUL LOEB/AFP/JC
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Mariana Dawas Vieira
O ano de 2024 terá um momento decisivo no contexto político da maior economia do mundo. As eleições presidenciais dos Estados Unidos da América estão marcadas para o dia 5 de novembro, mas a busca de eleitores na campanha começa meses antes.
O ano de 2024 terá um momento decisivo no contexto político da maior economia do mundo. As eleições presidenciais dos Estados Unidos da América estão marcadas para o dia 5 de novembro, mas a busca de eleitores na campanha começa meses antes.
O sistema eleitoral estadunidense difere do brasileiro em diversos aspectos: o voto não tem caráter obrigatório, e o sistema é de eleição indireta, ou seja, os eleitores votam em membros de um colégio eleitoral, que então nomeiam um presidente. Além disso, não são utilizadas urnas eletrônicas, mas cédulas de papel majoritariamente marcadas à mão e, portanto, os resultados definitivos podem demorar semanas.

O sistema dos Estados Unidos admite mais de dois partidos, mas não é comum que outro que não os Democratas e Republicanos protagonizem o debate eleitoral. Durante a primeira metade do ano de eleições, os partidos realizam as chamadas Primárias, uma eleição em todo território nacional entre os membros dos respectivos partidos para eleger o candidato. Neste ano, as apostas dos especialistas é de que a disputa seja entre os mesmos candidatos das eleições de 2020, com o atual presidente Joe Biden, representando o partido dos Democratas, e o ex-presidente Donald Trump, buscando a reeleição para um segundo mandato não consecutivo, com os Republicanos.

"Embora as eleições ainda estejam se desenhando e seja relativamente cedo para análises mais aprofundadas, a expectativa geral é de que Trump e Biden voltem a se enfrentar como candidatos principais", diz Luana M. Geiger, doutora em Ciências Políticas e professora de Relações Internacionais na Pucrs.

Biden ganhou as últimas eleições com 306 delegados no colégio eleitoral, contra os 232 republicanos de Trump, com uma vitória apertada, demonstrando a polarização do país. Desde o início do seu mandato, no entanto, sua popularidade caiu. De acordo com as pesquisas feitas pela Reuters, atualmente Biden possui 53% de desaprovação.
Entre as marcas do governo Biden estão o aumento de apoio à Ucrânia e a Israel, assim como a manutenção de uma política forte de disputa comercial e de embate político com a China - semelhante a do governo anterior. Além disso, Biden também retirou as atividades militares no Afeganistão, cujas investidas militares por parte dos EUA são legado da Guerra ao Terror, desde 2001.
No entanto, apesar do histórico, este marco não pareceu fazer tanto efeito quanto talvez fosse esperado. "Uma das decisões da política externa mais importantes que ele fez foi a retirada do país do Afeganistão, mas acredito que a maioria dos eleitores tenha se esquecido disso, com outros temas mais relevantes da política internacional", comenta Andrew Bennett, doutor em Política e professor de Georgetown.
Enquanto isso, o mandato de Trump, entre 2017 e 2020, foi marcado por um discurso político nacionalista intenso, uma gestão controversa da pandemia de coronavírus, e uma ampliação das atividades de defesa nacional. "O governo Trump foi marcado pela crítica às custosas incursões militares e alianças securitárias, que estariam prejudicando o país socioeconomicamente", comenta Luana.

Popularidade dos candidatos pode definir a corrida presidencial

Ao mesmo tempo, a popularidade de Trump não parece decair, mesmo com os diversos recentes processos judiciais. "Apesar de ter 91 acusações diferentes, isso não parece ter afetado o apoio dos seus eleitores republicanos e dentro do partido. Por isso, ele é a aposta de nomeação. O impacto destas acusações também depende muito do período em que vão proceder. Ele está tentando adiar ou desacelerar ao máximo, pelo menos até após as primárias, ou talvez para até depois das eleições", acrescenta Bennett.
No entanto, o especialista comenta que os casos judiciais afetam eleitores independentes, essenciais para o resultado, e acrescenta que é muito provável que o foco dos candidatos e das campanhas sejam em estados que não possuem uma tradição de resultado, o que chamou de estados oscilantes. Locais como Arizona, Wisconsin e Pennsylvania, que já votaram para os dois lados nas recentes disputas, serão os que realmente irão decidir as eleições.
Nos debates eleitorais dos EUA, tópicos recorrentes incluem as crescentes taxas de desemprego e de inflação, acesso à saúde e aumento da desigualdade. "Os Estados Unidos se encontram em fase de declínio econômico, com décadas de desindustrialização e problemas socioeconômicos que se tornam mais evidentes", acrescenta a professora.

Impacto internacional deve influenciar no pleito 

Apesar da disputa, os partidos possuem pouca diferença tratando de como lidam com a política externa, em tópicos como a China, por exemplo. As maiores diferenças talvez estejam no apoio dado aos países em conflito, como a Ucrânia. O suporte dado ao país foi muito maior no governo Biden, em comparação com o anterior. O modelo de governança dos republicanos tende a ser mais voltado à política interna, portanto a eventual vitória de Trump pode significar uma diminuição geral de atuação dos EUA, o que não significa que ficariam omissos. Além disso, o Republicano tem envolvimento com polêmicas internacionais, incluindo o conflito na Ucrânia.
Em relação ao Brasil, não é provável que haja grandes alterações nas relações econômicas já existentes. No entanto, a vitória republicana, representante da direita menos pragmática e mais extrema, pode ter impactos na polarização e na radicalização no Brasil, assim como em outros países. 

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