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ENERGIA

- Publicada em 15 de Dezembro de 2022 às 21:44

Térmica de Rio Grande voltará à pauta de debate em 2023

A outorga do projeto da usina foi revogada pela Agência Nacional de Energia Elétrica em 2017, já que houve atrasos no cronograma das obras

A outorga do projeto da usina foi revogada pela Agência Nacional de Energia Elétrica em 2017, já que houve atrasos no cronograma das obras


/ANEEL/Divulgação/JC
Mesmo tendo vencido um leilão promovido pelo governo federal em 2014 e garantido a venda da sua geração de energia, a termelétrica Rio Grande até agora não saiu do papel. Porém, a discussão sobre o projeto se mantém até hoje e deverá continuar durante o próximo ano.
Mesmo tendo vencido um leilão promovido pelo governo federal em 2014 e garantido a venda da sua geração de energia, a termelétrica Rio Grande até agora não saiu do papel. Porém, a discussão sobre o projeto se mantém até hoje e deverá continuar durante o próximo ano.
Devido a atrasos no cronograma original das obras (a previsão era da operação da planta até janeiro de 2019), que enfrentaram problemas quanto à liberação do licenciamento ambiental na época, a outorga do projeto da usina foi revogada pelo Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em 2017. O projeto abrange ainda uma planta de regaseificação de Gás Natural Liquefeito (GNL) e a instalação de um píer no porto de Rio Grande para a atracação dos navios que trarão o combustível. Essas estruturas somadas representam um investimento superior a R$ 6 bilhões.
A termelétrica é planejada para uma capacidade de 1.238 mil MW, o que corresponde a um terço da demanda média de energia elétrica do Rio Grande do Sul. O grupo gaúcho Bolognesi, que venceu o leilão com a usina, possui atualmente um acordo de transferência dos direitos da térmica para a empresa espanhola Cobra (para essa movimentação ser confirmada é preciso do consentimento da Aneel). O prefeito de Rio Grande, Fábio Branco, se mantém otimista e aposta que o projeto terá um novo ânimo se a agência concordar com o repasse do controle do empreendimento para o Grupo Cobra. Ele ressalta que o órgão regulador do setor elétrico deverá analisar essa possibilidade com mais aprofundamento no próximo ano. "Até então, as notícias eram apenas que estava cassada a outorga", aponta. Branco salienta que há um empreendedor (a companhia espanhola) interessado na iniciativa que tem capacidade técnica e financeira para conduzir o projeto. Além disso, ele recorda que a usina já tem sua licença ambiental emitida.
O prefeito enfatiza que para o complexo ser materializado será obrigatório assegurar a vitória no leilão de 2014 e o contrato de compra de energia. Se a usina precisar ingressar em uma nova disputa, não haveria garantias que sairia bem-sucedida. "Qualquer outro certame é muito arriscado", frisa. O dirigente destaca que, com a térmica, o Rio Grande do Sul alcançaria um elevado patamar quanto à geração de energia elétrica firme (que não oscila com as condições climáticas). Contudo, um dos maiores benefícios da iniciativa seria o excedente do gás natural que seria trazido para alimentar a usina. Branco lembra que o gás que chega ao Estado pelo gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol) já se encontra com uma capacidade muito limitada e a nova oferta poderia alimentar vários empreendimentos industriais.
O advogado da Termelétrica Rio Grande e sócio do escritório STP LAW, Celso Silva, prevê que no próximo ano, judicialmente, haverá evolução quanto ao processo da usina (a discussão sobre o complexo também tramita na Justiça). "E com todas as provas trazidas aos autos, acredito que vamos ter um desfecho positivo (anulando a revogação do projeto na Aneel, validando o leilão realizado e dando continuidade ao projeto)", comenta. Silva reforça que, apesar do tema estar sendo tratado no âmbito legal, ainda não foram abandonadas as negociações administrativas com o órgão regulador para se tentar achar uma solução. Para o advogado, o meio judicial é a chance da reparação de um enorme dano feito contra a gaúcha Bolognesi (que conduziu a iniciativa desde o início e pretende repassá-la ao grupo Cobra). Já conforme uma fonte que acompanha a situação, o grupo Cobra também não quer resolver a questão pelo meio judicial, o que traria dificuldades como, por exemplo, a tomada de financiamento no mercado. O interesse da empresa espanhola, também de acordo com essa fonte, seria solucionar o assunto administrativamente na Aneel, no entanto a agência estaria relutante quanto a esse caminho e há o receio de que a companhia abandone o empreendimento. O presidente da Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura, Paulo Menzel, defende que a térmica de Rio Grande precisa ser confirmada e ele lembra que há um investidor interessado em fazer isso acontecer. "Continua no horizonte, precisa sair", sustenta o dirigente. Para Menzel, a própria Aneel deveria adotar uma posição mais firme sobre essa questão, mas por enquanto o órgão regulador está apenas observando. "Isso é ruim para todos", considera.
 

