Estabilidade política e sinais na economia serão decisivos

Novo ano começará sob desconfiança, após polarização das eleições e expectativa sobre a economia

Por JC

Retomada da confiança é considerada fator fundamental para o crescimento do Brasil em 2023
Como já é tradição, no mês de dezembro, o Jornal do Comércio publica o caderno especial Perspectivas, suplemento que compila as expectativas de diversos segmentos da economia sobre o próximo ano.
Se em 2021 o clima entre os entrevistados era de otimismo pela volta à normalidade, após o avanço da vacinação contra a Covid-19, em 2022 predomina a incerteza sobre o futuro do País.
Após quatro anos do governo Jair Bolsonaro (PL), o poder retornou para o PT, que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva. Com o Brasil polarizado após a divisão nas eleições, economistas temem que seja difícil avançar em decisões importantes.
E aguardam sinais claros do novo governo sobre a política econômica, especialmente na questão do equilíbrio fiscal. Além de sinalizações ao mercado, será decisivo para o País obter estabilidade política e institucional, a fim de dar confiança ao empresariado, bem como aos investidores.
Nesse cenário, o primeiro semestre do governo será muito importante, tanto pela agenda, que inclui a reforma tributária, quanto pela relação com os outros Poderes, especialmente o Congresso Nacional.
No Rio Grande do Sul, há clima de estabilidade com o retorno de Eduardo Leite (PSDB) ao Palácio Piratini. O fato de ele ser o primeiro político a ser reeleito para o cargo deve facilitar a continuidade de projetos iniciados em 2019, oportunidade única no Estado.
As concessões de estradas, novas privatizações e investimentos públicos estão no horizonte do próximo ciclo de governo. As boas expectativas sobre a safra gaúcha também devem ajudar a incrementar o Produto Interno Bruto (PIB), com possibilidade de crescimento estimado em 5% por entidades empresariais para o Estado.
Finalmente, devem ser destravados investimentos em irrigação, problema que provoca prejuízos há anos nas lavouras. A seca é uma inimiga antiga dos produtores rurais, e o governo promete desfazer as amarras que travam a construção de estruturas para captação e reserva de água.
A indústria gaúcha segue a mesma linha de cautela e celebra um cenário diferente da última edição do Perspectivas. Há um ano, o Brasil enfrentava um contexto de falta de peças e parte da população mantinha o isolamento, trabalhando de casa e com o consumo freado.
Agora, a cadeia de suprimentos está normalizada e há menos pressões sobre os custos. Esses fatores produzem um clima de segurança, algo importante para o avanço da economia.
Embora a esperança por dias melhores também estimule o varejo, os desafios serão inúmeros. A tecnologia não é mais acessório no comércio, uma vez que as lojas dos mais variados portes precisam se comunicar com o público por diversos canais para garantir sua sobrevivência.
Além disso, o setor sente reflexos imediatos das ações governamentais. Se o ambiente político está calmo, o consumo ocorre com maior naturalidade, até porque há dinheiro estocado, conforme os especialistas. Incertezas, porém, sejam elas causadas pela crise econômica ou instabilidade política, reduzem a circulação da moeda.
O resultado desse especial é um painel das projeções de lideranças políticas e empresariais, bem como um compilado dos cenários para os mais diversos setores da economia em 2023.
Boa leitura!