Cinco percepções sobre a mentalidade dos consumidores

Mercado deve estar atento ao consumidor-chefe, consumo local e gastos com intenção

Por Patrícia Comunello

Loja da Nike oferece instalações para clientes montarem o próprio estilo
A maior feira de varejo do mundo, a NRF Retail's Big Show, em janeiro em Nova York, vai focar a condução dos negócios pós-pandemia ou o pior da crise sanitária. Na edição de 2022, condutas das empresas em temas como equidade, sustentabilidade e menos contato (efeito Covid-19) revalizaram com a geração de caixa. Este ano estes drives voltam à cena, mas com mais variáveis e uma delas será como se conectar com os consumidores num mundo que tem mudanças. 
O coordenador de Varejo do Sebrae-RS, Fabiano Zortéa, pontua duas prioridades para o setor: ficar ligado nos novos comportamentos de consumo e atenção dos líderes das empresas a quem está na linha de frente do atendimento. O consumidor, atenta Zortéa, acostumou-se com a pluralidade de opções para comprar ou conhecer os produtos. "Isso exige mais disponibilidade e conveniência das marcas. O cliente quer comprar e retirar na empresa, outras vezes quer ter experiência em loja ou falar por WhatsApp com o vendedor. Detalhe: quer falar com uma pessoa (não robô) algum sobre detalhe do produto", lista o coordenador do Sebrae-RS.
"Isso é modelo de negócio e canais de venda e como atender o cliente. Precisa estar atento a esses comportamentos para não perder dinheiro", avisa Zortéa. O segundo aspecto é colocar as pessoas no centro das estratégias. "Precisa de um olhar verdadeiro para diversidade de pessoas, ideias, gêneros, raças e idade. Essa diversidade é exigida pelas novas gerações, e precisa estar no negócio. "O vendedor que se sente bem transmite mais a verdade sobre o negócio ao cliente."
A Mintel, agência inglesa especializada em mapear tendências de mercado, rastreou o que vai conduzir o comportamento das pessoas em 2023 em estudo sobre tendências em alta. Uma das provocações é que as marcas precisam criar um espaço ou posto para o "consumidor chefe", permitindo que ele seja o centro criativo da inovação, demarca a Mintel. São cinco atitudes para pautar as ações em 2023: 
1. Eu consumidor: na pandemia, os consumidores tiveram uma mentalidade de comunidade, ao deixar as próprias necessidades em segundo plano para priorizar a saúde pública e segurança. Passado o pior da crise da Covid-19, as pessoas voltam a se concentrar em si mesmas, buscando produtos personalizados e serviços de acordo com suas habilidades. Brasileiros da Geração Z preferem comprar marcas que apoiam causas com as quais eles se importam do que doar pessoalmente para as causas. A Nike montou lojas com ambientes, como telas interativas, que incentivam os clientes a montarem seu próprio estilo. 
2. Consumidor empoderado: abra espaço para o "consumidor-chefe", que molda as marcas com seu poder de compra e voz. O cliente está sempre certo, investe, cocria e busca a mudança junto com as marcas, que devem ouvir seguidores e manter um pé no acelerador para criar inovação de mercado.
3. Hiper fadiga: pandemia, custo de vida crescente, crise energética, agitação geopolítica
e crise climática geraram cansaço e cobraram conta. A demanda por opções convenientes e experiências interativas continuarão a crescer com uso de tecnologias, mas é preciso ter limites no fluxo de informações e iniciativas para que os consumidores formem conexões saudáveis.
4. Internacionalmente local: marcas ligam cada vez mais o localismo com sustentabilidade e transparência. Consumidores associam produtos locais a práticas mais sustentáveis. Varejo busca fornecedores de distâncias mais curtas. Uso de QR Code permite conhecer os bastidores da produção.
5. Gasto com intenção: consumidores querem fazer gastos inteligentes sem sacrificar a qualidade da vida. Isso vai além de fazer escolhas caberem no orçamento. Fatores como flexibilidade, durabilidade e sustentabilidade dos produtos desempenharão cada vez mais papéis importantes na equação de valor.