Energia eólica entrará em novo ciclo

Avaliação de Guilherme Sari é de que entre 2024 e 2027 haja um incremento do setor no Rio Grande do Sul

Avaliação de Guilherme Sari é de que entre 2024 e 2027 haja um incremento do setor no Rio Grande do Sul


/ISABELLE RIEGER/JC
Sem mais limitações no sistema de transmissão, o que dificultava o escoamento da energia a partir do Rio Grande do Sul, e com as oportunidades que surgem de novos aproveitamentos no mar (offshore) e em lagoas (near shore), o horizonte para o setor eólico gaúcho parece promissor. "Estamos em um cenário de mudança, em um momento diferenciado", diz o presidente do Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS), Guilherme Sari.
Para o dirigente, os investidores já enxergaram essa nova condição da infraestrutura gaúcha e devem voltar a apostar na região. "Claro que os processos de investimentos em energia, de qualquer fonte, seguem um ciclo e muitas vezes não é em um ano que vão ser definidos", comenta Sari. Ou seja, não quer dizer que 2023 haverá a inauguração de todas as novas usinas que se tem a perspectiva que sejam construídas.
Resumidamente, o presidente do Sindienergia-RS assinala que o próximo ano apresentará um panorama positivo para que os projetos eólicos aconteçam de fato. "A nossa avaliação é que entre 2024 e 2027 teremos um incremento interessante de energia no Estado", antecipa o dirigente. Atualmente, o Rio Grande do Sul conta com uma capacidade instalada de cerca de 1,8 mil MW eólicos e Sari não descarta que esse número possa dobrar nos próximos quatro anos.
Ele argumenta que a estimativa é que se tenha entre 1,5 mil MW e 2 mil MW em projetos eólicos com outorga e com um desconto de 50% nas Tarifas de Uso dos Sistemas Elétricos de Transmissão e de Distribuição (TUST e TUSD). Contudo, para terem direito a esse subsídio, o dirigente recorda que os empreendimentos têm 48 meses, a partir da outorga emitida pela Aneel, para estarem operando. Para o presidente do Sindienergia-RS, o principal ambiente que garantirá a comercialização dessa geração será o mercado livre (formado por grandes consumidores, que podem escolher de quem vão comprar a energia). Ele detalha que o ambiente regulado (no qual atuam as distribuidoras) não está apresentando demanda e não está demonstrando atratividade quanto a preços.
O presidente do Sindienergia-RS acrescenta que 2023 também deve levar ao avanço da pauta das gerações eólicas offshore e near shore. As questões legais e de mercado sobre esses tópicos devem ficar mais claras. O dirigente crê que o Estado pode se tornar um polo quanto a esse tipo de produção de energia. Nesse sentido, o prefeito de Rio Grande, Fábio Branco, adianta que o município tem condições de se consolidar como um cluster de energia eólica offshore. Ele considera que a questão da geração no mar está mais avançada do que a em lagoas, por já ter projetos que mapearam a costa e exemplos de empreendimentos como esses pelo mundo. "No oceano, eu vejo uma viabilidade com maior rapidez, porque não tem tantos transtornos sociais", argumenta. Já quanto à implantação de aerogeradores na Lagoa dos Patos, o dirigente considera que será necessário mais diálogo.

Governo gaúcho divulga estudo de hidrogênio verde no primeiro trimestre

Inicialmente previsto para ser divulgado em dezembro deste ano, o estudo contratado pelo governo do Estado sobre o potencial do mercado de hidrogênio verde no Rio Grande do Sul será apresentado no começo do próximo ano, provavelmente em janeiro. Para a realização do trabalho foi contratada a consultoria McKinsey & Company, por R$ 4,9 milhões.
O prefeito de Rio Grande, Fábio Branco, adianta que o município da Metade Sul gaúcha deverá ter destaque nessa nova atividade. A localização geográfica da cidade, enfatiza o dirigente, permite que ela se credencie como um dos principais pontos do Estado para o desenvolvimento da produção de hidrogênio. Assim como a condição da geração de energia eólica que pode ser usada para se obter o combustível, Rio Grande conta com o porto para satisfazer as necessidades logísticas dessa operação. "É uma oportunidade muito próxima e estamos atentos porque isso cria uma perspectiva de uma energia moderna, do futuro", diz Branco.
O prefeito afirma que está esperando as conclusões da McKinsey & Company, porém não tem dúvidas que Rio Grande vai ser a prioritária na implantação de um projeto de hidrogênio verde no Estado. "A área de energia é muito promissora para o município", diz. Quanto ao tema, o presidente da Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura, Paulo Menzel, salienta que o Rio Grande do Sul tem um enorme potencial para aproveitar o mercado desse novo produto. Ele adianta que se trata do combustível do futuro, mas adverte que para melhor aproveitar a oportunidade, além da sua produção, é preciso planejar a logística que envolve a operação desse elemento químico.