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Futebol

- Publicada em 16 de Dezembro de 2022 às 03:00

Dupla Grenal busca criatividade para driblar a crise financeira

Enquanto o Inter tenta consolidar trabalho e levantar taças, Grêmio busca a remontagem do time na Série A

Enquanto o Inter tenta consolidar trabalho e levantar taças, Grêmio busca a remontagem do time na Série A


Montagem em imagem de ALEXANDRE SCHNEIDER/AFP/JC
A dupla Grenal inicia 2023 com perspectivas distintas dentro de campo, mas, fora dele, com algo em comum: tanto o presidente Alessandro Barcellos, do Inter, quanto Alberto Guerra, do Grêmio, precisam driblar os problemas financeiros para montar times competitivos em busca de conquistas na próxima temporada.
A dupla Grenal inicia 2023 com perspectivas distintas dentro de campo, mas, fora dele, com algo em comum: tanto o presidente Alessandro Barcellos, do Inter, quanto Alberto Guerra, do Grêmio, precisam driblar os problemas financeiros para montar times competitivos em busca de conquistas na próxima temporada.
O mandatário gremista estreia à frente do clube, após vencer uma disputada acirrada pela presidência. A saúde financeira do Tricolor é mais delicada do que ele e seu Conselho de Administração imaginavam quando foram eleitos. Em meio a tantas novidades, Guerra tem que encontrar ferramentas para recolocar o Grêmio entre os grandes, no ano em que volta à Série A.
Já Barcellos, em seu último ano de mandato, ainda corre atrás de um título. A manutenção de Mano Menezes no comando técnico dá uma tranquilidade para o departamento de futebol, que vai em busca de peças pontuais para o elenco. Fora de campo, o Colorado quer manter a criatividade para driblar a crise.
 

Guerra vê situação financeira complexa, mas foco é montar um time competitivo

Guerra, presidente do Grêmio

Guerra, presidente do Grêmio


/MORGANA SCHUH/GRÊMIO FBPA/JC
O Grêmio já iniciou a preparação dentro de campo para a temporada 2023. Enquanto o técnico Renato Portaluppi e sua comissão técnica preparam o time para o próximo ano, o presidente Alberto Guerra e seus pares seguem reformulando a gestão do clube, após sete anos de Romildo Bolzan Júnior. E o mandatário gremista define a situação financeira como complexa.
"A situação é mais complexa do que eu e todos do Conselho de Administração imaginavam. Teremos que enxugar por um lado, tentar cortar custos, principalmente no futebol, baixando a folha. Mas, ao mesmo tempo, é até engraçado, temos que investir no futebol. Não podemos nos acadelar, temos que trazer jogadores, melhorar o time para que a roda gire para frente. Temos que valorizar nossos ativos, que são os jogadores, fazer boas vendas e sair dessa situação complicada financeiramente", explica Guerra.
O presidente tem bem claro que é preciso qualificar o elenco atual para que se tenha a perspectiva de disputar algo a mais no ano que vem. "Qualificar não necessariamente é aumentar folha. Temos que baixar os custos com alguns atletas que estão deixando o clube e os que estão chegando, vindo com salários mais compatíveis", exemplifica.
Por ser a primeira competição, o Campeonato Gaúcho acaba sendo a oportunidade de fazer algumas observações. No entanto, Guerra não quer que o torneio seja apenas um laboratório, já que a equipe tem que entrar para ganhar.
"A gente sabe o que precisa. Por ser os primeiros jogos, temos a oportunidade de visualizar as novas contratações, analisar os jovens e aqueles que já estavam, para que possamos, pontualmente, buscar mais reforços. O que acontece, às vezes, é que acabamos surpreendidos por algum garoto que vem da base e toma conta da posição que estávamos precisando de um reforço. Mas a obrigação do Grêmio é entrar sempre para vencer", garante.
Junto ao olhar dentro de campo, a atual gestão também projeta mudanças em outros setores dentro do clube. Guerra conta que a ideia é explorar melhor a produção de conteúdo feita pelo Grêmio. "Temos que aprender a comercializar mais e melhor o que fazemos. Temos atletas que pagamos direito de imagem. Temos que valorizar nosso próprio produto, nos aproximando do torcedor e, consequentemente, melhorando a receita do clube", explica. Como exemplo, ele cita o engajamento que poderia gerar uma entrevista de uma hora com o técnico Renato Portaluppi e a consequente monetização desse tipo de ação.
Um dos objetivos da gestão Alberto Guerra é estreitar a relação com a Arena Porto-Alegrense. Na última semana, o mandatário se encontrou com o presidente Mauro Guilherme Araújo e revelou que foi um encontro muito cordial. A ideia é, a partir deste novo canal de comunicação e interlocução, construir um novo ambiente de diálogo, algo que não se tinha anteriormente.
"Obviamente que cada um defenderá seus interesses, mas a relação está muito boa e vejo uma vontade de resolver os problemas de ambos os lados. Claro que ali na frente, teremos que enfrentar alguns pontos mais problemáticos, mas temos tudo para construir um novo momento".

