Guilherme Kolling, de Tóquio
Uma reunião na Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA, na sigla em inglês) abriu o último dia de agendas da missão gaúcha no Japão. O governador Eduardo Leite foi recebido pela vice-presidente sênior da JICA, Saschiko Imoto.
O chefe do Executivo gaúcho apresentou o panorama recente do Estado, onde ocorreram 10 eventos climáticos severos em apenas um ano. Também observou que, com as mudanças climáticas, a tendência é que esse problema se repita. E pediu o apoio da JICA para desenvolver projetos de infraestrutura sustentáveis.
O governador observou que a JICA tem um histórico de apoio a projetos sustentáveis no Brasil, como um que foi realizado na área de saneamento ambiental em Santa Catarina. Leite também demonstrou interesse em tecnologias que ajudem na resiliência e sustentabilidade para o Estado, bem como projetos que tenham financiamento internacional.
A vice-presidente da JICA manifestou solidariedade ao Rio Grande do Sul em virtude das enchentes de maio – demonstração, por sinal, que foi feita por todos os dirigentes japoneses ao início de encontros com a comitiva gaúcha –, e lembrou que o Japão também sofre com os efeitos das mudanças climáticas, que estão contribuindo para que eventos extremos sejam cada vez mais recorrentes.
Saschiko concordou sobre a importância de tomar medidas de prevenção a desastres, salientou a recente declaração conjunta de parceria entre Brasil e Japão pelo desenvolvimento sustentável, em maio, bem como a realização da COP 30, em novembro de 2025 em Belém (PA).
A dirigente da JICA ainda citou projetos de prevenção a desastres no Rio de Janeiro e disse que há expectativa de estender a outros estados brasileiros. E indicou o escritório da JICA em São Paulo, para que o Rio Grande do Sul dê seguimento à agenda realizada em Tóquio.
Com infraestrutura consolidada, gasto do Japão com prevenção de desastres cai
O Japão é um arquipélago que sofre de forma recorrente com eventos como terremotos e fortes chuvas que causam inundações. Apesar disso, o país está reduzindo o percentual de gasto do orçamento em prevenção a desastres. A informação é da equipe técnica da JICA. E isso ocorre não porque o Japão esteja mais pobre, mas, sim, porque há um entendimento de que as necessidades são menores.
O país chegou a investir 10% do seu orçamento em prevenção de desastres no início dos anos 1960, mas esse percentual foi caindo ao longo dos anos e agora está em 4% a 5%. Isso se explica porque a infraestrutura foi construída ao longo de décadas – seja construções resistentes a terremotos, seja diques ou bacias de contenção gigantescas para reter e armazenar a água da chuva quando há grandes precipitações. Com as obras estruturais já consolidadas e funcionando, agora o destino do gasto público está na manutenção do sistema.
Além da reunião na JICA, o governador e secretários de Estado tiveram reunião no Ministério de Economia do Japão, onde apresentaram iniciativas do Rio Grande do Sul na área do hidrogênio verde, combustível que recebe financiamento do governo japonês.
As atividades em Tóquio foram concluídas em reunião com o Distrito de Minato, uma espécie de subprefeitura da capital japonesa, que compartilhou informações sobre monitoramento e alerta de desastres climáticos.
No início da noite, a delegação gaúcha viajou para a China. O voo de quase seis horas para Shenzhen chegou na madrugada desta sexta-feira. A comitiva terá encontros na Huawei e BYD. E no sábado segue para Pequim, onde ocorrerão as agendas dos últimos dias da missão.