Barcellos mantém comissão técnica e mira título no último ano de sua gestão

Barcellos, presidente do Inter

Barcellos, presidente do Inter


/RICARDO DUARTE/INTER/JC
 
O último ano de mandato do presidente Alessandro Barcellos no Inter segue com a missão de conquistar um título. São 11 longos anos sem levantar uma taça relevante. Neste período, já são seis anos sem, ao menos, um Gauchão. No campo das finanças, a situação é mais delicada, porém equilibrada, de acordo com as palavras do mandatário. Na última semana, o Conselho aprovou uma receita próxima dos R$ 500 milhões para investimento em futebol, o que pode trazer uma perspectiva para melhores peças para qualificar o atual elenco, além de poder de investimento para gerar mais receitas.
A projeção da atual gestão é chegar no final de 2023 com mais equilíbrio e até amortizar parte da dívida que está perto dos R$ 600 milhões. Nestes últimos dois anos, ocorreu uma suspensão do déficit, de acordo com Barcellos. “Mesmo com a receita sendo maior (cerca de R$ 500 mi), bem superior à de 2022, ela não comporta uma geração de caixa capaz de diminuir ou liquidar essa dívida. O nosso trabalho é na busca por alternativas financeiras que possibilitem o enfrentamento dessa situação. Não é possível que um clube pague R$ 70 milhões de juros bancários por ano. A ideia é que essa quantia fique nos cofres para ser investida na área fim, que é o futebol”, deseja.
Pela primeira vez, no último triênio, o Colorado inicia a temporada com a manutenção da comissão técnica. O planejamento “mais tranquilo” passa pelo conhecimento de cada atleta por parte do treinador Mano Menezes, além de saber exatamente o que será preciso para reforçar ou repor perdas. “Isso dá uma perspectiva de continuidade de uma política e de um trabalho de médio e longo prazo. A gente vira o ano com cerca de 90% da equipe formada, pensando em conquistas e com a possibilidade de ter mais alternativas com a chegada de reforços pontuais. Dessa forma, teremos mais condições de entregar mais do que entregamos em 2022”, projeta Barcellos.
O primeiro reforço, de certa forma, surpreendeu. O lateral-direito Mário Fernandes, com passagem marcante pelo maior rival, assinou até o final do próximo ano. Questionado se o Colorado pode trazer novas surpresas ao torcedor, o presidente afirma que vem mais por aí, mas com os pés no chão. “Não sei se será surpresa, mas estamos trabalhando para continuar fazendo com que o grupo fique mais competitivo. Talvez os nomes que a gente trabalha sejam nomes surpresas para alguns torcedores ou para a torcida em geral. Mas por trás há todo um trabalho de prospecção de uma equipe que vasculha muito o mercado e que tem buscado com criatividade algumas soluções”, explica.
A relação com o torcedor também será ainda mais estreitada em 2023. Nos últimos meses, o clube lançou o Mundo Colorado, uma plataforma de serviços, entretenimento e informações das coisas do Inter. Barcellos antecipa que no primeiro trimestre será lançado o aplicativo do Mundo Colorado. “Após a melhoria da infraestrutura tecnológica neste ano, em 2023, traremos um conjunto de experiências que vão aumentar os benefícios e aproximar o sócio colorado, entregando ainda conteúdo”, conta.